Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Vacinação contra COVID em BH: mulheres de 35 anos mostram emoção e revolta

vacinação contra a COVID-19 avança em Belo Horizonte com a aplicação, nesta quinta-feira (5/8), da segunda dose em pessoas com comorbidades de 48 e 49 anos, e da primeira dose em mulheres com 35 anos. 




 
No posto de vacinação da UFMG a manhã foi de emoção. A reportagem flagrou o momento em que uma mulher tomava a vacina, com os olhos marejados, segurando um pequeno cartaz com os dizeres: “Sinto muito, pai”
 
Clarisse Aparecida dos Santos Oliveira Pereira, administradora, 35 anos, que estava no local para tomar a primeira dose da vacina contra a COVID-19,  contou que perdeu o pai, Afonso Quintino dos Santos, de 75 anos, para o vírus da COVID-19 em outubro de 2020, exatamente no dia do aniversário dela. 
 
“Hoje é um dia triste, pois lembro a morte do meu querido pai", disse. Ela lamentou o fato de o pai não ter podido se beneficiar das vacinas, que começaram a ser disponibilizadas no mundo em 8 dezembro. Naquele dia, Margaret Keenan, uma britânica de 90 anos, recebeu dose do imunizante da Pfizer, tornando-se a primeira pessoa no mundo a receber vacina contra a COVID-19 fora de ensaio clínico.




  
Clarisse acredita que milhares de brasileiros poderiam ter sido salvos se o governo federal tivesse negociado a compra de imunizantes com mais rapidez. Em 2020, o governo Bolsonaro se recusou a comprar 70 milhões de doses oferecidas pela Pfizer prioritariamente ao Brasil e a fechar contratos com outros fabricantes.
 
A primeira vacina contra a COVID-19 fora de ensaio clínico só foi aplicada no Brasil em 17 de janeiro, na enfermeira de São Paulo Mônica Calazans, que recebeu a primeira dose da CoronaVac logo depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso emergencial do imunizante desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo. Com a corrida pela vacina já adiantada no mundo, o país terminou enfrentando lentidão na fila de espera dos fornecedores. 

“O governo não fez o que era preciso", avalia Clarisse. Ela contou que o pai tinha comorbidades e morava no interior de Minas. “Ele vinha três vezes por ano a Belo Horizonte para tratamentos contra diabetes, pressão alta e glaucoma. Quando foi infectado, ficou 12 dias internado, sofreu duas paradas cardíacas e não resistiu”. 




 
Clarisse mora com o marido em BH e foi a última dos 11 irmãos a ser imunizada. “Leva um tempo para transformar em saudade, por enquanto o que sinto é tristeza e revolta, por mim e pelos outros que também não vão poder conviver com seus entes queridos”, lamenta a administradora.
 
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Enquanto isso, no posto de vacinação no formato drive-thru do Minas Shopping na Região Nordeste de Belo Horizonte, Luciane Nascimento Chiadreti, pedagoga de 42 anos, foi tomar a segunda dose da vacina contra a COVID-19, e relatou ter tido problemas para conseguir se vacinar.
 
“Apresentei o cartão de vacina virtual do Aplicativo do Ministério da Saúde Conecte SUS, pois esqueci de levar o meu cartão físico, e, ao chegar ao local de vacinação, os enfermeiros não quiseram aplicar a dose, informando que só aceitavam com o cartão físico de vacina, para conferir se a data para a próxima dose estava correta”, conta a pedagoga. 




 
“Com isso, tive que ir a um posto de saúde, e acabei conseguindo uma segunda via do cartão de vacina, mas em um papel inferior. Retornei ao Shopping e apresentei este papel aos enfermeiros, porém continuaram a se recusar a aplicar a dose, dizendo que o papel estava rasgado, e em ruim estado”, relata Luciane. 
 
“Depois de horas na fila, eles procuraram no meu cadastro e viram que já estava na data de eu receber a segunda dose, com o registro de qual vacina eu havia tomado na primeira, e finalmente aceitaram aplicar a vacina”, explica.
 
“Por que investir dinheiro público em um aplicativo que não funciona corretamente?”, questina. Podiam usar para comprar mais vacinas então”, defende a pedagoga.
 
A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte informou que no aplicativo não consta registro de quando será a data da segunda dose, apenas que a pessoa tomou a primeira injeção. 




 
“O recomendado é que as pessoas apresentem o cartão de vacina físico, pois lá constam todas as informações de que os profissionais precisam para saber se já está na data correta para aplicar a próxima dose”, explicou a assessoria da secretaria em nota.

PBH alerta para público checar endereço de vacinação

 
A PBH alerta para a checagem dos locais de vacinação, informando que as pessoas convocadas devem se vacinar nos postos listados para cada grupo e sempre conferir os endereços, disponibilizados no portal da prefeitura, antes de se deslocar aos pontos de imunização. 
 
A Secretaria Municipal de Saúde orienta que o usuário compareça aos locais de vacinação no dia da convocação. Caso a pessoa se dirija ao local em data posterior, está sujeita a enfrentar filas, já que os pontos de repescagem estão distribuídos em uma unidade por regional e por tipo de vacina.




 
O horário de funcionamento dos locais de vacinação em dias úteis é das 8h às 17h para pontos fixos e extras e das 8h às 16h30 para pontos de drive-thru. Já aos sábados os postos fixos e extras funcionam das 7h30 às 14h e os pontos drive-thru das 8h às 14h.
 
Há também os locais de vacinação com horário noturno. O ponto da UFMG Campus Saúde (Escola de Enfermagem), na avenida Professor Alfredo Balena, 190 - Santa Efigênia, funciona das 12h às 20h. Já o horário de funcionamento da Faculdade Pitágoras, na rua dos Timbiras, 1.375 - Funcionários, é das 8h às 20h. Os públicos elegíveis para se vacinar nestas unidades são apenas os chamados para o dia em questão. 
 
Lembrando que para receber a vacina, é necessário, levar o cartão de vacina, identidade, CPF, usar máscara de proteção, e seguir as seguintes orientações :
 
  • Ser cidadão residente de Belo Horizonte;
  • Apresentar documento de identificação com foto;
  • Não ter recebido vacina contra a Covid-19;
  • Não ter recebido qualquer outra vacina nos últimos 14 dias;
  • Não ter tido Covid-19 com início de sintomas nos últimos 30 dias. 

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*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz

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