O governo de Minas Gerais desistiu de adquirir, junto ao Fundo Soberano Russo, a vacina antiCOVID-19 Sputnik V. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (5/8) pelo secretário de Estado de Saúde, Fábio Bacchereti. A dificuldade da fabricante em cumprir as condições pedidas pela gestão de Romeu Zema (Novo) já haviam sido expostas pelo poder Executivo.
O governo pensou em obter as vacinas já em julho, plano que não vingou. A ideia era importar 428 mil doses — quantitativo suficiente para imunizar 1% da população mineira. O número de injeções pretendidas seguia diretriz da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os termos do acordo, no entanto, não atraíram os russos.
“Eles oficializaram que não vão negociar poucas doses. O 1% não será negociado. Eles não têm perspectiva de entrega. Diante disso, as tratativas com o Fundo Soberano em relação à compra da Sputnik não vão evoluir mais”, disse Baccheretti.
No fim de julho, o médico já tinha adiantado que eventual demora na entrega dos imunizantes tornaria a operação desnecessária. A negociação foi autorizada no dia 2 do mês passado.
“A Sputnik não faz parte, mais, dos planos do governo de Minas”, sentenciou o secretário.
Segundo Fábio Baccheretti, a Sputnik V não foi considerada para a formatação do calendário de vacinação em MG. Por isso, o secretário garantiu que o cronograma não será alterado. A ideia de vacinar todos os adultos até setembro continua de pé; para este mês, o governo tem disparado mensagens de texto garantindo que imunizará, de forma decrescente, cidadãos entre 25 e 39 anos.
Há, no Nordeste, um consórcio de nove estados para adquirir a Sputnik V. O grupo deve se reunir para discutir a desistência do negócio, visto que as doses originalmente destinadas à região também não chegaram.
Sem compras regionalizadas
O secretário de Saúde relatou, ainda, dificuldade do governo federal na entrega de doses da AstraZeneca por causa de problemas na produção nacional do ingrediente farmacêutivo ativo (IFA). Apesar disso, Baccheretti contou ter recebido sinalização do Ministério da Saúde de que os problemas não vão afetar o calendário de repasses.
Baccheretti afirmou que há dificuldades na busca pela aquisição de vacinas por parte do governo mineiro. Os entraves para as compras regionalizadas já haviam sido relatados por outros entes federados, como a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)
“Tentamos negociar com todos os laboratórios. Todos foram taxativos: não negociam a não ser com o governo federal. O Fundo Soberano Russo foi o único que se abriu, mas, infelizmente, não deu certo”, lamentou.
Nessa quarta (4), o estado recebeu 339.530 doses — exemplares de Pfizer e Coronavac. Mais de 12,6 milhões de injeções contra o coronavírus já foram aplicadas.