Jornal Estado de Minas

Vovô no volante

Dia dos Avós: como manter a segurança de idosos no trânsito


O ato de dirigir é, para muitos, uma conquista de liberdade e independência. Com o passar dos anos, é comum que as pessoas continuem a prática do volante, e não há tantos limites nesse sentido, a não ser o bom senso. Neste ponto, surge a pergunta: até quando é recomendado continuar na direção? O Código de Trânsito Brasileiro preconiza que não existe uma idade limítrofe para abandonar a condução de veículos. A ressalva é apenas que, para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), deve ser realizada a cada três anos a partir dos 65, e não mais em intervalos de cinco anos, como acontece nas demais faixas etárias.



"A atenção deve ser para as condições físicas e emocionais do motorista, e isso é individual. O avanço do tempo pode gerar algumas fragilidades ao organismo, e é bom levar isso em consideração, a fim de não comprometer a segurança nas ruas", diz o diretor comercial da AutoMAIA Veículos, revenda de automóveis em Belo Horizonte, Flávio Maia.

Nesta segunda-feira, 26 de julho, quando é lembrado o Dia dos Avós, o assunto é pertinente. Envelhecer não significa se aposentar também do carro, mas observar alguns aspectos, que variam de pessoa para pessoa, é fundamental, como pontua Flávio Maia. Com a saúde em ordem e sem problemas de cognição, o idoso está apto a continuar dirigindo.


O representante comercial Mário Tavares tem 86 anos, e dirige já há meio século. O carro sempre foi um bom companheiro para o trabalho. Entre os trajetos semanais para cidades mineiras, além de Goiânia, Cuiabá e localidades no Espírito Santo, a estrada é presença constante em sua vida. Mário enfrentava as distâncias para chegar aos clientes. Hoje, o carro ainda é usado no exercício da profissão e também para demandas pessoais. Para ele, dirigir é ter autonomia. "Na maioria das vezes não viajo para turismo. Sempre trabalhando. Conduzir um carro, para mim, é unir o útil ao agradável. Gosto muito de dirigir e vou continuar fazendo isso até quando for possível", diz.





 

COM A SAÚDE EM ORDEM

 

"A direção veicular não é uma atividade tão simples como pode parecer. Para que seja um processo seguro, essencialmente entre os mais velhos, é importante levar em conta as funções cognitivas, motoras e sensório perceptivas", explica Flávio Maia.

Quanto à função sensório perceptiva, é a que responde pelos estímulos visuais e auditivos, o que faz com que o indivíduo observe bem as imagens e os sons à sua volta. A função cognitiva é quando a pessoa processa esses estímulos, o que exige raciocínio e reações imediatas, para que uma ação, qualquer uma, seja realizada com eficiência.

"A função motora diz respeito à liberdade de movimentos para executar os comandos, como pisar no freio ou desviar de um buraco", exemplifica Flávio Maia. "São essas as capacidades centrais quando se pensa na direção para os idosos, a fim de manter a harmonia entre a segurança no trânsito e a autonomia do condutor, quando em uma idade mais avançada", acrescenta.



Outros pormenores devem ser motivo de cuidados, algumas situações que não são exclusividade dos idosos. Quando o motorista é portador de alguma doença crônica, o uso contínuo de alguns medicamentos deve ser analisado, já que existem substâncias que alteram as condições normais do organismo (podem gerar sonolência e afetar a habilidade motora), e isso influencia na hora de assumir a direção.

"Mesmo com dificuldades específicas, a vivência do volante para os idosos é bastante recomendada. Em muitos casos é uma necessidade, ao mesmo tempo uma atividade estimulante, que torna o idoso mais integrado à sociedade, e motivado para seguir a vida. Fato é que, por outro lado, eles são bem mais cautelosos no trânsito do que motoristas mais novos. Podem lançar mãos de sua vasta experiência para identificar e evitar situações perigosas", pondera Flávio Maia.

TUDO A FAVOR DA SEGURANÇA

Quanto às tecnologias de assistência ao condutor, fabricantes em todo o mundo a cada dia apresentam mecanismos aprimorados, que podem fazer com que os usuários mais velhos tenham sempre segurança no trânsito - desde simplesmente a direção hidráulica, câmbio e frenagem automáticos, até câmeras de segurança, detectores de ponto cego, sistemas de visão avançados para dirigir à noite, entre inúmeras possibilidades. São tecnologias que não deixam apenas os condutores preservados de possíveis transtornos, mas também pedestres e ciclistas, ou quem mais participa da vida no trânsito.



Entre outras questões, estar com os exames em dia, praticar exercícios físicos e reduzir a velocidade, são mais opções válidas e saudáveis para manter a pessoa no comando do veículo até quando o desejo levar, continua o diretor da AutoMAIA Veículos. Caminhar 30 minutos por dia, duas vezes por semana, por exemplo, já gera benefícios para o corpo e a mente, ampliando a resposta motora, a percepção do corpo e do ambiente.

"Os idosos representam um número expressivo, no contexto da população brasileira, e carregam um traço comum: primam pela própria independência. O desafio é estar atento aos sinais", ressalta. "Há quem assume o volante com até 90 anos, vovôs e vovós que ainda dirigem, com responsabilidade. São mais cuidadosos e dão um banho nos mais jovens", brinca Flávio Maia. 

CAMPANHA ESPECIAL


A promoção da segurança no trânsito para pessoas na terceira idade é, inclusive, a proposta da campanha educativa Sinal verde para o idoso, idealizada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). Na pauta das discussões, está ampliar a percepção de que a proteção nas vias é uma responsabilidade compartilhada entre o próprio idoso, a família e demais envolvidos no trânsito.



Entre as atividades, blitze educativas e palestras virtuais. As ações tiveram início em 15 de junho, data em que é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, e continuam em julho. Educadores do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) abordam as diversas situações enfrentadas pelos idosos no dia a dia, seja como pedestres, condutores ou passageiros.

"Pretendemos desenvolver na pessoa idosa e naqueles que estão à sua volta reflexões e posturas cidadãs sobre mobilidade e segurança no trânsito. É importante, por exemplo, compreender os limites postos pela idade, observar a saúde, não ter vergonha de pedir ajuda e saber o momento certo de parar de dirigir", conclui Josie Germino, coordenadora de Educação de Trânsito do Detran-MG.

DICAS PARA A SEGURANÇA DOS IDOSOS NO DIA A DIA DO TRÂNSITO

Locomoção: no transporte público, suba e desça devagar

Meio-fio: para prevenir quedas, evite andar próximo ao meio-fio

Esteja visível: certifique-se de que o motorista consegue vê-lo

Peça ajuda: não tenha vergonha de pedir ajuda para atravessar a rua, sempre que precisar

Faixa de pedestre:
use a faixa de pedestre. Mantenha sua atenção redobrada ao atravessar ruas e avenidas

Fonte: Detran-MG e Polícia Civil de Minas Gerais





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