Nos últimos dias, uma pequena cidade do Sul de Minas, com menos de 10 mil habitantes, ficou famosa pelo Brasil. Isso porque o prefeito de Juruaia decidiu punir quem escolher qual vacina contra COVID-19 deseja tomar. "Vai para o fim da fila, só poderá procurar a unidade de saúde novamente depois que todos os adultos maiores de 18 anos já tiverem sido imunizados", diz Celsinho.
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Quem escolher vacina vai para o fim da fila em cidade mineiraSecretário de Saúde de BH: 'Não é possível escolher qual vacina tomar'Em São Bernardo, quem se recusar a tomar vacina disponível vai para fim da filaDivinópolis faz ofensiva contra sommeliers: 'Vacina boa é no braço'Minas Gerais confirma mais 1.796 casos de COVID-19 em 24 horasEm BH, a prefeitura chegou a ameaçar quem decidir escolher qual vacina quer tomar. Mas o prefeito de Juruaia, Celso Marques Júnior, conhecido como Celsinho (Avante), não ficou só na ameaça: determinou que a pessoa que recusar o imunizante vai assinar um termo e perder a vez na fila.
A medida já vale desde quinta-feira (1º/7) e repercutiu por Minas e pelo Brasil desde que foi noticiada pelo Estado de Minas. A reportagem, então, quis saber mais sobre o ato em uma entrevista com Celsinho - que assumiu a prefeitura no dia 3 de maio, após a morte de Álvaro Mariano Junior, vítima de infarto.
Estado de Minas - A medida foi adotada por causa das recusas por doses específicas. Há algum número ou uma quantidade significativa notada?
Celso Marques Júnior - Alguns casos foram notados sim. Pessoas questionaram qual era a dose oferecida e não quiseram se vacinar. Isso deixou nossos profissionais em uma situação muito complicada.
EM - O que é o "fim da fila"? É só depois que todos os adultos se vacinarem?
Celso - Isso. Quem se recusar a tomar a vacina vai assinar um termo de responsabilidade, e só poderá procurar a unidade de saúde novamente depois que todos os adultos maiores de 18 anos já tiverem sido imunizados. O controle será feito com base nesse termo.
EM - Qual inspiração que o senhor teve pra tomar essa decisão?
Celso - A inspiração foi pra não haver a escolha do imunizante, dar andamento ao cronograma de vacinação, seguindo o PNI.
EM - É possível estimar o quanto de atraso pode significar essas recusas de vacina em relação aos demais grupos?
Celso - Não dá para estimar o tempo de atraso, mas a medida foi tomada também pensando em uma maneira de evitar que isso aconteça.
EM - Como a COVID-19 ainda afeta a cidade? A quantidade de casos ainda está acima da esperada?
Celso - Temos uma média de oito, nove casos novos por dia, sem contar as internações clínicas e também em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). O número está acima do esperado, por isso reforçamos a importância da vacinação.
Vacinação em Juruaia
Segundo dados publicados pela administração municipal em 24/6, Juruaia já imunizou 1.365 pessoas com as duas doses de vacinas contra o coronavírus.
Estão disponíveis as vacinas da Oxford/AstraZeneca, Pfizer e Coronavac, que são disponibilizadas conforme a gestão dos estoques. As doses da Janssen serão aplicadas exclusivamente em caminhoneiros e trabalhadores da limpeza urbana, em data ainda a ser definida.
Ao todo, a cidade já teve 1.149 casos confirmados de COVID-19 desde o início da pandemia. No último boletim divulgado nessa sexta-feira (2/7), cinco novas confirmações foram adicionadas, número ligeiramente menor que a média registrada nos últimos dias. Porém, para o prefeito, a situação ainda é crítica.
Varginha também adota a medida
Depois de Juruaia, Varginha, também no Sul de Minas, anunciou que quem se recusar a tomar a dose oferecida nas unidades de saúde terá que assinar um termo de responsabilidade e vai para o final da fila.
Um decreto foi feito e já está em vigor. O superintendente especial da COVID-19, Luiz Carlos Coelho, explicou que a publicação surgiu pela necessidade de formalizar e criar um mecanismo jurídico capaz de impedir esse tipo de escolha.
“As vacinas que estão sendo oferecidas foram autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por isso a população pode confiar na eficácia delas", afirma.
Caso o morador não aceite assinar o termo, duas das técnicas de enfermagem ou enfermeiras que estiverem na sala de espera podem assinar documentando testemunhalmente que a pessoa se recusou a receber o imunizante.
"Esse documento fica arquivado e esse indivíduo vai para o final da fila e só poderá se imunizar depois que começar a vacinação para os maiores de 18 anos", completa Coelho.
Varginha já aplicou a primeira dose de vacina contra a COVID-19 para 43 mil pessoas, segundo o Vacinômetro. Até agora, 14.849 pessoas tomaram as duas doses.