O número de dias internados varia, mas em comum a todos os pacientes em tratamento no Centro de Cuidados Intensivos para a COVID-19 (Cecovid), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), está o medo de não voltar para casa. Uma ação, no entanto, tem conseguido trazer esperança de dias melhores a essas pessoas em recuperação. Diariamente, a equipe de fisioterapia da unidade promove atividades ao ar livre, no terraço do hospital, sob a luz do sol.
O Cecovid está instalado no prédio do futuro Centro Materno-infantil de Betim e as atividades de fisioterapia são realizadas no terraço do hospital. Esse tratamento é diferenciado porque é feito de forma descontraída, em grupo, mantendo os cuidados devidos, mas promovendo um momento de interação entre os internados e profissionais.
Os pacientes em melhor estado de saúde, que não estão mais dependentes de oxigênio (e já não transmitem o coronavírus), são levados ao espaço para realizarem alongamentos, exercícios leves, pequenas caminhadas ou, simplesmente, para tomar um ar e ver o céu.
Geralmente cerca de 20 pessoas participam da atividade. O número varia de acordo com a condição clínica dos internados. Aqueles que não conseguem realizar os movimentos são levados ao terraço apenas para tomar banho de sol.
Benefícios
Segundo a idealizadora da ação, a fisioterapeuta intensivista Alessandra Canêdo, a mudança de “ares” tem dado bons resultados psicológicos. Ela destaca que, além de estimular e alongar os músculos do corpo e ajudar na recuperação respiratória, o tempo passado ao ar livre auxilia psicologicamente os pacientes.
“Todos os dias percorremos os leitos e convidamos aqueles pacientes que estão melhor clinicamente para participar da atividade. Ao sair da enfermaria e ir para uma área ao ar livre, os pacientes ficam mais esperançosos na recuperação e se sentem melhor. Tem paciente que fica muito emocionado só de ver novamente o céu. É muito gratificante”, conta a fisioterapeuta.
'Trabalho maravilhoso'
Márcio Fortunato, de 55 anos, também se sente muito bem nas atividades no terraço. Ainda ofegante devido às dificuldades para respirar, ele não perde o momento. “No começo o paciente acha que é só uma brincadeira, mas realmente é uma brincadeira para a saúde que trabalha os movimentos para que possamos andar, sair e conversar direito. Eu fico muito agradecido de participar”.