Araxá, no Alto Paranaíba, vem registrando altos índices de incêndios. Só nos primeiros sete meses de 2021, a 2ª Companhia de Bombeiros Militares na cidade computou 133 ocorrências. Este número é maior, inclusive, do que o registro em todo o ano de 2019, quando foram atendidas 131 notificações.
De janeiro a julho deste ano em relação ao mesmo período do 2020, houve um aumento de incêndios de 54,65%.
De acordo o Corpo de Bombeiros, o perfil das queimadas na cidade também mudou em relação aos anos anteriores: elas estão atingindo, agora, em sua maioria, grandes proporções e áreas.
A atenção está principalmente nas chamadas áreas “periurbanas”, onde a zona rural faz divisa com cidade. No município, os maiores focos são justamente nos bairros limítrofes à vegetação, como: Jardim Europa, Mangabeiras, Parque das Flores e Camuá.
“São as regiões que mais ocorrem os incêndios, pois as chamas ficam descontrolas por causa da quantidade do mato e matéria orgânica seca presente”, destaca o tenente do Corpo de Bombeiros, Marcelo Teixeira Caixeta.
O momento de estiagem geralmente ocorre entre o fim de maio e meados de novembro. Mas os maiores registros de incêndios em vegetação são, normalmente, entre julho e o final de setembro.
“O terceiro trimestre é pior período. O clima está mais propício para os incêndios, seja pela ação do vento, da falta de umidade ou das temperaturas mais elevadas. Essa mistura de condições climáticas é favorável para que um incêndio florestal aconteça” alerta o Tenente.
Incêndios por ação humana
Ainda segundo o tenente Caixeta, cerca de 90% das queimadas são causadas por ação humana, e, na maioria das vezes, não é possível identificar os autores. O ato acontece, principalmente, pela cultura de que muitas pessoas preferem limpar as vegetações utilizando o fogo, momento em que os incêndios ganham proporções maiores.
“Quando a pessoa liga para o bombeiro é porque ela está vendo essa fumaça subir e o fogo pegar, ou porque está chegando perto da casa dela. Com isso, quem colocou aquele fogo já saiu do local há muito tempo. Na hora que o bombeiro chegar lá, vai ser para lidar com o que foi feito. Então, na realidade, isso é algo cultural. Nós não temos como prevenir, mas podemos sempre alertar sobre as consequências”, detalha Teixeira.
No dia 21 de julho, um incêndio às margens da BR-262, em Araxá, atrapalhou a visão de um condutor de uma carreta bitrem, e o veículo tombou na pista. A caçamba atingiu duas pessoas que estavam caminhando pela rodovia. Ambos, um homem de 40 anos e uma mulher de 30, morreram na hora.
Para Vinicius Martins, chefe da Divisão de Meio Ambiente do Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável de Araxá (IPDSA), autarquia da Prefeitura, a maior dificuldade da administração em lidar com os incêndios é também, justamente, a falta de controle como eles se iniciam.
“O munícipio, entretanto, em parceria com o Corpo de Bombeiros, busca realizar trabalhos preventivos, como a vistoria de lotes vagos, onde os proprietários com terrenos com alta vegetação ou presença de lixo e entulho são notificados a adequarem a área. Caso algum seja autor identificado provocando queimadas, ele poderá ser multado entre 5 e 50 Unidades Fiscais do Município de Araxá (UFPAs)” explica.
Cada Unidade Fiscal equivale à R$ 56,15. A multa pode variar entre R$ 280,00 a R$ 2.807,50. Há, ainda, a possibilidade de o infrator responder judicialmente por crime ambiental.
Neste período de estiagem, o órgão informou que está intensificando as fiscalizações. Para denúncias, o cidadão pode entrar em contato pelos telefones: (34) 3661 – 3676 ou (34) 9 8861 – 4079.
Ocorrências de incêndios
No plantão desta terça-feira (3/8) em Araxá, foram registradas cinco ocorrências, sendo uma delas incêndio em residência e as outras quatro notificações em vegetações.
Foram atendidos desde queimadas em lotes vagos até incêndios em margens de rodovias. Um foco ocorreu na BR-452 (que liga Araxá a Uberlândia), em uma área próxima Distrito Industrial da cidade.
Já no KM 25 da MG-428, que liga Araxá a Sacramento, os focos estavam em três propriedades rurais, sendo uma delas da empresa Mosaic. Para o combate, os bombeiros tiveram apoio de maquinários advindos dos produtores rurais e de brigadistas da empresa de fertilizantes, até o controle total da chamas.