Belo Horizonte será a primeira cidade do Brasil a ter um Instituto Médico Legal Veterinário. O local tem como objetivo identificar animais vítimas de maus-tratos, a partir da perícia técnica, para que seus agressores sejam punidos de acordo com a Lei Sansão (Lei Federal nº 14.064/2020), que prevê pena de até 5 anos de reclusão para casos de ataques ou assassinato.
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Homem é preso suspeito de matar a companheira na presença dos filhos em BHComeça audiência internacional de atingidos de Mariana contra a BHPVolta gradual à sala de aulaComplexo Veterinário de BH receberá investimento de R$ 5 milhõesVeja quais serviços vai oferecer o novo Centro Médico Veterinário da UnaHospital Público Veterinário faz parceria com Uni-BH e recebe ambulância Operação mira sonegação fiscal e lavagem de dinheiro em grife de luxo de BHDe acordo com Alexandre Soares da Ong Patas para Você, responsável pelo projeto, o Instituto viabilizará a aplicação efetiva da Lei que foi inspirada no ocorrido com o cachorro Sansão, da raça pitbull, que teve suas patas traseiras arrancadas por agressores com o uso de um facão, em julho de 2020. O caso ficou famoso nas redes sociais e foi alvo de diversas manifestações a favor de normas mais severas contra atos cruéis a animais.
“A Lei Sansão precisa de um Instituto Médico Legal Veterinário para ser aplicada. Ela sozinha é difícil ser empregada porque a pessoa que maltratou ou matou um cachorro pode mexer na cena do crime ou desaparecer com o cão, o que perde a materialidade e às vezes não consegue provar a autoria do crime”, relatou.
Dados da PCMG apontaram que entre janeiro e novembro de 2020 as denúncias de maus-tratos contra animais cresceram 37% em Minas Gerais. Para Alexandre, a criação do espaço possibilitará que mais pessoas saibam para quem e onde procurar quando se deparar com a situação de violência animal.
Além do apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a iniciativa será realizada em parceria com a Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa-MG). O vice-presidente da entidade e professor da Uni-BH, Aldair Pinto, disse que o Instituto é fundamental para ajudar no processo de denúncia e penalização dos crimes.
“Se a gente tem um hospital público para isso e um IMVL, nós criamos um grande complexo veterinário que dá dignidade à situação dos animais. Nós temos visto que Belo Horizonte e Minas Gerais são referência neste tipo de tratativa com animais. Por exemplo, aqui em BH existe uma Delegacia do Meio Ambiente, que é exclusiva para crimes contra animais, coisa que não existe em outros estados ou cidades. Dentro da Delegacia temos peritos e investigadores que são médicos veterinários, e isso é muito bom. Assim criamos um vínculo e uma rede de trabalho”, afirmou.
O médico veterinário é quem coordenará o trabalho de exame de corpo de delito e necropsia dos cachorros, gatos e outros bichinhos feridos que chegarem ao local. Para ele, o Instituto significa maior garantia que os direitos dos animais serão cumpridos na capital. “A importância da construção do IMVL que, além de ser dentro do hospital público, envolve a questão de socorrismo e resgate. Criaremos um ambiente exclusivo para tratar as questões animais de maneira muito mais digna e ética”, disse Aldair.
A data de inauguração do IMVL ainda não foi definida. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por meio de sua Gerência de Defesa dos Animais (GEDAN), o espaço está em fase de concepção de desenvolvimento. “No momento, a Secretaria articula a destinação de recursos oriundos de compensação ambiental para implantação de estrutura básica para suportar ações que irão apoiar o trabalho”, afirmou a pasta em nota.