A volta às aulas presenciais em Ribeirão das Neves avança mais uma etapa nesta terça-feira (13/7), quando alunos do 1º e 2º ano do ensino fundamental retornam. O regresso da rede municipal, que começou na semana passada com ensino infantil, desperta protesto de educadores.
“O retorno das atividades presenciais está sendo realizado com muita cautela, responsabilidade, empatia e sensibilidade, com um efetivo planejamento em todas as áreas. A prioridade é garantir aos alunos uma educação de qualidade, tendo como aliadas a tecnologia e, claro, a proteção à saúde”, afirma a secretária municipal de Educação da cidade, Dolores Kícila.
Segundo a secretária na cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o retorno tem ocorrido sem "maiores intercorrências". "E informamos ainda que, para os servidores efetivos com idade superior a 60 anos, o retorno das atividades presenciais será facultativo. O profissional deverá preencher e assinar a declaração oficial para tal situação” complementa Dolores.
O representante dos educadores na cidade, no entanto, critica o retorno presencial e o período com ensino remoto. “Foi meio que ‘um por todos, todos por um’, o único apoio que os trabalhadores e trabalhadoras em Educação de Neves tiveram foram deles mesmos”, afirma Henrique Gomes, professor e diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-Ute/MG) - Subsede Ribeirão das Neves.
Segundo o sindicalista, a categoria está em Estado de Greve e, "caso não haja segurança ou condições de trabalho, ou os protocolos sanitários não forem cumpridos como determinado, os profissionais municipais podem deflagrar greve, no caso convencional ou sanitária".
Cuidados e protocolos
A secretaria de educação de Neves garante que as 65 unidades da rede municipal estão preparadas para a volta das atividades presenciais. Afirma, ainda, que estudos e planejamentos foram realizados durante a pandemia para avaliar o momento propício para o retorno.
Confira alguns protocolos seguidos, conforme a secretaria:
- planejamento do fluxo de entrada e saída dos alunos, professores e demais profissionais
- estalecimento, se possível, de entradas separadas para alunos e profissionais
- facilitação do acesso a pias ou lavatórios com água, sabonete líquido e papel toalha
- ambientes com ventilação adequada, com portas e janelas abertas
Dolores Kícila afirma que existem frentes de trabalho que vêm sendo executadas, dentre elas, a aquisição de insumos e EPIs, adequação da rede física de cada unidade escolar, de acordo com solicitação da vigilância sanitária, e disponibilização de recursos extras para as caixas escolares.
“As escolas da rede municipal de Ribeirão das Neves passaram por reformas, mas não podemos afirmar que estejam aptas para o retorno presencial. Muitas delas são pequenas, uma vez que são casas ou espaços adaptados como escolas. Além disso, o processo final de adaptação das mesmas foi feito aos atropelos, pois não havia previsão de retorno das atividades presenciais antes do avanço da vacinação”, critica Henrique Gomes.
Ainda de acordo com o diretor do sindicato, as principais exigências da categoria para as voltas às aulas presenciais são: vacina para todos, não só para os profissionais, mas para toda a população nevense. A secretária de educação, por sua vez, afirma que, até o momento, não ocorreu qualquer dificuldade na volta gradativa.
Pais divididos
Entre os pais, opinião dividida. Camila de Morais, cuidadora e mãe de um aluno do 4° ano da rede municipal, por exemplo, acha que as escolas não estão aptas para voltar às aulas presenciais. “Não me sinto segura de enviar meu filho para escola, pois a pandemia ainda não está contida e nem a metade da população foi vacinada. As crianças não entendem a gravidade da situação e o quadro de professores não será suficiente para conseguir executar os protocolos necessários”, comenta.
Já Natália de Souza, estudante universitária e mãe de um aluno do 3° ano, acredita que, em regime misto, as escolas estão aptas para o retorno às aulas. “Estamos há quase dois anos sem aulas presenciais, na fase que eu julgo ser a mais importante da vida escolar, a alfabetização, e sequer temos uma rede remota de qualidade. A abertura dos comércios tem me mostrado que a população nevense está praticamente voltando ao normal com suas vidas e desta forma, não vejo motivos para continuar prejudicando o ensino de algumas crianças que estão com dificuldade na educação remota”, explica.
A volta às aulas presenciais é facultativa: cada família decide se deseja que o filho retorne ou não. O cronograma prevê que os alunos do 3º ao 5º ano do ensino fundamental voltem no dia 10 de agosto.
A vacinação dos profissionais da educação teve início no dia 31 de maio deste ano, e, atualmente, o município está vacinando as pessoas de 42 anos ou mais.