O som dos tambores, as cores, a dança e a tradição marcam a festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia e as guardas de Congo e Moçambique, em Ouro Preto. Anualmente, é realizada em janeiro, em honra a Chico Rei.
E esta comemoração, movida pela fé e alegria, virou tema do documentário “A Fé que canta e dança”, lançado no fim de junho pelo fotógrafo mineiro Vinícius Terror, que mora há 20 anos em Ouro Preto.
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A festa celebra a figura de Chico Rei, que veio ao Brasil do Congo como escravo. Na cidade de Ouro Preto, ele conseguiu comprar sua alforria e de outros conterrâneos, que o consideraram “rei”.
Anualmente, os festejos reúnem 35 Guardas de Congado, Moçambique, Marujos, Caboclos, Catopés e Folias de várias regiões do estado.
Anualmente, os festejos reúnem 35 Guardas de Congado, Moçambique, Marujos, Caboclos, Catopés e Folias de várias regiões do estado.
O documentário foi realizado com o apoio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, de ações emergenciais destinadas ao setor cultural devido à pandemia da COVID-19.
Desde a primeira vez que fotografou a Guarda de Congo em Ouro Preto, em 2011, durante uma pequena apresentação na Praça Tiradentes, Vinícius começou a ter uma maior contato com a história da apresentação.
“Achei incrível, e conversando com eles depois da apresentação descobri que eles estavam resgatando uma festa antiga que há algum tempo estava esquecida. Era o Reinado de Santa Efigênia e Nossa Senhora do Rosário, que ainda era uma festa pequena, fora do calendário cultural da cidade”, explica.
No ano seguinte, ele novamente fotografou o festejo e desde então nunca mais deixou de acompanhar. E estreitou as relações com a Guarda de Congo, os chamando para fazer apresentações de divulgação de seus trabalhos.
A Expansão da festa do Reinado
De acordo com Vinícius, em 2011, Ouro Preto vivia uma era de retomada da Festa do Reinado, que já havia sido tradição. Portanto, ainda era uma festa bem pequena, frequentada ainda pelas pessoas dos bairros mais próximos.
Mas com o passar dos anos, o evento cresceu e atraiu até turistas de outras cidades e estados, e já registrou mais de 4 mil frequentadores. Em 2021, o evento foi realizado com restrições.
“Acompanhando desde 2011, pude ver como o Reinado se tornou um grande encontro de congadeiros vindos de várias partes do Brasil. Porque quando você está andando pela rua e vê aquela coisa maravilhosa, todo mundo colorido, cantando, batendo tambor, você se encanta, mas muitas vezes não faz ideia da história por trás daquilo”, disse.
Por isso, o documentário tem o objetivo de contar não apenas a história da Festa do Reinado, mas também das pessoas envolvidas e o quanto essa cultura cresceu em Ouro Preto.
Acredito que entre tantos trabalhos incríveis já produzidos sobre a festa, esse documentário seja o único que acompanhou a história dessas pessoas a longo prazo. Para eles foi uma experiência única poderem rever imagens de 10 anos atrás. Ver como as crianças cresceram, rever aqueles que já se foram, enfim, relembrar a própria história e ver que toda a luta deles para resgatar algo tão importante para nossa cultura valeu a pena’, resumiu.