Jornal Estado de Minas

NA VIA ANHANGUERA

Áudio mostra tensão de motorista de carreta durante tentativa de assalto

Um motorista de uma carreta, de Belo Horizonte, carregada com ferro-gusa, sofreu uma tentativa de assalto na manhã desta quinta-feira (24/6), em São Paulo. Como, no momento, ele conversava com outro motorista por WhatsApp, por meio do bluetooth do caminhão, os minutos de tensão ficaram registrados na conversa. 



O motorista conta que estava em uma alça de subida da Via Anhanguera, que desafoga no rodoanel, quando um caminhão-baú à sua frente começou a reduzir cada vez mais a velocidade.

Ele pensou que talvez houvesse algo errado com o caminhão-baú e, quando ia ultrapassá-lo, foi abordado por um veículo sedã preto, com os vidros bem escuros.

O motorista afirma ter ficado confuso com a abordagem, pois no carro havia um som parecido com uma sirene misturada a uma buzina (que é possível ser ouvida no áudio).

Ele conta que um dos vidros do carro se abriu e um jovem magro, de boné, colocou metade do corpo para fora da janela e apontou uma arma em sua direção, fazendo sinal para que abrisse a porta da carreta.

Assustado, o motorista tentou escapar, jogando o caminhão para cima do carro, causando danos ao veículo, que desistiu da abordagem e manobrou em um ponto da rodovia que permitia o cruzamento para a outra mão. Não foi mais visto.





Confira o áudio:
 
 

Histórico de roubos assola caminhoneiros

O motorista conta que havia carregado a carreta com ferro-gusa em Divinópolis, Centro-Oeste de Minas, na tarde dessa quarta-feira (23/6).

Ele afirma ter sido a terceira ocasião em que viu a morte de perto, na profissão. Em uma delas, chegou a ficar amarrado, em um cativeiro, durante uma noite inteira até ser solto pelos bandidos.

Em outra, foi amarrado dentro do próprio caminhão. Segundo ele, a intenção dos assaltantes, na maioria das vezes, é levar o cavalo (como é chamada a parte da cabine com o motor) da carreta, mas que a tecnologia utilizadas pelas empresas não permite mais esse tipo de roubo, pois os veículos possuem bloqueio, trava e controle de rota por GPS com rastreamento.
 
Muitas vezes, como já aconteceu com colegas dele, os motoristas são torturados para que revelem como desabilitar os mecanismos de segurança e rastreio.

"A gente não tem essa informação. Somos apenas funcionários, a empresa não passa isso pra gente. Já pensei em desistir dessa profissão várias vezes, mas tenho a minha família para sustentar, uma filha pequena, tenho que seguir em frente", emociona-se.

Ele conta que de 150 carretas da empresa onde trabalha apenas três "cavalos" foram roubados devido às novas tecnologias de proteção da frota.

"O que falta é a proteção para os motoristas", lamenta.






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