Quatro policiais civis de Unaí, no Noroeste de Minas, são suspeitos de integrar um esquema de fraudes em vistorias de veículos na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran).
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Ao todo, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão e 13 de prisão preventiva. Nas buscas realizadas foram apreendidos diversos documentos, aparelhos eletrônicos, celulares e outros objetos relevantes para a investigação.
As investigações começaram no final do ano passado, depois que alguns delegados de Unaí apresentaram algumas provas que indicavam o esquema.
Além dos mandados de prisão, a Justiça também pediu o afastamento do delegado regional de Unaí e de uma investigadora durante as investigações.
Como funcionava o esquema?
Segundo os promotores Guilherme de Castro Germano, Luiz Pablo Almeida de Souza e Nilo Virgílio dos Guimarães Alvim, diversos veículos tiveram as vistorias aprovadas mesmo com irregularidades, sendo que outros nem sequer passaram pelo processo.
Nos documentos, apenas eram juntados os decalques do chassi e do motor, que também são obrigatórios, mas mais difíceis de falsificar.
Essa "vista grossa" era feita com o pagamento de propina pelo condutor do veículo aos policiais civis, por intermédio dos despachantes.
“Evidentemente que não submeter veículos ao crivo de uma vistoria traz sério risco à segurança viária, uma vez que não são conferidos itens básicos de segurança”, destacam os promotores.
Ainda de acordo com as investigações, foi verificado que alguns despachantes e particulares recebiam tratamento privilegiado, com a emissão de documentos agilizada, vistorias feitas até em outros estados, além da inserção de dados falsos no momento da emissão de documentos.
Os despachantes que faziam parte do esquema também tinham privilégios, conseguindo vagas para vistoria, independentemente de agendamento, ou então sendo avisados antes dos outros sobre a abertura de vagas.
Os envolvidos no esquema vão responder por corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, tráfico de influência, organização e associação criminosa. Somadas, as penas podem chegar a 20 anos de prisão.
Sobre os policiais civis envolvidos no esquema, a Polícia Civil afirma que todas as medidas criminais e administrativas serão tomadas.
"A PCMG não admite desvios de conduta, assegurando total independência nos trabalhos correcionais", concluiram.
"A PCMG não admite desvios de conduta, assegurando total independência nos trabalhos correcionais", concluiram.
O nome da operação
Em inglês, "fast pass" quer dizer "passagem rápida", que é uma forma de exemplicar o que acontecia no Ciretran, segundo o MPMG.
O tratamento diferenciado a quem paga a mais pelo serviço, em locais de diversão como parques e cinemas, é comumente denominado de "fast pass".
“Tal prática no serviço público não deve ser tolerada sob pena de violação a vários princípios constitucionais, dentre eles o da igualdade e probidade administrativa”, afirmam os promotores.