Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Brasil tem 'trégua' na escalada do coronavírus

Sinais positivos, embora ainda incertos. Pela primeira vez neste ano, nenhum estado brasileiro registrou aumento nas taxas de incidência ou mortalidade relacionadas à COVID-19 entre 20 de junho e 3 de julho. O resultado, divulgado no Boletim do Observatório COVID-19 Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), considera o intervalo entre os dias 20 de junho e 3 de julho.



Em Minas, a incidência diminuiu em 2% em relação ao período anterior, enquanto a mortalidade em 1,8%. Portanto, o estado está na faixa da estabilidade, determinada quando há variação inferior a cinco pontos percentuais para baixo ou para cima.

"Ainda não se pode afirmar que essa tendência é sustentada, isto é, que vai ser mantida ao longo das próximas semanas, ou se estamos vivendo um período de flutuações em torno de um patamar alto de transmissão, que se estabeleceu a partir de março em todo o país", alertam os pesquisadores. S

egundo o boletim, a redução da mortalidade pode ser consequência do avanço da campanha de vacinação, que abarcou os grupos mais vulneráveis, como os idosos, em um primeiro momento. O ritmo da campanha nacional de vacinação e a demora federal para comprar doses foram motivos de crítica contra a gestão Jair Bolsonaro, investigada na CPI em curso no Senado Federal.





O texto, porém, ressalta que mesmo com a diminuição de casos, muitos estados ainda registram alta incidência de ocorrências críticas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – em particular nas regiões Centro-Oeste, Sul e parte do Sudeste. Com a pandemia, a maioria dos casos de SRAG são depois diagnosticados como infecções pelo novo coronavírus.

Em Minas, a preocupação fica por conta da taxa de incidência de síndromes respiratórias agudas graves, geralmente ligadas à COVID-19. O estado computa 16,8 casos por 100 mil habitantes – dentro do patamar muito alto da Fiocruz e a terceira maior média do país. São 14 unidades da Federação no nível mais grave.

Por outro lado, os dados da vacinação são positivos. A Fiocruz registra que 26,6% das pessoas vacinadas já tomaram as duas doses de imunizantes, contra média brasileira de 24,8%. Os outros 73,4% receberam somente uma dose, enquanto a média do Brasil é de 75,2%. O mineiro é o melhor da região Sudeste.





Conforme balanço da Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES/MG), o estado registrou 160 mortes por COVID-19 ontem. Desta forma, MG agora acumula 47.756 óbitos desde o primeiro mês da pandemia no Brasil. O número total de casos de infecção confirmados chega a 1.855.624, sendo que somente em 24 horas outros 5.631 casos entraram para o balanço.

LEITOS DE UTI 

Após o colapso do sistema de saúde no primeiro semestre, com problemas de falta de oxigênio, leitos e remédios para intubação, é possível ver melhora da pandemia nos hospitais. A maior parte dos estados apresentou queda na taxa de ocupação de leitos.

Os destaques são Tocantins (de 90% para 71%), agora na zona de alerta intermediário, e Sergipe (de 88% para 56%), fora da classificação de alerta, conforme os parâmetros da Fiocruz. Roraima (97%), foi o único estado a registrar taxa superior a 90%, considerada crítica.





Em outros 14 estados – entre eles Minas Gerais, onde a taxa caiu de 75% para 70% – as taxas de ocupação de leitos de UTI COVID-19 recuaram pelo menos cinco pontos percentuais: Acre (37% para 26%), Pará (63% para 55%), Amapá (55% para 50%), Piauí (76% para 69%), Rio Grande do Norte (72% para 57%), Paraíba (59% para 49%), Pernambuco (76% para 63%), Alagoas (77% para 66%), Bahia (75% para 70%), Paraná (94% para 89%), Santa Catarina (92% para 85%), Mato Grosso do Sul (88% para 74%) e Goiás (85% para 74%).

Com queda de quatro pontos percentuais, o Rio de Janeiro saiu da zona de alerta, com a taxa de ocupação caindo de 63% para 59%. No Maranhão, a taxa caiu de 79% para 75% e em São Paulo, de 76% para 72%. O Distrito Federal tem mantido o indicador relativamente estável, um pouco acima de 80%.

A maioria das capitais está na zona de alerta intermediário ou fora da zona de alerta. É o caso de Belo Horizonte, onde a taxa de uso da terapia intensiva está em 61,6%, conforme boletim da prefeitura ontem (leia mais abaixo). Apenas seis estão enquadradas na categoria de alerta crítico: Boa Vista (97% de taxa de ocupação), São Luís (83%), Rio (83%), Curitiba (85%), Goiânia (85%) e Brasília (82%).




MUDANÇA DE PERFIL 

O levantamento estabelece um novo perfil etário entre os contaminados. Na primeira semana de janeiro, os idosos eram maioria entre os casos de internação, 63,4%, e mortes, 81,3%. Agora, com o grupo mais velho vacinado, eles são 28,3% das internações e 52,3% das mortes.

A redução da doença entre os mais velhos e aumento entre os mais jovens é refletida pelos dados de ocupação proporcional de leitos por faixa etária. Nos últimos seis meses, houve redução de 63,73% entre os pacientes com mais de 90 anos e aumento de 198,13% entre os de 20 a 29 anos.

Para os pesquisadores, essa tendência traz novos desafios no enfrentamento à pandemia. Entre eles, garantir a cobertura vacinal no maior estrato populacional do Brasil, de 30 a 59 anos, e identificar novas situações específicas de vulnerabilidade. (Com agências Brasil e Estado).




Minas recebe novo lote de vacinas 

Nathália Galvani*

A Central Estadual de Rede Frio de Minas Gerais recebeu, no início da tarde de ontem, a 29ª remessa de vacinas contra a COVID-19. O lote contém 271.440 unidades da Pfizer e 79.600 da Coronavac – 351.040, no total. Da Central, situada no Bairro Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte, as doses seguiram para 28 unidades regionais de saúde de Minas.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) não informou a qual público o lote será destinado, tampouco o quantitativo de imunizantes que cada município receberá.

A previsão de vacinação do público-alvo – moradores com 18 anos ou mais – com a primeira dose em Minas Gerais foi adiantada em um mês, segundo anunciou na quinta-feira o governador Romeu Zema (Novo). A primeira dose deve ser aplicada até setembro em todo o público-alvo.

Na capital, a vacinação prossegue hoje com a aplicação da primeira dose em pessoas de 44 anos. As de 43 e 42 recebem o imunizante na semana que vem. Ontem, foi a a vez das pessoas de 45. 

Foi com sentimento de alívio que a psicóloga Soraia Romano de Oliveira, de 45, recebeu a primeira dose de vacina contra a COVID-19. Ela foi acompanhada do marido, Emilson Souza Toledo, de 46, que também foi vacinado no posto de drive-thru da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Muito emocionante e um alívio. Meu esposo tomar ia a vacina ontem, mas resolveu vir hoje para passarmos por essa emoção juntos”, relatou.





Assim como milhares de famílias brasileiras, o casal e seus filhos tiveram que readaptar a rotina para garantir as medidas de segurança da COVID-19. 

“Meus filhos estudando em casa e nós dois trabalhando pelo home office. Estamos desde o início tomando todos os cuidados, nos privando dos passeios que fazíamos, e vamos continuar. Vai valer a pena. Nessa reta final, não podemos vacilar”, ressaltou a psicóloga.

 O painel 'Vacinômetro' atualizado na manhã de ontem pela Secretaria de Estado de Saúde de Mias Gerais computa 7.865.659 primeiras doses aplicadas no estado. E 2.783.111 pessoas já receberam também a segunda. Outras 75.973 foram vacinadas com a dose única da Janssen.

A capital mineira chegou à marca de 1.193.862 vacinados contra a COVID-19 com a primeira dose nesta sexta. Outras 447.332 receberam a segunda. Portanto, a capital mineira vacinou 59,4% do seu público-alvo com a primeira aplicação. E 22,8% do total desse mesmo público-alvo completou o esquema vacinal. 

Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho

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