É com a esperança de uma mudança de vida que Luciano Tolentino e Roberto Faria se candidataram a uma vaga para cirurgia bariátrica na Clínica Popular Mais Baleia. Com uma diferença de idade de 16 anos e vidas completamente diferentes, os dois possuem algo em comum: a expectativa para o procedimento tão aguardado.
As cirurgias bariátricas, junto a outras cirurgias eletivas, voltaram a ser marcadas em Belo Horizonte após serem suspensas com a superlotação dos hospitais pela COVID-19. Com a redução da ocupação de leitos hospitalares por pacientes diagnosticados com o vírus, a Secretaria Estadual de Saúde liberou a retomada das cirurgias adiadas no sistema público por conta da pandemia.
Atualmente 18 pacientes estão na lista de espera pela bariátrica na clínica, que vai arcar com os custos da cirurgia por meio de um consórcio intermunicipal.
Luciano Tolentino tem 26 anos, vive em Bom Despacho e aguarda a autorização para realizar o procedimento de redução do estômago há dois anos. Obeso desde a infância, deposita na cirurgia a expectativa de uma nova vida, mais ativa e com saúde.
“Tenho dificuldades para brincar com meu filho e para fazer coisas simples da vida, como respirar e dormir [...]. Eu quero que isso mude, eu quero cuidar e brincar com meu filho”, relata.
Luciano já está nas fases finais dos exames pré-cirúrgicos e avaliações médicas. A expectativa é que sua cirurgia seja marcada para 14 de agosto.
“Eu espero que seja um divisor de águas na minha vida, minha saúde. Agradeço a Deus pela oportunidade e eu vou agarrar ela firme agora”, comenta.
"Espero que daqui para frente as coisas sejam muito diferentes para mim"
Luciano Tolentino, candidato à cirurgia bariátrica há dois anos
Quatro em cada dez brasileiros estão acima do peso
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 96 milhões de brasileiros (IBGE). Os números foram divulgados em 2019.
Roberto Faria, residente em Bom Despacho e com 42 anos, é um desses brasileiros. Estudante de medicina veterinária, luta contra o excesso de peso desde 2009 e já teve a cirurgia adiada três vezes desde o início do ano.
Faixa preta em jiu-jitsu, Luciano conta que foi ativo fisicamente em grande parte da sua vida. A vida corrida como estudante universitário e o cotidiano da vida adulta foram dificultando a prática de exercícios físicos e uma alimentação saudável.
“Com a rotina da faculdade não tinha muito jeito de eu fazer um acompanhamento, uma dieta e uma alimentação correta. Com isso eu fui engordando”, comenta.
Em 2014 ele passou pelo seu primeiro procedimento. Roberto optou pela inserção do balão gástrico e chegou a perder 30 quilos, mas voltou a engordar. Com histórico de perdas na família por complicações na cirurgia bariátrica, o procedimento nunca foi uma primeira opção.
Três anos depois, em 2017, sua luta pelo agendamento de uma cirurgia bariátrica teve início. “Isso é muito complicado pra gente que está esperando, para poder ter um uma luz no fim do túnel, uma possibilidade de viver mais e uma sobrevida maior só com essa cirurgia”, afirma.
O procedimento foi marcado para janeiro deste ano, por conta da superlotação dos hospitais pelo coronavírus, sua cirurgia vem sendo adiada. Roberto aguarda, ansioso e apreensivo, uma nova data que até o momento ainda não foi marcada.
Cirurgias bariátricas no país
O número de cirurgias bariátricas realizadas no Brasil aumentou 84,73% entre 2011 e 2018. Os números são do último estudo divulgado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (SBCBM). Neste período, 424.682 procedimentos foram realizados no Brasil.