Com a chegada do inverno rigoroso em Minas Gerais, as pessoas em situação de rua são algumas das que mais sofrem com esta estação. Pensando nisso, os detentos da Penitenciária Nelson Hungria, localizada em Contagem, estão confeccionando toucas e cachecóis para pessoas em situação de vulnerabilidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A iniciativa da ação foi da diretora da Escola Paulo Freire, que fica dentro da penitenciária.
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A entrega dos materiais aos moradores de rua será por meio de uma parceria com o grupo Estação do Amor, iniciativa voluntária que atua na arrecadação de alimentos, produtos de higiene e demais itens para os menos favorecidos. A doação será realizada na manhã de domingo (4/7).
Já a entrega ao lar de idosos será realizada pelas equipes da escola que funciona dentro da unidade prisional, juntamente com servidores da penitenciária, na próxima sexta-feira (9/7). As últimas unidades de toucas e cachecóis foram confeccionadas no dia (26/6), para serem entregues à distribuição.
O Tecendo com o Coração surgiu após proposta do Estado de proporcionar uma atividade solidária aos alunos de todas as escolas estaduais mineiras. Com isso, a diretora Valdicéia Pavione, da Escola Estadual Paulo Freire, localizada dentro da penitenciária, teve a ideia da produção de toucas e cachecóis.
“O indivíduo que está dentro de um presídio ou penitenciária muitas vezes sofre discriminação, preconceito. Porém, nós queremos mostrar para a sociedade que ele também é capaz de pensar no próximo. São seres humanos que estão lá, que têm a capacidade de ajudar”, afirma Valdicéia.
Para Breno, o projeto traz uma sensação de pertencimento à sociedade: "É a oportunidade de mostrar que estamos transformando e estamos transformados”, afirma o detento.
A confecção teve início no dia 19 de junho deste ano na sala de aula. Posteriormente, as peças continuaram a ser produzidas pelos alunos dentro das celas. A adesão ao projeto foi totalmente voluntária, sem remição de pena.
O diretor de Atendimento e Ressocialização da penitenciária, Ury Ribeiro, destaca a importância da atitude no contexto da unidade. “É nítida a mudança que eles tiveram após o início da produção. Estão muito empenhados e com vontade de ajudar e fazer bem ao próximo, tanto é que produziram muito dentro das celas e não apenas na sala de aula. Eles se sentem felizes e prestigiados por poder contribuir com a sociedade. Nossa intenção é que os trabalhos permaneçam e sejam ampliados ainda mais”, afirma.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira