Um paciente internado por complicações da COVID-19 há quatro meses reencontrou suas netas na tarde desta segunda-feira (26/07) em Belo Horizonte. Miguel Domingos Santos, com 63 anos, é avô de gêmeas e desde março não via as crianças.
O encontro foi organizado pela equipe do Hospital Paulo de Tarso, no Bairro São Francisco, onde o idoso está em reabilitação após superar um quadro gravíssimo de COVID-19. O avô passou por sedação, sofreu parada cardíaca, chegou a ser entubado e, ainda, ficou em coma profundo por 44 dias.
Após abraçar as netas, Miguel disse depositar sua esperança na sua espiritualidade. Segundo ele, é da fé que vem sua força. “A força vem de Deus, ele que me dava força. Não desesperei em momento algum”.
Ao se referir às gêmeas, o avô comenta emocionado: “Essa é minha benção, a benção que Deus me deu”.
Para a netinha Sofia, o momento agora é de ansiedade pela melhora do avô e já criou planos para depois da alta médica. “A gente vai para a praia comer açaí, tomar picolé. Vamos no parque de diversões e ir para a piscina”.
Coragem é assunto de família
Miguel possui um vínculo familiar muito forte. Casado há 37 anos, é pai de dois filhos e avô de duas netas gêmeas, Sofia e Joana, de seis anos.
Segundo a esposa, Maria Benedita Lima, de 62 anos, os últimos meses foram muito difíceis para a família. Ainda no início da luta contra o vírus, em três momentos diferentes ela e os filhos foram chamados no hospital para se despedirem do familiar.
No mesmo período, outras vinte pessoas testaram positivo para COVID-19 na família. Mateus Viana Lima Santos, de 35, filho de Miguel, conta que um tio próximo faleceu por conta da doença.
Entretanto, mesmo com tantos desafios, a família depositou sua esperança na fé e na companhia um dos outros. “Precisamos ter fé em Deus, dar carinho a todo o momento e nunca perder a esperança”, compartilhou a esposa, que está há 86 dias ao lado do marido no hospital.
Para a psicóloga responsável, Gisele Dornelas, a questão da família é um valor muito forte para o paciente. Assim que ele retomou a fala, pediu para ver as netas. “A primeira coisa que ele falou foi a questão da saudade”, comenta.
Miguel foi transferido para o Hospital Paulo Tarso após três meses internado em estado grave no Hospital Célio de Castro. Segundo a família, quando chegou à reabilitação, ele não conseguia movimentar o corpo sozinho.
Hoje, ele já se alimenta sem ajuda, vira na cama e em breve começará os exercícios para voltar a caminhar.
Reencontro que traz esperança
O encontro foi organizado como surpresa para o Dia dos Avós, celebrado nesta segunda-feira (26/7). O objetivo de encontros como estes é incentivar o paciente a continuar na luta pela reabilitação.
“O paciente volta a sonhar, ele vê que tem alguém esperando por ele”, expõe a psicóloga, que enfatiza como o emocional reflete na melhora do quadro clínico.