A Prefeitura de Ipatinga publicou decreto que dispõe sobre o retorno 100% presencial das aulas na rede municipal de ensino a partir do dia 2 de agosto. A única exceção do sistema será para os alunos com comorbidades, que poderão ter aulas remotas.
Segundo o Executivo, o retorno das aulas presenciais é possível por causa dos números controlados da pandemia no município. Mas profissionais da educação discordam e acham a decisão temerária.
“Investimos em saúde e conseguimos controlar os números da COVID-19. Houve muito diálogo com profissionais capacitados da Secretaria de Educação (SME) e decidimos então que era hora de dar mais este passo”, afirmou o prefeito Gustavo Nunes (PSL).
“Investimos em saúde e conseguimos controlar os números da COVID-19. Houve muito diálogo com profissionais capacitados da Secretaria de Educação (SME) e decidimos então que era hora de dar mais este passo”, afirmou o prefeito Gustavo Nunes (PSL).
Ainda segundo a administração, a decisão foi avalizada pelos números quinzenais apurados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
As salas de aulas terão 100% de ocupação, e todos deverão cumprir o protocolo sanitário e respeitar o distanciamento de um metro entre as mesas em cada sala.
Cada educandário continuará com 'dispensers' de álcool em gel em pontos estratégicos e haverá cartazes com orientações, além de tapetes sanitizantes.
Categoria discorda
Para a professora da rede municipal de ensino, Jane Karla, imunizada apenas com a primeira dose, o risco dessa ação é muito grande. “Nossas salas de aula são superlotadas. Já perdemos colegas com COVID. Estamos com medo. Conhecemos bem a realidade de uma sala de aula”, declara.
Outra professora da rede municipal, Cecília da Silva, também se declara completamente contra o retorno. “O número de pessoas vacinadas com as duas doses na região ainda é muito baixo para esse retorno. Nós, profissionais da educação, só tomamos a primeira dose da vacina”, explica.
A profissional também acredita que protocolos não serão cumpridos. “Mesmo com um metro de distanciamento, não cabem nem 20 alunos, mais o professor, mais a assistente de educação especial (que acompanham alunos especiais), quem dirá toda a turma de mais de 35 alunos”, salienta.
O Sindicato Único dos Trabalhadores no Ensino (Sind-UTE), subsede de Ipatinga, aponta a situação como preocupante, porque na última sexta-feira o Hospital Márcio Cunha (HMC) informou um cenário de superlotação.
“O Sind-UTE defendeu e continua a defender a retomada das aulas, desde que dentro tde protocolos de biossegurança que garantam a saúde e a vida das pessoas. Já tivemos casos de inúmeros colegas que perderam a vida por causa de atitudes irresponsáveis e não queremos que isso continue a acontecer”, afirmou Marli Silva Cruz, diretora do sindicato.
Para o Sind-UTE, a contradição entre as informações do HMC e da PMI não dão a segurança nem transmitem a confiança necessária. “Mais do que 100% dos estudantes nas aulas presenciais, é preciso ter 100% de segurança para o reinício, mas não é isto que estamos vendo”, afirma a diretora.
Marli fala que a inexistência de leitos suficientes para todos é um problema que afeta também, e principalmente, os ipatinguenses. “De nossa parte, mais uma vez reiteramos e alertamos para a retomada consciente, responsável, organizada, seguindo protocolos rígidos e de acordo com os parâmetros da pandemia”, salienta.
Superlotação no Hospital Márcio Cunha
De acordo com as informações divulgadas pelo Hospital Márcio Cunha, “dos 548 leitos disponíveis, mais da metade são destinados a pacientes do Sistema Único de Saúde – SUS. A taxa média de ocupação atual é de 101,28%, sendo que, nos últimos meses, a unidade já operou com 114,78% de ocupação”.
Segundo dados do boletim epidemiológico divulgado nesse domingo (25), a cidade já registrou 31.862 casos de infecções pelo vírus desde o início da pandemia, sendo 30.773 desses já considerados recuperados. Além disso, Ipatinga perdeu 835 vidas para a doença.
Ainda de acordo com o boletim, nos dados do vacinômetro, 115.678 pessoas residentes em Ipatinga já receberam a primeira dose do imunizante contra a COVID-19; 32.105 foram alcançadas com a segunda dose; e 4.189 receberam dose única.
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