Jornal Estado de Minas

COVID-19

No outono/inverno, atendimentos de sintomas de COVID-19 disparam em BH

Um ano mais frio, com recordes de baixas temperaturas desde março, no início do outono, aliado ao platô mais grave da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) com a chegada das variantes agressivas em Minas Gerais e em Belo Horizonte. Esses ingredientes, segundo especialistas e o poder público, fizeram disparar em 2021 os testes e consultas que investigam casos de COVID-19. Várias condições respiratórias comuns nesta época têm os mesmos sintomas.



Por enquanto, estão descartados os riscos de sobrecarga e colapso do sistema. Mas já se registra maior tempo de atendimento, filas e concentração de pessoas sintomáticas buscando diagnóstico. Por outro lado, é baixa a adesão a vacinação contra a gripe.

Só os atendimentos a doenças respiratórias nos Centros de saúde de Belo Horizonte, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), saltaram 74%, passando de 109.699, entre janeiro e junho, para 190.991, entre janeiro e 21 de junho deste ano.

A média diária de atendimentos respiratórios no primeiro mês do inverno, junho, foi de 815 procedimentos municipais, sendo já superado em 11,3% nos 21 dias observados do mesmo mês, apresentando um volume médio de 907 procedimentos com pacientes diariamente.



Lavando-se em conta apenas os meses de outono e inverno (março a junho), os tradicionalmente mais proprícios a doenças respiratórias com sintomas muito semelhantes à COVID-19, o aumento é de 70%, passando de 83.284 atendimentos em BH em 2020 para 141.795.

A quantidade de exames demandados pelas pessoas com sintomas gripais tem exigido reforços para atendimentos, coletas e testes, com muitos locais de coleta apresentando volume intenso de pacientes dependendo dos horários, seja em setores privados ou públicos.

A infectologista Melissa Valentini, do Grupo Hermes Pardini, diz ser compreensível esse comportamento nesta época - sobretudo com as temperaturas ainda mais baixas. "As pessoas ficam muito preocupadas com a COVID-19, mas estamos no inverno e na época de outras viroses respiratórias. O ideal, em pacientes sem comorbidade, é fazer um atendimento online inicial. Para pacientes idosos e com comorbidade, avaliar caso a caso", indica a médica.



Se o teste for necessário, deve ser realizado três dias após os primeiros sintomas. "O ideal seria fazer o teste de RT-PCR (coleta de amostra das secreções respiratórias para detectar a presença do material genético viral por meio de cotonetes estéreis inseridos no fundo do nariz e da garganta) para COVID-19 e também para as outras infecções virais mais comuns, como influenza e vírus sincicial respiratório", afirma a infectologista Melissa Valentini.

Frio recorde traz mais doenças com sintomas parecidos com os de COVID-19 (foto: Jair Amaral/EM/D.A.Press)
Se de um lado os sintomas gripais ampliaram a procura por exames de COVID-19, não animaram ainda o público-alvo da campanha de vacinação contra a influenza ou gripe comum. A expectativa da secretaria de estado de Saúde de Minas Gerais era de se vacinar 90% dos público alvo durante a campanha, de 12 de abril até a próxima sexta-feira (09/07). Contudo, até esta sexta-feira (02/07), o percentual coberto foi de 49%.

Os quadros respiratórios que impulsionam atendimentos e testes em Belo Horizonte têm se repetido de forma mais intensa também em todo estado de Minas Gerais. Segundo uma pesquisa norte-americana da Universidade Maryland (UMD), com apoio da rede social Facebook, para rastrear pessoas com sintomas gripais que podem ser relativos à COVID-19, o mês de junho de 2021 é o que mais apresentou resultados positivos em Minas Gerais, desde novembro de 2020.



A média de pessoas que responderam apresentar sintomas respiratórios suspeitos, como febre, tosse, dores pelo corpo, dor de cabeça, entre outros, chegou a 3,3% dos pesquisados em Minas. O maior resultado tinha sido já no mês anterior, que apresntou média de 2,2%. O dia 2 de junho foi o pico de respostas positivas, com 4,98% de pessoas se manifestando sintomáticas no estado.

De maio a dezembro de 2020, período de vigência da pesquisa, 1,1% dos mineiros em média respondeu apresentar sintomas, um percentual que quase dobrou neste ano, com média de 1,8% de janeiro a junho.No Brasil, os casos sintomáticos eram 2,3%, netre maio e junho de 2020 e saltaram para 3,7% no mesmo período de 2021.

O grande volume de pessoas sintomáticas procurando exames em Minas Gerais também se reflete no Sudeste do Brasil, como mostra levantamento do Grupo Hermes Pardini, de laboratórios de exames médicos. Nas últimas quatro semanas, a região Sudeste apresentou crescimento de 13% no número de testes em relação às últimas quatro semanas anteriores. Em relação à última semana, a região Sudeste apresentou crescimento de 6,5% no volume de testes, quando comparado com a semana anterior.



Levando-se em conta todas as unidades do grupo no Brasil, o número de exames realizados na ultima semana de junho deste ano "é quase o dobro do volume realizado na última semana de junho de 2020", informa a empresa.

Apesar dos sintomas gripais e da busca por diagnóstico de COVID-19, vacinação contra gripe está baixa (foto: Jair Amaral/EM/D.A.Press)
Nos laboratórios, o Hermes Pardini informa que quem chega com sintomas gripais precisa avisar aos recepcionistas para receber atendimento em área separada. Cada unidade dispõe de álcool em gel e máscaras para sobrepor a do cliente. Só é necessário pedido médico para fazer exame de COVID-19 para quem vai acionar o plano de saúde.

A SMSA informa que em 2021 houve aumento na demanda por atendimento relacionado às doenças respiratórias comparado com 2020 e por isso possui um Plano de Contingência para Enfrentamento da Influenza e outras doenças respiratórias.

"Desde 2020 o combate à COVID-19 foi incorporado a este plano, que prevê abertura e ampliação de serviços e monitoramento dos casos de doenças respiratórias no município e também a intensificação das orientações, por parte dos Agentes Comunitários de Saúde, para a importância de adotar medidas preventivas, com a manutenção dos ambientes ventilados e adoção da etiqueta da tosse e aumento na frequência da higienização das mãos", informa a pasta.



A SMSA informa que realiza a vigilância dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos hospitais e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para monitorar não só o estado de saúde dos pacientes como também qual o vírus predominante em cada inverno. Esses dados servem para orientar a assistência prestada aos pacientes assim como também a elaboração das vacinas.

"Com o início da pandemia, foi necessária uma reorganização dos fluxos de atendimento dentro das unidades. Vem sendo realizado manejos adequados dos usuários para diminuir o risco de transmissão de Covid-19 e demais síndromes respiratórias, ou até mesmo o agravo dos pacientes com síndromes gripais, durante todo o horário de funcionamento. Além disso, é realizada a avaliação de risco e o encaminhamento de acordo com a necessidade do usuário, baseados em Notas Técnicas vigentes e protocolos clínicos", informa.

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