Jornal Estado de Minas

FASIFICAÇÃO

Prefeitura apura venda de comprovante de residência para vacinar em Confins

O descompasso no ritmo de vacinação entre os municípios se transformou em grave problema na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O que seria motivo de comemoração pela aplicação rápida, a cidade de Confins, com população de 6,7 mil habitantes, se tornou uma vítima por causa da aceleração da imunização do público-alvo por idade e dos grupos prioritários.





 

 

A prefeitura apura e tenta inibir eventuais fraudes para furar filas, que incluem falsificação de documentos, venda de comprovantes de endereços ou mesmo associação falsa com moradores do próprio município.

 

Nesta semana, Confins iniciou a vacinação de pessoas com 25 anos, até então a mais rápida entre os 34 municípios que integram a Grande BH. Após imunizar os trabalhadores do setor aeroportuário com doses garantidas pelo Ministério da Saúde, a prefeitura conseguiu dar um salto nos demais grupos e públicos por idade. A expectativa é de que os jovens de 24 anos comecem a receber as doses a partir desta sexta-feira (16/7).

 

Porém, o ritmo acelerado trouxe à tona a questão das fraudes de pessoas que residem em cidades vizinhas. “Chegou a nosso conhecimento que pessoas do entorno do município estavam comprando comprovante de residência para vacinar aqui. O pessoal está muito ansioso e até acho que nem é por maldade. Eu nem condeno, porque todos querem vacinar. Entendemos a situação, mas não conseguimos incluir todos nesse momento. As pessoas procuram parentes, vizinhos, pessoas que têm lotes, que tenta vincular a estadia dela. A procura foi enorme”, explica o secretário municipal de saúde de Confins, Weslei Ramos.





 

Desde então, a prefeitura criou protocolos mais rígidos para burlar as fraudes e avançar com as pessoas cadastradas. Para receber a dose, o indivíduo terá de apresentar comprovante de endereço e carteira do Sistema Único de Saúde (SUS) vinculado ao município. Além disso, a orientação é para os agentes de saúde façam façam visitas para comprovar o endereço ou mesmo chamem a polícia quando aparecerem indícios de falsificação.

 

Nathália é goiana, mas recebeu a vacna, em Confins, primeiro que seus familiares (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 

O município já vacinou todos os grupos com comorbidades, profissionais de educação e limpeza urbana, caminhoneiros e está prestes a encerrar a aplicação naqueles que trabalham nas indústrias. A expectativa é de que a cidade vacine todos acima de 18 anos até o fim deste mês.

 

“Conseguimos o avanço da vacinação por faixa etária depois de imunizarmos o grupo aeroportuário. Recebemos 100% das doses desse público e fizemos a campanha de vacinação dentro das dependências do aeroporto. As vacinas são proporcionais. Posteriormente à campanha, sobraram doses e elas nos permitiram que finalizássemos com os grupos prioritários e partíssemos para a faixa etária. Daí, as vacinas que recebemos agora serão destinadas basicamente para a faixa etária”, afirma Weslei Ramos.





 

De acordo com o secretário, a vacinação rápida tem surtido efeito no controle da doença na cidade: “Observamos que, depois da vacinação dos grupos prioritários, tivemos um avanço positivo com diminuição de casos, internações, óbitos e afastamento dos servidores por sintomas gripais. Após a vacinação por faixa etária, percebemos que a maioria das pessoas colocadas em isolamento por gripe tem testado negativo para a COVID-19. E tudo isso é graças à primeira dose que todos estão recebendo."

 

Por causa do programa acelerado, a auxiliar veterinária Nathália Peixoto da Silva, de 25 anos, conseguiu se vacinar antes mesmo dos pais, que moram em Goiás. Há três anos, ela veio para Minas, onde trabalha e acabou contemplada com o imunizante. "Eu me senti aliviada por finalmente estar imunizada. Estou esperançosa de que isso pode mudar. Sei que a vacina não imuniza completamente, mas nos deixa mais protegidos contra o vírus." 

 

Graciano se mudou para a cidade na semana passada e ganhou de presente a primeira dose (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 

Já o pedreiro e lavador de carros Graciano Ferreira Figueiredo, de 35, acabou sendo contemplado com o imunizante justamente por ter se mudado para Confins na semana passada, por motivos particulares. "Eu morava em Belo Horizonte, no Bairro Jaqueline, mas tive de me mudar nos últimos dias. Aqui a cidade é pequena e a vacinação está sendo rápida. Minha sorte é que a colega da minha irmã, que trabalha no posto de saúde, conseguiu para que eu recebesse a dose agora. É uma tranquilidade enorme."  

 

Vacinômetro 

 

Segundo o último boletim divulgado, Confins vacinou 9.437 pessoas com a primeira dose, mas somente 1.040 receberam a dose de reforço. A conta tem a disparidade em virtude de muitos grupos não terem recebido o segundo imunizante, como é o caso dos mais de 3,5 mil trabalhadores do aeroporto.

 

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