Jornal Estado de Minas

DIA DOS NAMORADOS

Quem ama protege: casais de BH dizem sim às máscaras no Dia dos Namorados


O segundo Dia dos Namorados em meio à pandemia do novo coronavírus chegou. Num momento em que a pressão psicológica e emocional aumenta por causa do isolamento social, ter uma companhia pode tornar os dias mais leves.



Mas o amor que une duas pessoas não é capaz de impedir a contaminação de COVID-19. Neste 12 de junho, os beijos não podem ter plateia, os abraços serão entre quatro paredes. Afinal, o vírus não tira folga. Casais dão o recado: fique em casa e, se precisar sair, use sempre a máscara, pois ela salva vidas. E protege o seu amor.
 
O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender, nessa sexta, (11/6) a desobrigação do uso de máscaras para vacinados e recuperados da COVID-19, mas disse que a decisão final será de governadores e prefeitos. “Eu não apito nada”, disse.

Bolsonaro já havia informado na quinta-feira (10/6) que pediu ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um parecer para liberar vacinados e recuperados da doença de usar máscaras. A ideia foi reprovada imediatamente por especialistas, que alertam que mesmo quem foi vacinado ou teve COVID-19 pode transmitir o vírus para outras pessoas. Além disso, os que já se contaminaram podem voltar a se infectar e os vacinados não estão de todo livres  de ter a doença, ainda que de forma mais leve.





A microbiologista Viviane Alves, professora do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, alerta para outros cuidados, como a necessidade de cuidar da higiene das mãos, trocar a máscara em caso de maior tempo de exposição e, independentemente do modelo, é preciso que o acessório esteja bem ajustado ao rosto. Estudos mostram que, caso haja qualquer tipo de folga entre a máscara e a face, perde-se a eficácia em aproximadamente 60% – mesmo que o acessório seja do tipo cirúrgico. “Tem que estar bem ajustada, para que não haja vazamento na vedação. Se houver falha, é como se você não estivesse usando máscara”, explica.

No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro sancionou, com vetos, a lei que torna obrigatório o uso de máscaras em espaços públicos e privados no país. Um dos vetos exclui a obrigatoriedade em estabelecimentos comerciais e industriais, templos religiosos, estabelecimentos de ensino e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas. Mas municípios e estados podem definir obrigatoriedade nesses locais, independentemente da lei federal. Em Minas Gerais, a máscara é obrigatória por lei desde 17 de abril do ano passado. Em Belo Horizonte também há uma lei que regula o uso do acessório. Na capital, quem não cumpre a norma pode ser multado em R$ 100.

Pelas ruas, avenidas e praças de BH, vacinados – ou não – prometem não abandonar o uso da proteção facial tão cedo. Jovens, adultos, brancos, pretos, pobres ou ricos. A COVID-19 não escolhe vítima. Qualquer um está sujeito a ocupar um leito no hospital. Na capital, o índice de ocupação em unidades de tratamento intensivo (UTIs) está em nível vermelho, com taxa de 76,7% das vagas sobrecarregadas. Inseguros para comemorar a data romântica em bares ou restaurantes, parte dos casais prefere ficar em casa.






Daiane e Célio

Depois de três anos e meio de relacionamento, o Dia dos Namorados de Daiane Bruna da Fonseca, de 31 anos, e Célio Venuto da Costa, de 44, não vai deixar de ser especial. Embora já tenham garantido a imunização por viver em situação de rua, os dois não abandonam a máscara nem quando estão abraçados sozinhos na praça. “Não me sinto muito segura mesmo vacinada porque não confio na doença”, ela diz. “O uso da máscara é importante para a nossa proteção e das outras pessoas. É essencial. Acho que quem não usa não tem bom senso nem responsabilidade. Todo mundo tem que usar até o vírus acabar, e se Deus quiser está acabando”, 
ele completa.
 
Eliane e Euderique
 

Eliane e Euderique

O primeiro 12 de junho de Eliane Drum, de 27 anos, desempregada, e Euderique Alves de Andrade, de 28, motoboy, promete ser especial. Os dois se conheceram por meio do aplicativo TikTok e assumiram um relacionamento há 3 meses. Ela, de Caxias do Sul (RS), saiu da cidade e enfrentou cinco horas de viagem para passar a data com o namorado, mas os dois prometem seguir restrições. “Pretendemos sair para algum lugar ao ar livre porque é menos perigoso. Tentamos nos cuidar bastante, sempre usando máscara. Eu ainda não me sinto confortável em ir ao restaurante por causa do coronavírus”, ele diz. “A gente ainda não foi vacinado. Estamos esperando que as coisas melhorem daqui pra frente”, ela acrescenta.

Ana Luiza e André Luiz

Ana Luiza e André Luiz

Dez anos depois de a médica Ana Luiza Silva Müller, de 26 anos, conhecer o empresário André Luiz Pires Machado, de 31, eles resolveram morar juntos. Isso foi uma semana antes de a pandemia se instalar no Brasil. “Tivemos muita sorte”, comenta o rapaz, feliz em dividir os momentos de isolamento social com a namorada. Com a certeza de celebrar o dia em casa, o casal discorda do abandono da máscara. “A gente só sai a trabalho e a máscara ainda tem que continuar, até porque ele ainda não se vacinou e ainda tem 'o todo'. É um absurdo pensar em não usar. Um erro terrível. Sou completamente a favor do uso de máscara, de evitar aglomeração, e defendo que a vacina seja estimulada”, afirma a médica.




 
André e Daniel
 

André e Daniel

André Sarmento, de 21, estudante de engenharia química, e Daniel Medeiros, de 22, motoboy, são um casal bem recente. Os dois estão se conhecendo há pouco mais de duas semanas. Por isso, pensam que ainda é cedo para passar a data juntos, ainda mais num contexto de pandemia. “Vamos ficar cada um na sua casa, com todos os cuidados e evitar aglomerações”, explicam. “Usar máscara é muito importante. A gente não tem comorbidade, somos novos e ainda não fomos vacinados”, diz André, que é contra a abertura de bares. “Atualmente, não é o certo sair ainda”, defende. “Tenho mais medo dos solteiros que vão sair do que dos casados. O povo vai farrear. Quem está solteiro vai procurar o namorado pro ano que vem”, acrescenta o companheiro.
 
Betânia e Marcelo
 

Betânia e Marcelo

“Acho que usar máscara é essencial. Mesmo depois de já ter tido COVID-19 ou sido vacinado. Meu primo morreu de COVID-19, 
ele era mais de idade, eu sei como é a tristeza de perder um familiar”, diz Betânia Ferreira, de 27 anos, auxiliar de almoxarifado, ao lado de Marcelo Henrique, de 32, corretor de plano de saúde. Apesar das dificuldades para se encontrarem durante a pandemia devido às restrições, o casal defende as medidas de preservação da saúde. “Já tomei a primeira dose, me sinto mais segura, mas não é o suficiente”, diz ela, que fez ainda críticas em tom de protesto contra a atuação do governo federal no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
 

Flávia e Edervaldo

 

 

Flávia e Edervaldo

 

Por causa da pandemia, Flávia Silva, de 34 anos, analista administrativo, e Edervaldo Silva, de 35, profissional de armazenagem, vão comemorar a data em casa. “Não dá para sair, ainda mais com essas novas variantes, fica mais complicado ainda.” Juntos há dois anos, ela já foi vacinada por comorbidade, mas ele ainda não se imunizou. “A máscara é indispensável. Se possível, eu uso até duas”, ela diz. Contrário à afirmação de Bolsonaro, Edervaldo, que é tímido, dá lugar para a esposa justificar. “Quanto mais o vírus circula, mais cria mutação. Corre o risco de surgir outra variante e a gente parar na UTI ou até morrer. Não tem como abandonar a máscara enquanto não tem 90% da população vacinada”, ela argumenta.




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