As aulas presenciais em Ipatinga voltaram em novo formato para a retomada do semestre letivo nesta segunda-feira (2/8). A prefeitura extinguiu a possibilidade de aula 100% remota, mas, ao mesmo tempo, admitiu que unidades tenham revezamento. O sistema foi criticado pelos representantes dos professores, que citaram prejuízo à "isonomia concernente à execução da política educacional".
Segundo o protocolo da própria administração da cidade do Vale do Aço, as salas de aula precisam cumprir 1 metro de distanciamento entre as carteiras. O SindUTE (Sindicato Único dos Trabalhadores no Ensino), subsede Ipatinga, visitou três escolas de portes diferentes e afirmou que elas não conseguem comportar todos os alunos respeitando o distanciamento.
"A partir desta constatação, conclui-se que será necessário manter o ensino híbrido, com parte dos alunos em sala de aula e parte em ensino remoto, portanto, a informação de que as aulas voltarão 100% presenciais não é correta e não traduz a realidade que muitos pais e mães só perceberão quando forem enviar seus filhos às escolas", afirmou o sindicato.
A secretária de Educação do município, Patrícia Avelar, por sua vez, admitiu que o sistema híbrido é aceito. “Se a escola possui espaço suficiente para a ocupação total de alunos, respeitando o distanciamento, as aulas serão somente no formato presencial. Mas, caso não possua, o formato semipresencial será mantido, contudo sem a opção pelo ensino somente na forma remota", disse.
"Significa que em algum momento os alunos terão que ir à escola presencialmente, com exceção somente para aqueles que possuem comorbidades e pertencem a algum grupo de risco”, complementou.
No decreto publicado no dia 23 de julho, ficou estabelecido o retorno das aulas presenciais para a presente data “em todas Unidades de Ensino da Rede Municipal de Ipatinga, da Rede Conveniada e Rede Privada de Ensino, em até 100% da taxa de ocupação dos espaços nas salas de aula respeitando o distanciamento previsto”.
Embasamento
A prefeitura ainda alegou que analisou os números relativos à COVID-19 para definir o novo formato. "Levando em consideração que grande parte das pessoas com 30 anos ou mais já foram vacinadas no município (e dentre estas os profissionais na área da Educação), é possível assegurar que as restrições relativas à ocupação nas salas de aula e distanciamento podem ser menos rígidas", afirmou a administração.
A prefeitura disse ainda que cada "educandário continua com 'dispensers' de álcool em gel em pontos estratégicos e cartazes com orientações sobre como proceder em tempos de pandemia do novo coronavírus, além de tapetes sanitizantes".
Prejuízo
Já o sindicato dos professores sustentam que o novo modelo traz prejuízo à educação. "Uma vez que não será possível que todos estudantes da rede tenham acesso ao serviço de Educação pelas mesmas formas e meios, sendo imperiosa a revisão e consequente retificação das orientações emanadas desse órgão", argumenta.
Os professores ainda dizem que é preciso aplicar o mesmo protocolo e legislação para rede privada e pública e disseram que a prefeitura promove "desinformação" ao dizer que terá ensino 100% presencial.
“Se uma sala pequena tem capacidade total para 25 alunos, mas apenas 15 podem assistir às aulas presenciais por causa do distanciamento, vai-se ocupar somente estes 15 espaços. Os demais alunos continuarão em ensino remoto ou se revezando. Numa semana quem estava remoto estuda presencialmente e vice-versa”, diz o sindicato, por nota.
COVID em Ipatinga
Segundo dados do boletim epidemiológico divulgado nesta segunda-feira (2/8), a cidade registrou uma morte por COVID-19 nas últimas 24h, totalizando 856 vidas perdidas por conta da doença. Além disso, são 32.122 casos de infecções pelo vírus desde o início da pandemia, sendo 31.027 desses já considerados recuperados.
Ainda de acordo com o boletim, nos dados do vacinômetro, 123.286 pessoas residentes em Ipatinga já receberam a primeira dose do imunizante contra a COVID-19; 40.087 foram alcançadas com a segunda dose; e 4.304 receberam dose única.