Alegria, alívio e protesto. Depois de um ano e três meses que a pandemia do novo coronavírus se instalou no Brasil, a vacina contra a COVID-19 começa a chegar para novas faixas etárias como uma dose de conforto. Na última semana, receberam o imunizante os adultos sem comorbidades entre 56 e 59 anos.
A vacina, que foi aplicada a partir da segunda quinzena de janeiro, passou por uma longa fila de prioridades até chegar ao chamado “público geral”. Em Belo Horizonte, esses adultos dividiram sentimentos antagônicos ao garantir sua primeira gota de esperança.
A vacina, que foi aplicada a partir da segunda quinzena de janeiro, passou por uma longa fila de prioridades até chegar ao chamado “público geral”. Em Belo Horizonte, esses adultos dividiram sentimentos antagônicos ao garantir sua primeira gota de esperança.
O Estado de Minas ouviu a voz desses que se sentem aliviados, mas que pressionam autoridades pela aceleração da campanha. Embora felizes, muitos belo-horizontinos que saíram de casa para se imunizar reclamaram da demora no avanço dessas etapas e protestaram contra o governo federal.
A última atualização por faixa etária havia sido para idosos acima de 60 anos – liberada em 3 de maio. Ou seja, cinco semanas foi o tempo que aqueles de 56 a 59 anos aguardaram para ser incluídos na campanha por idade.
A última atualização por faixa etária havia sido para idosos acima de 60 anos – liberada em 3 de maio. Ou seja, cinco semanas foi o tempo que aqueles de 56 a 59 anos aguardaram para ser incluídos na campanha por idade.
Nesse período, foi dada prioridade a pessoas com comorbidades, com deficiência permanente, em situação de rua, população privada de liberdade e os funcionários do sistema prisional, trabalhadores da educação, forças de segurança e salvamento, Forças Armadas.
Além dos adultos sem comorbidades, na semana passada foi também o início da vacinação para motoristas do transporte coletivo municipal e cobradores, trabalhadores da limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, além de funcionários do sistema metroferroviário e caminhoneiros.
Além dos adultos sem comorbidades, na semana passada foi também o início da vacinação para motoristas do transporte coletivo municipal e cobradores, trabalhadores da limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, além de funcionários do sistema metroferroviário e caminhoneiros.
Desde 18 de janeiro, quando a primeira vacina foi aplicada em Minas Gerais, a ansiedade de milhares de mineiros em espera só aumenta.
Cinco meses depois, seguindo o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação do Ministério da Saúde, 25,24% do público-alvo no estado recebeu a primeira aplicação. Desses, 11,79% obtiveram a segunda dose.
Cinco meses depois, seguindo o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação do Ministério da Saúde, 25,24% do público-alvo no estado recebeu a primeira aplicação. Desses, 11,79% obtiveram a segunda dose.
Na capital mineira, o número está mais avançado do que na média do estado. Segundo a prefeitura, 46,6% dos belo-horizontinos receberam a primeira dose e, desses, 20,1% garantiram a segunda dose.
Com os dados atualizados na sexta-feira (11/6), 38.566 pessoas na faixa etária dos 55 aos 59 anos foram imunizadas na última semana.
Com os dados atualizados na sexta-feira (11/6), 38.566 pessoas na faixa etária dos 55 aos 59 anos foram imunizadas na última semana.
Projeção para a vacinação
Na terça-feira, o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, deu esperança aos mineiros acima de 50 anos. “Até o final deste mês, a gente acredita que a vacinação de 50 anos seja uma realidade no estado”, afirmou.
O secretário de Saúde de BH, Jackson Machado Pinto, afirmou, na quarta-feira, que o avanço da campanha depende da entrega de novas doses pelo Ministério da Saúde.
“Não sei dizer se vamos vacinar todo mundo até o fim do ano ou se vai ser até agosto”, disse o chefe da pasta. Ele garantiu que a capital tem capacidade de imunizar 50 mil pessoas por dia. “Se o Ministério da Saúde nos mandar um milhão de doses, nós teremos 20 dias para aplicá-las”, estimou.
“Não sei dizer se vamos vacinar todo mundo até o fim do ano ou se vai ser até agosto”, disse o chefe da pasta. Ele garantiu que a capital tem capacidade de imunizar 50 mil pessoas por dia. “Se o Ministério da Saúde nos mandar um milhão de doses, nós teremos 20 dias para aplicá-las”, estimou.
Com a palavra, os cinquentões
» Marcelo Borges, 58 anos
“Ter vacina e vir receber é uma satisfação muito grande. É uma coisa que já deveria estar sendo feita desde o ano passado. É direito de todo brasileiro e é com muita alegria que eu recebo o meu. Estava muito ansioso porque a gente vê pessoas perdendo familiares por falta de um governo que invista e que compre vacina para o país, como outros fizeram. Infelizmente, no Brasil sofremos esse negacionismo da vacinação.”
» Gilmar Antônio, 58 anos
“Eu estava preocupado. Moro com minha esposa, filhos e netos e fiquei com medo de alguém pegar a doença. Tem muita gente morrendo. Então, tomar a vacina é melhor. Estou ansioso, mas também tranquilo. Acho que não demorou muito para chegar a minha vez. Se deram prioridade para outras pessoas é porque estavam precisando mais. E agora a expectativa é que melhore para todo mundo.”
» Cledison Fernandes, 58 anos
“Estava muito ansioso e com grande expectativa. Eu achei que, devido às questões políticas do país, só iria conseguir ser vacinado no final do ano. Sou advogado, não parei de trabalhar e tive muito medo de pegar o vírus porque o máximo de precauções que tomamos ainda é pouco. Eu tive cliente que tomou todos os cuidados possíveis, era saudável e veio a óbito. A gente fica entregue à sorte, ainda mais que na minha casa são cinco pessoas, incluindo minha mãe. Então, eu fico mais aliviado.”
» Jaime Luciano da Silva, 57 anos
“É um alívio muito grande por estarmos em um período muito difícil de pandemia. Perdi vários amigos e alguns familiares. Para mim, agora é um sossego, fico até emocionado de estar passando por isso. Demorou um pouco para chegar na minha idade, mas, graças a Deus, estou aqui hoje para receber esta primeira dose.”
» Hilton Irias da Silva, 57 anos
“Para mim, é uma alegria muito grande receber esta primeira dose porque a gente fica naquela ansiedade, vendo também muita gente doente e morrendo. Demora para chegar nossa idade, mas quando chega, é uma maravilha, um alívio. Assim que deram início à vacinação, demorou para avançar, mas agora o andamento está bom. Eu sou mecânico, então, não parei nenhum dia de trabalhar e estava com muito medo porque atendemos muitas pessoas por dia.”
» Vagner Ribeiro, que se vacinou com o irmão gêmeo Victor, 57 anos
“É a experiência que todos esperam. A gente tem de ficar livre o mais rápido possível desse vírus. Poder vir nós dois aqui é uma alegria muito grande, um marco na nossa história. Demorou um pouco para chegar na nossa idade, mas a gente entende que outras pessoas teriam maior urgência de tomar a vacina.”
» Ana Tavares, 59 anos
“É uma sensação de alívio, de vitória, porque tem sido muito difícil. A gente já poderia ter sido vacinado há muito tempo, mas temos o presidente com este negacionismo dele. Mas também acho que se a população colaborasse mais, não teria morrido tanta gente como morreu. Então, espero que a vacina chegue para todos.”
» Maria Helena, 58 anos
“Eu estava superansiosa e acho que eu já deveria ter sido vacinada, mas essas questões políticas atrapalharam. Deveriam ter iniciado a vacinação ano passado, apesar de não ter vacina para todos. Mas o que você faz? Sai do país para ser vacinado? Impossível. Hoje eu estou feliz de me vacinar, mas tenho medo das reações da AstraZeneca. Dizem que está dando reações, desde dores no braço até questões de trombose, por isso eu queria tomar a da Pfizer.”
» Valmira Alves Santos, 58 anos
“A ansiedade estava demais, porque a cada dia que passa a situação vai ficando mais complicada e a gente está tendo que ficar presa dentro de casa. Com a vacina eu fico um pouco mais tranquila, dá pra poder ir ao supermercado e fazer compras com menos medo. Eu acho que minha vez veio no tempo certo. Se não fosse essa problemática da política, já era pra todos nós termos sido vacinados, mas fica essa guerra de político que não compra a vacina logo e nós que sofremos com isso.”
» Regina Moutinho, 58 anos
“Eu estava muito ansiosa e com medo de pegar essa doença. Eu não estou trabalhando, mas moro com meu filho, que está, e tive medo de ele trazer esse vírus para nós. A gente precisa se proteger e com a vacina eu fico mais tranquila. Achei que ia demorar mais para chegar minha vez.”
» Eliane Magela Costa, 57 anos
“Estou ótima, superfeliz de receber esta vacina, porque esperamos tanto tempo por isso. Cuido de duas crianças e estava com muito medo de pegar a doença e passar para elas. Acho que demorou pra chegar minha vez, eu fiquei muito ansiosa. Agora, tou doida para tomar a segunda dose e ficar mais tranquila.”
» Sandra Maria Duarte, 57 anos
“Está sendo uma experiência muito válida e eu acho que está todo mundo ansioso para este acontecimento, e eu também, com certeza, estava. Graças a Deus, já finalizei pelo menos a primeira etapa. Acho que não demorou muito para chegar na minha idade. Pensei que seria chamada para ser vacinada mais pra frente e fiquei surpresa de ver que seria nesta semana. Aguardando agora o dia 1º de novembro para receber a segunda dose.”
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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