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Estado de Minas MEIO AMBIENTE

Incêndios em Minas já superam a média histórica dos últimos cinco anos

Estado já registra 1.949 queimadas este ano, 73,2% acima da média histórica para o período. Seca intensa prevista até setembro pode agravar situação


20/07/2021 06:00 - atualizado 20/07/2021 07:23

Foco de incêndio em terreno de Betim e marcas da destruição provocadas pelas chamas em área de vegetação de Vespasiano, na RMBH: (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Foco de incêndio em terreno de Betim e marcas da destruição provocadas pelas chamas em área de vegetação de Vespasiano, na RMBH: (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


Em estado de alerta para emergência hídrica, Minas Gerais volta a se deparar com a expansão de incêndios em todas as regiões. De acordo com balanço do fim de semana, o Corpo de Bombeiros recebeu 331 solicitações para combater as chamas em vegetações no estado, algumas registradas na Grande BH. Ontem, pelo menos 28 municípios do estado estavam sob ameaça de grandes focos ativos de queimadas, de acordo com dados coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), monitorados por meio de imagens de satélites.

No fim de semana, o panorama era ainda mais preocupante, já que 71 cidades apresentavam risco de incêndios em virtude da falta de chuvas. Na região metropolitana da capital, o levantamento mais recente do Inpe mostra que Jaboticatubas e Rio Acima ligaram o sinal amarelo em relação à maior probabilidade de novas chamas. Na Região Central, o mapa aponta que os municípios de Augusto de Lima, Lagoa da Prata, Conceição do Mato Dentro e São José de Varginha vivem situação mais preocupante.
 
“Em 2021, o estado já tem um número considerável de queimadas. Temos uma combinação entre as temperaturas médias, que normalmente ficam elevadas, a umidade baixa e a junção de fenômenos climáticos que levam a uma vegetação muito seca. Pela própria característica vegetativa associada à questão do relevo, que tem muita movimentação de serra de montanhas, há uma propagação muito rápida de focos de incêndios. Por causa disso, já esperávamos o número significativo de incêndios. Fizemos o mapeamento das áreas mais críticas, não só em parques e florestais, mas também em zonas urbanas”, ressalta o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros.

Em Belo Horizonte, um incêndio no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, na Região Oeste, mobilizou duas equipes do Corpo de Bombeiros no sábado à tarde. Outra ocorrência de destaque foi registrada numa das matas na favela da Cabana do Pai Tomás, também na Região Oeste, onde as chamas consumiram cerca de um hectare. O fogo teria sido provocado por crianças, que brincavam com bombas caseiras que caíram na vegetação. Por sua vez, uma área de vegetação do Bairro Europa, em Contagem, pegou fogo no domingo, provocando a destruição de 1 mil metros quadrados de área verde. Os bombeiros precisaram usar abafadores para controlar as chamas. Não houve vítimas em nenhum dos três locais.

De acordo com o tenente Aihara, as áreas de reservas que ficam próximas às regiões urbanizadas são as que mais chamam a atenção. “Os locais mais afetados são os parques do Rola-Moça, porque temos uma transição de área urbana, Serra do Curral e do Cipó, e algumas regiões dentro de BH, como o Parque do Serra Verde. Quanto mais próximo do centro urbano, maior é a incidência de queimadas. Mas temos preocupação grande com áreas de lotes vagos em Belo Horizonte e Contagem, além de Uberlândia e Uberaba, que têm estruturas como canaviais.”

Acima da série histórica


Em 2021, os focos de incêndio registrados entre janeiro e julho já superam a média histórica dos últimos cinco anos. Até o momento, segundo o Inpe, foram contabilizados 1.949 registros de queimadas em Minas Gerais, o que representa um aumento de 73,2% em relação ao mesmo período do ano passado e elevação de 37,6% em comparação com 2016, quando o estado também viveu alerta de seca.

O período de estiagem das chuvas, de junho até setembro, já mobiliza ações pontuais da corporação para evitar que a temporada seja ainda mais crítica para a fauna e a flora. O Corpo de Bombeiros elaborou um plano de enfrentamento ao período de seca, com vigência até setembro, com ações voltadas aos municípios, setores privados e a população. A iniciativa visa mapear os locais de maior incidência de incêndios e maior potencial de avanço dos focos.
 
"Quando mais próximo do centro urbano, maior é a incidência de queimadas", diz Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
 
 
Para Aihara, os incêndios mais graves são aqueles causados de forma voluntária pela população.“Fizemos as ações de integração com os outros órgãos do estado para que a atuação seja conjunta. Por isso, é muito importante a colaboração da população como um todo. Hoje, mais de 99% dos incêndios são originados pela causa humana, tanto pelo uso do fogo de uma forma pouco diligente, quanto (nos casos em que) as pessoas fazem isso de forma criminosa”.

As ações serão diferenciadas para cada região, preservando peculiaridades como tipo de vegetação, clima e recursos naturais. A corporação também lançou uma cartilha com orientações para novos focos. A primeira delas é para que não sejam usados fogos de artifício perto de florestas, matas ou áreas rurais, além de guimbas de cigarros acesos jogadas da janela de veículos no chão em áreas rurais ou às margens de rodovias. A terceira recomendação é evitar o acúmulo de lixo em lotes vagos.

 
Dados sobre os focos de incêndio em Minas(foto: Arte EM)
Dados sobre os focos de incêndio em Minas (foto: Arte EM)


Emergência hídrica

Os serviços meteorológicos de Minas Gerais e outros quatro estados estão em alerta de emergência hídrica em virtude da queda do volume de chuvas previstas para o período de junho a setembro. A escassez de precipitação na Bacia Hidrográfica do Paraná se tornou alvo de preocupação do Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), que emitiu, em maio, um comunicado, ao lado de outros órgãos federais ligados à meteorologia, em que classificava a situação como “severa”. Além de Minas, os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná terão queda de chuvas. Os estados contam com polo de produção agropecuária e com grandes hidrelétricas. De acordo com o relatório do SNM, a falta de chuvas na Bacia do Paraná está provavelmente relacionada à influência do fenômeno La Niña, de outubro de 2020 a março de 2021, que leva ao resfriamento das águas do Oceano Pacífico, altera o padrão de circulação global e reduziu as chuvas no Sul do Brasil. Outra causa seria a Oscilação Antártica (OA), responsável por alterar o padrão de pressão atmosférica na região. 


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