Jornal Estado de Minas

RETORNO

Crianças entre 6 e 8 anos voltam às aulas na rede municipal de ensino em BH


Escolas municipais de Belo Horizonte retomaram as atividades presenciais na última segunda-feira (21/6), conforme definição da Prefeitura, por meio de decreto. São alunos entre o 1º e 3º ano do ensino fundamental, com idades entre 6 e 8 anos. A volta para os mais velhos, até os ciclos finais do ensino fundamental, está organizada para acontecer até o início de agosto. Para isso, as instituições de ensino devem observar os protocolos de segurança de prevenção ao coronavírus, sendo o critério principal, segundo a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte (SMDE), o distanciamento mínimo de dois metros entre cada estudante.



O retorno ocorre depois de um longo período de afastamento das escolas, desde o início da pandemia, em 2020, e por isso mesmo a expectativa é grande entre as crianças, os professores e as famílias. Ainda assim, a decisão sobre mandar os pequenos de volta para a sala de aula cabe a cada um.

Na Escola Municipal Professor Domiciano Vieira, localizada no bairro Horto, Região Leste de Belo Horizonte, os estudantes dessa faixa estão de volta. Para o retorno às aulas, a instituição de ensino tem se preparado, segundo a diretora Shirley Cristina Vieira Lana, desde março do ano passado, quando a PBH optou pela paralisação do funcionamento escolar em razão da pandemia de COVID-19.

Desde então, as reformas se tornaram parte da rotina. "Estamos nos preparando para esse momento desde o início da pandemia, com ajustamento dos espaços. A prefeitura enviou todos os insumos necessários, equipamentos de higiene e segurança. Fizemos também o esvaziamento da escola, tirando todos os equipamentos e materiais desnecessários para deixar a escola limpa."



Medidas necessárias para conter o avanço da pandemia foram adotadas, como marcação para distanciamento, aferição de temperatura, uso obrigatório de máscara e a recomendação para a higienização das mãos. Além disso, conforme Shirley, almoço e lanche são servidos dentro de sala. Para evitar mais contatos, os materiais para estudo são deixados em sala, enquanto os deveres são feitos em um livro entregue aos pais.

Almoço e lanche são servidos dentro de sala (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

"Os protocolos são os divulgados pela prefeitura. Basicamente, o distanciamento de dois metros, o uso do álcool em gel, aferição da temperatura, alimentação em sala de aula e uso de máscara. Nós fizemos uma divisão para os estudantes, porque a proposta pedagógica da prefeitura é o ensino remoto e com ampliação para atendimento presencial. No nosso caso, conseguimos nos organizar de forma a atender os meninos duas vezes por semana, cada agrupamento, durante quatro horas por dia", comenta Shirley Lana.


Expectativa é ampliar para todos alunos


Gabrielle Gonçalves, de 6 anos, aluna no 1º ano, retornou aos estudos nessa quarta-feira e mostra sua animação com a volta ao lado da avó, Sheila (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Conforme Shirley, a expectativa agora é poder, em breve, disponibilizar esse atendimento presencial para todos os alunos da escola, assim como para a pequena Gabrielle Gonçalves, de 6 anos, aluna no 1º ano, que retornou aos estudos nessa quarta-feira (23/6). Nesta quinta-feira (24/6), foi o segundo dia de retorno às salas de aula, e ela está bem animada em poder aprender presencialmente, frente a frente com as professoras. "Quero estudar e, logo mais, brincar com meus colegas", declarou a neta da faxineira Sheila Cândida Caetano, de 49.



"Muito bom esse retorno. Excelente, na verdade. A Gabrielle está animadíssima. Se Deus quiser, ela vai aprender muita coisa boa. E eles (funcionários da escola) são excelentes. Nos sentimos seguros, porque todos os protocolos nos passam segurança. As crianças estão seguras lá dentro. Não tenho nada a reclamar", diz a avó.

Para a estudante Laura Maria, de 22, mãe do pequeno Pedro Augusto, de 7, atualmente irregular entre os 1º e 2º anos do ensino fundamental I, a sala de aula será um ambiente de aprendizagem melhor que o lar. "Fico preocupada, porque ele é de risco por causa da bronquite. Mas, tendo todos os cuidados, usando a máscara e o álcool em gel, não vejo problema. Ele está muito atrasado, então estou bastante animada com esse retorno. E isso vai ser muito importante para ele, até porque é filho único. Na escola, com outras crianças e a professora, vai poder se desenvolver mais. Só a aula online é muito difícil", destaca a jovem.

Laura Maria, mãe de Pedro Augusto, de 7 anos: "Só aula on-line é muito difícil" (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Pedro se mostrou animado com o retorno, assim como Thalles Botelho, de 6. "Em casa, estava com dificuldade. Voltando às aulas, vai ficar mais fácil, ainda mais que ele está na fase do aprendizado de leitura e escrita. Acho que vai ficar bem melhor. Na verdade, é a primeira experiência dele na escola. Logo que começou veio a pandemia, é mais de um ano sem ter esse contato. Ele está vindo em rodízio. Pretendo mandá-lo para a escola sempre que possível", comenta a avó e funcionária pública Nina Botelho, de 57, responsável pelo pequeno.



De volta à sala de aula

As aulas para o ensino infantil já foram retomadas desde maio. Depois do 1º e 3º anos do ensino fundamental, o que acontece no momento, será a vez dos alunos dos 4º e 5º anos, entre 9 e 11 anos de idade, a partir de 5 de julho (nesta fase agrupando 80% de todos os estudantes em escolas municipais na capital) e, em 5 de agosto, serão convocados na etapa final alunos do 6º ao 9º anos do ensino fundamental, a partir dos 12 anos de idade. É o que informa a subsecretária de educação de Belo Horizonte, Natália Araújo.

Em BH, das 323 escolas municipais que existem na cidade, 317 estão funcionando, segundo Natália Araújo. "São seis escolas fechadas, mas apenas porque atendem exclusivamente o 3º ciclo do ensino fundamental, os últimos anos, que ainda não entraram na escala de retorno", explica.

Todos os protocolos de segurança quanto ao coronavírus precisam ser respeitados, conforme orientações que constam no site da PBH, observando todas as fases de ensino, até o ensino superior, como distanciamento mínimo de dois metros, entradas revezadas, e manutenção do ensino remoto para quem optar não mandar o aluno de volta à escola, entre outras diretrizes. Conforme esclarece a subsecretária, não há limite pré-definido do número de estudantes por sala - o importante é observar a distância recomendada entre as carteiras.



"Optamos por não autorizar a volta de todas as faixas etárias ao mesmo tempo, porque é preciso um período de adaptação de alunos e escolas aos novos modelos", diz a subsecretária. Em Belo Horizonte, são 80 mil alunos na rede municipal na educação infantil, sendo 40 mil entre 6 e 8 anos.

As crianças no momento são atendidas pelas escolas em esquema de revezamento. Cada uma comparece à unidade de ensino em média entre duas e três vezes por semana, com quatro horas diárias de permanência, e o restante da carga horária que deve ser respeitada a cada ano, conforme legislação, continua sendo ofertada por ensino remoto.

Como lembra Natália, essa carga horária é de 800 horas anuais, sendo 20 horas semanais. Diante da situação peculiar com a pandemia, foi determinado em lei que a carga horária de 2020 se juntasse à de 2021, podendo ser concluída no fim deste ano com 1,6 mil horas totais. É como se o ano letivo de 2020 continuasse agora. "Em Belo Horzionte já conseguimos encerrar a carga horária necessária para fechar 2020 em maio, em praticamente todas as escolas da rede municipal", conta Natália.



Na última semana, a Prefeitura definiu os direcionamentos para as atividades presenciais para as escolas na cidade, porém considerando somente a faixa etária até os 14 anos. Agora, conforme determinação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Executivo municipal tem 10 dias para elaborar e divulgar os protocolos para a volta gradual às aulas presenciais em BH, contemplando todos os alunos. A determinação do MPMG aconteceu nessa quarta-feira (23/6) e foi levada a público nesta quinta-feira (24/6). Se descumprida, está prevista multa de R$ 50 mil por dia a ser impetrada ao município.

 

 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram

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