No lugar de uma paisagem cinza, o colorido da arte. A visão das obras da Catedral Cristo Rei, no Bairro Juliana, Região Norte da capital, não é mais a mesma. Nove artistas convidados pela Arquidiocese de Belo Horizonte preencheram o tapume com desenhos que transmitem mensagens de solidariedade, fé e esperança durante o festival “Mural Solidariedade e Gentileza”, realizado neste sábado.
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“Nada mais bonito do que a arte, ela impacta o coração. Que as pessoas primeiro vejam o belo e depois abram o coração para gestos e ações concretas de solidariedade, ao mesmo tempo que se encham de esperança por meio das cores deixadas pelos artistas”, diz o padre Alexandre Fernandes, da paróquia de Bom Jesus do Vale, em Nova Lima, e parte da equipe de religiosos que ajudam a catedral.
Além de levar cores e mensagens inspiradoras para o tapume, o festival, de acordo com a Arquidiocese, representa o propósito da Catedral Cristo Rei que, mesmo em obras, já atua muito em projetos solidários. Um deles é o “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Voluntários preparam centenas de refeições toda semana em uma cozinha industrial lá dentro e distribuem para famílias desamparadas.
Mãos ofertando alimentos
Com o tema “doação” em mente, a grafiteira e artista visual Carol Jaued desenhou mãos que oferecem algum tipo de alimento ao outro. Segundo ela, o pão, que está bem presente no contexto religioso, faz referência à ação de repartir, enquanto a laranja representa o que vem da terra e a sopa simboliza o ato de cozinhar para se doar ao próximo.
Explorando as cores, Carol quer trazer um novo olhar e muita vivacidade para as obras da catedral, assim como fazer o público refletir sobre o ato de doação. “Doar vai muito além da comida e de coisas materiais, envolve um sentimento muito mais profundo, de saber dividir. O pouco pode ser muito para muitas pessoas”, aponta a artista.
O pássaro que distribui flores por onde passa é obra do artista Binho Barreto. As flores, como ele explica, representam pensamentos e emoções positivos, capazes de melhorar a vida das pessoas, como amor, compaixão e solidariedade. “Estamos vivendo momento, para além da pandemia, de depressão e crise de ansiedade e acho importante trazer um pouco de leveza, otimismo e delicadeza.”
O painel dele, totalmente colorido, contrasta com o cinza de uma avenida de circulação rápida e transporte pesado, carregada de poluição. “Por achar que a vida urbana é muito pesada e que a cidade está afastada da natureza, naturalmente gosto de criar um contraponto ao excesso de concreto, ferro e falta de verde. Levo um respiro para as pessoas, mas sempre de forma crítica e nunca alienante”, pontua.
Incentivo à cultura
Os murais também reforçam a missão da catedral de incentivar a cultura. Lá, serão ofertados, por exemplo, cursos de música e mosaico. Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, fechou parceria com o Instituto Oriental Centro Aletti, em Roma, que já recebeu muitos padres brasileiros, para ensinar a técnica dos mosaicos a comunidades de baixa renda.
A intenção da Arquidiocese é manter o trabalho dos artistas no tapume até o fim das obras, ainda sem previsão, já que segue o ritmo das doações. A construção começou em 2013 e é realizada em etapas. No momento, o trabalho se concentra no ambiente onde será a nave, com o nome Tenda da Paz, que ficará no ponto mais alto da edificação, no centro da Praça das Famílias.
A expectativa é que a Tenda da Paz já possa receber fiéis no ano que vem, durante as celebrações do Ano Jubilar Centenário da Arquidiocese de Belo Horizonte, que começou em fevereiro deste ano.
Conheça os artistas
Binho Barreto
@binhobarreto1
Carol Jaued
@carolinajaued
Stephany Fênix
@fenixartivista
O Barba
@barba.arte
Nica Dias
@pequeninica
Hely
@artefavela
Sérgio Ilídio
@sergio_ilidio
Tot
@totpdfcrew
Tão
@taozimcosta