Jornal Estado de Minas

EDUCAÇÃO

Sem consenso, atividades escolares começam nesta segunda (2) em Contagem

Professores, corpo pedagógico e administrativo voltam às atividades presenciais nesta segunda-feira (2/8), em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. E de forma gradual, as crianças também retornam às escolas. Os primeiros serão os alunos de 4 e 5 anos, no dia 9 de agosto.




 
De acordo com a Secretaria da Educação, as escolas estão se preparando para cumprir o protocolo sanitário para o retorno das atividades presenciais, tanto nas adequações físicas das salas de aula quanto para a disponibilização de equipamentos de proteção individual e de higienização.
 
A secretaria ainda destaca que os protocolos sanitários e as condições de retorno foram amplamente apresentados e debatidos com o coletivo de dirigentes e demais trabalhadores e trabalhadoras da educação. 
 
Porém, na avaliação do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-Ute) de Contagem e dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública não há condições de segurança sanitária, tampouco condições de segurança no trabalho que permitam um retorno presencial seguro na rede pública do município.




 
“Apresentamos todas as considerações e o posicionamento do sindicato acerca da convocação do retorno presencial das aulas em reunião no dia 6 de julho e ficou acordado que o Sind-Ute oficializaria suas proposições, bem como seu posicionamento à prefeitura, para análise das questões apresentadas pelos trabalhadores e haveria o agendamento de uma nova reunião”, afirma Patrícia Pereira, coordenadora-geral do Sind-Ute Contagem.
 

Protocolos e cuidados

Segundo a Secretaria da Educação, o ensino ocorrerá de forma híbrida e o retorno às escolas será facultativo às famílias, podendo optar em manter o aluno no ensino remoto.  
 
Confira alguns procedimentos adotados:
  • Distanciamento linear de 2 metros; 
  • Uso correto e obrigatório de máscara; 
  • Lavar bem as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel; 
  • Manter o ambiente limpo e desinfectado; 
  • Monitoramento de casos suspeitos e encaminhamento à unidade de saúde, se necessário; entre outros.
 
De acordo com a secretaria, em janeiro, foi realizado um amplo diagnóstico estrutural e pedagógico das escolas da rede municipal de ensino e iniciou o diálogo e a escuta com dirigentes escolares, pedagogos e trabalhadores da educação.




 
Mas, segundo a coordenadora do sindicato, as escolas públicas não estão aptas para um retorno presencial das aulas nessa nova realidade imposta pela pandemia. A rede municipal de Contagem reúne cerca de 140 escolas municipais, 14 unidades de ensino médio municipal da Fundação de Ensino (FUNEC) e 45 escolas estaduais, sendo uma rede rública com realidade bem diversa.
 
“Nas regiões mais periféricas da cidade, e também na região mais valorizada, como é o caso do Bairro Eldorado, há escolas ainda com salas de aula em madeira, que não possuem ventilação, que são muito pequenas, e estabelecimentos com problemas estruturais. Há, inclusive, prédios interditados pela Defesa Civil, como é o caso da CEMEI Lúcio de Abreu, no Bairro Funcionários, isso só para ficar em alguns poucos exemplos”, afirma a sindicalista.
 
Patrícia ainda explica que, em relação ao protocolo sanitário de retorno às atividades escolares, foram feitas muitas observações sobre cada item, mas a maior preocupação é que na construção desse documento não constou a participação e nem diálogo com os mais de 6 mil trabalhadores em educação, tampouco um diálogo com as famílias dos mais 70 mil estudantes matriculados nas escolas da rede municipal de Contagem e FUNEC.




 
“Os trabalhadores da educação têm assembleia geral com paralisação total das atividades marcada para próxima segunda-feira (2/8) e irão decidir sobre a instauração da greve sanitária contra o retorno presencial das aulas na rede municipal de Contagem e FUNEC”, complementa a sindicalista.  
 

Comunicação com os familiares

De acordo com a Secretaria de Educação, foram realizadas quatro reuniões virtuais com a comunidade escolar, com mais de 2 mil participantes, ao todo, alcançando todas as regionais da cidade. 
 
“Os encontros foram importantes para dar segurança à comunidade quanto ao protocolo e ao funcionamento do retorno presencial às atividades escolares”.
 
Neide Camilo, dona de casa e mãe de dois filhos matriculados no terceiro e quinto ano da rede municipal, afirma que não participou das reuniões que a prefeitura promoveu e relata que não se sente segura com o retorno.
 
“Eu não me sinto segura, mas tendo certos cuidados, porque não voltar? Na minha opinião, as crianças teriam que se vacinar primeiro, porém, dos meus dois filhos, só um evoluiu nos estudos remotos. Então, tomando os cuidados necessários, acho que seria interessante a volta”.




 
De acordo com o Sind-Ute, foi realizada uma plenária de escuta das famílias, promovida pelo sindicato, no dia 15 de julho e, segundo a coordenadora, foram mais de 200 famílias participantes, sendo que ampla maioria dessas pessoas se colocou contra o retorno presencial.
 

Cronograma de retorno às aulas e vacinação  

O cronograma da volta das atividades prevê o retorno das crianças de 0 a 3 anos às salas de aula no dia 23 de agosto; o ensino fundamental (anos iniciais), em 8 de setembro; ensino fundamental (anos finais), educação de jovens e adultos (EJA) e ensino médio, no dia 22 de setembro.
 
Segundo a secretaria, todos os profissionais da educação, das redes pública e privada, foram vacinados e, atualmente, o município está vacinando a população de 37 anos.

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