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Estado de Minas

Rede estadual retoma aulas presenciais e alunos comemoram: 'Estava ansiosa'

Alunos do 3° ano do Ensino Médio e do 9° ano do Ensino Fundamental relatam experiência nada proveitosa no ensino à distância


03/08/2021 11:57 - atualizado 03/08/2021 17:56

Escola Estadual Menino Jesus de Praga, no Bairro Lagoa, Região de Venda Nova, em Belo Horizonte(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Escola Estadual Menino Jesus de Praga, no Bairro Lagoa, Região de Venda Nova, em Belo Horizonte (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
As férias escolares oficialmente chegaram ao fim e a volta dos estudantes do 9° ano do Ensino Fundamental e 3° ano do Ensino Médio trouxe uma novidade: a retomada das atividades presenciais. Cerca de 326 mil alunos mineiros manifestaram o interesse em voltar a ter aula presencial e começaram a ser recebidos a partir desta terça-feira (3/8) nas escolas estaduais, enquanto o total de matrículas em todo estado das etapas que já voltaram é de aproximadamente 650 mil matrículas.

A subsecretária de desenvolvimento da educação básica, Izabella Cavalcante Martins, comemora o retorno e projeta novas turmas para a retomada do ensino presencial. “A gente já tinha iniciado o retorno na maior parte do estado com as turmas de 1° ao 5° ano. Hoje a gente retoma, em Belo Horizonte, com o 3° ano do Ensino Médio e o 9° ano do Fundamental. Em algumas localidades esses anos já tinham retomado antes do recesso e nós autorizamos, a partir de semana que vem, o retorno de estudantes do 2° ano do Ensino Médio e 8° ano do Fundamental”, afirmou.

Ela ressalta que as escolas estão seguindo os protocolos sanitários para evitar contaminação da COVID-19 entre os funcionários e alunos. “As escolas foram orientadas a flexibilizar o horário de entrada e saída para evitar aglomeração de estudantes na porta das escolas. Orientação também de adaptar o recreio dos estudantes, a oferta da merenda e a adaptação das salas de aula. Cada sala foi adaptada para receber os estudantes de acordo com a metragem, observando os protocolos de saúde de distanciamento e também as adaptações de espaços comuns”, ressaltou.

Para que todo o ambiente escolar fosse preparado e readaptado à nova realidade, Izabela aponta que foi feita uma consulta com os responsáveis pelos alunos. “Os diretores entraram em contato com as famílias para informar do retorno e os pais autorizaram o retorno ou não, porque é facultativo, e cada família manifestou qual estudante vai voltar. A partir disso, o diretor organizou escala de atendimento para atender o previsto no protocolo”, disse.

A subsecretária reforça que o ensino remoto continua disponível para os estudantes que optarem por não comparecer presencialmente. “Para todos os casos, o retorno é gradual e híbrido. Não retornamos tudo de uma vez e a cada 14 dias a gente avalia a inclusão de novos anos de escolaridade e sempre ofertando ainda o ensino remoto, que segue sendo a forma de contabilização de carga horária dos estudantes, e também o ensino presencial para quem optar por retornar.”

Ainda segundo a subsecretária, nenhuma escola no estado chegou a regredir com reação à reabertura por causa do registro de casos do novo coronavírus. “A gente vem acompanhando as situações, ainda não tivemos nenhum caso de fechamento das escolas e a gente segue acompanhando com a ampliação desse retorno, um acompanhamento diário para verificar qualquer necessidade de intervenção”, completa a subsecretária.

Professores

Izabela pontua ainda que a situação com os professores não apresenta dificuldades. “Os professores foram orientados a retornarem de acordo com o ano de escolaridade que volta. Até o momento estamos seguindo com o previsto sem indicações de qualquer dificuldade nisso”, afirmou.

No entanto, Lucas Rodrigues, de 34 anos, professor de geografia da Escola Estadual Menino Jesus de Praga, no Bairro Lagoa, Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, discorda do retorno neste momento. 

“Confesso que me causa estranheza, mas acredito que com o passar do tempo essa nova proposta, novo contexto, vai ficar claro para todos nós. Eu senti muita falta dos alunos, enquanto professor eu amo essa profissão, mas esperava que este reencontro não fosse neste momento”, lamentou.
 
Lucas Rodrigues, de 34 anos, professor de geografia da Escola Estadual Menino Jesus de Praga(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Lucas Rodrigues, de 34 anos, professor de geografia da Escola Estadual Menino Jesus de Praga (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
 

Lucas conta que recebeu a primeira dose da vacina e está apreensivo tanto quanto ansioso para receber a segunda aplicação. O professor, no entanto, diz se sentir preparado para esta retomada. “Diante de uma dinâmica que nos é determinada, me sinto preparado para poder ter esse reencontro, neste momento e com este padrão. Vou tentar fazer com que este reencontro seja o melhor e mais seguro possível”, disse. 

Alunos

Luana Paula, 17 anos, aluna do 3° ano do Ensino Médio(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Luana Paula, 17 anos, aluna do 3° ano do Ensino Médio (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Luana Paula, 17 anos, está no 3° ano do Ensino Médio e comemora o retorno presencial. “Hoje está sendo legal, estava ansiosa para poder vir. Estou aprendendo mais coisas do que estava em casa”, disse.

Ela conta que não se inscreveu para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano porque o aprendizado foi abaixo do que esperava. “Tive muita dificuldade com o ensino remoto, não aprendia nada em casa. Só de voltar hoje já sinto que voltei a aprender o conteúdo melhor, mas sinto que não é suficiente para tentar o Enem esse ano. Pretendo tentar só ano que vem”, lamentou a estudante que pretende cursar Direito na faculdade.

Clementina Vitória, de 14 anos, aluna do 9° ano do Ensino Fundamental(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Clementina Vitória, de 14 anos, aluna do 9° ano do Ensino Fundamental (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Já Clementina Vitória, de 14 anos, do 9° ano do Ensino Fundamental tem tempo para se preparar até chegar sua vez de prestar o Enem. Ela passou a segunda-feira (2/8)  se preparando para voltar à sala de aula. “Eu estava muito ansiosa, ontem passei o dia todo organizando. Minha mãe ficava falando para eu me acalmar e não conseguia”, conta.

Ela espera que agora possa voltar a aprender, já que o ensino à distância deixou um atraso no seu aprendizado. “Pra mim está sendo ótimo, realmente estou descobrindo várias coisas sobre o 9° ano agora. Vou ter mais produtividade e mais empenho na atividade, além de uma maior simplicidade em entender o conteúdo. Tive um pouco de dificuldade no ensino à distância, mas com o tempo consegui monitorar tudo”, ressaltou.

Até o momento, em todo o estado, estão autorizadas a retomada das atividades presenciais de 1.384 escolas, em 226 municípios, com cerca de 326 mil estudantes matriculados, com média de adesão de 50%

Visita


O retorno às aulas após o recesso é também uma novidade positiva para a Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte. Os vereadores estão realizando uma série de visitas técnicas nas escolas para avaliarem se os protocolos de segurança contra COVID-19 estão sendo cumpridos de forma eficiente.

As visitas começaram no início do ano, quando a prefeitura de Belo Horizonte sinalizou uma possível retomada do ensino presencial. No entanto, com o agravamento da pandemia no município, a ideia foi adiada até que tudo se normalizasse.

Com o aval da PBH, as aulas retornaram e as visitas também. Nesta terça-feira (3/8), após o recesso escolar, é a primeira vez que os vereadores fazem o acompanhamento das escolas funcionando com alunos. Eles visitaram a EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) Mantiqueira, Escola Municipal Professor Tabajara Pedroso e EMEI Itamarati, todas na Região de Venda Nova.

A presidente da Comissão, vereadora Marcela Trópia (Novo), avalia que as escolas têm a capacidade de receber os alunos novamente. “A gente já visitou muitas escolas nessa segunda leva de visitas, a gente começou no início do ano para ver se as escolas estavam preparadas. Vendo agora os protocolos funcionando, está claro que todas as adequações foram feitas e as escolas estão em plena capacidade de funcionamento”, observa.
 
Presidente da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, vereadora Marcela Trópia (Novo)(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Presidente da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, vereadora Marcela Trópia (Novo) (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
 
Apesar de poucos alunos, a presidente da comissão ressalta que tem sido feito um bom trabalho e avalia que o retorno é seguro. “Uma volta segura. As crianças estão usando máscara, os professores estavam todos equipados e com os EPIs adequados, alguns até com face shield, álcool distribuído por todo canto e o distanciamento de 2 metros que a gente entende que é mais do que razoável para os alunos da educação básica”, ressalta.

Confira como está sendo realizado o retorno presencial em todo estado:

 1) Ensino infantil

A retomada das aulas presenciais nas Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) - voltadas às crianças de 0 a 5 anos - foi feita de maneira gradativa, desde o dia 3 de maio. Em 21 de junho, as aulas presenciais em tempo normal foram retomaradas.

Em relação à rede privada, de acordo com a  presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Zuleica Reis, os estudantes da educação infantil, retornaram normalmente dentro da mesma estrutura adotada no primeiro semestre nesta segunda-feira.

 2) Ensino fundamental

Em 5 de julho, alunos do 4º e 5º ano da rede municipal de educação voltaram às aulas presenciais em Belo Horizonte. Nessa fase, estavam envolvidos cerca de 35 mil alunos e 1,2 mil professores.

Conforme definido no protocolo sanitário, o retorno presencial é facultativo, cabendo essa decisão à cada família. O ensino remoto permanece sendo ofertado a todos os estudantes da rede municipal, independentemente da decisão pelo retorno presencial.

Em 5 de agosto, a administração municipal deve ampliar o atendimento presencial para alunos do 6º ao 9º ano.

A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) também vai progredir a retomada das aulas presenciais nas escolas estaduais na capital mineira. A partir de 3 de agosto, estudantes do 9º ano do ensino fundamental retornam.

De acordo com a Educação estadual, as escolas vão voltar das férias do meio do ano no regime híbrido em BH: uma semana no presencial e outra no remoto.

No ensino particular, a atividade presencial já foi autorizada. A maioria das instituições também reabriu nessa segunda-feira  (2/8). 

3) Ensino médio

A administração municipal autorizou a retomada das atividades presenciais do ensino médio em 23 de julho - durante o recesso.

Já os alunos do 1º ao 3º ano do médio poderão voltar às aulas, a partir de 3 de agosto, segundo a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG). O governo já informou quais escolas vão ofertar aulas presenciais para estudantes do 3º ano do ensino médio. 

A lista está disponibilizada no site do governo.

Como sempre, as famílias que temerem o risco de infecção pelo novo coronavírus poderão manter os estudantes no regime remoto de aulas.

No ensino privado, apenas cerca de 10% das escolas retornaram. "Como o protocolo é o mesmo para educação infantil até o ensino médio, as escolas terão um trabalho maior para tentar, dentro dos protocolos, o distanciamento de 2m, atender o maior número de estudantes  possível para atender os estudantes do ensino médio", informou Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Zuleica Reis. 

Ela ainda explica que esse distanciamento dificulta muito atender as expectativas das famílias e dos estudantes. "A adesão é muito grande. Entre 75 a 85% de famílias que fizeram opção pelo retorno presencial. Dependendo do espaço físico da escola e do tamanho das salas de aula, o atendimento será limitado", acrescentou.

Ela pontuou que isso acarretará ainda mais prejuízo aos estudantes do ensino médio que estão há 16 meses sem aulas presenciais. "Por esse motivo o retorno hoje, dos estudantes do ensino médio, ocorreu em pouquíssimas escolas", informou.

4) Universidades

Já as aulas nas universidades continuam sem data para o retorno presencial.


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