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Estado de Minas RECONHECIMENTO

Pesquisador mineiro tem artigo sobre ecologia publicado em revista alemã

Estudo analisou 307 espécies de animais no Parque Nacional do Itatiaia, localizado na Serra da Mantiqueira


13/08/2021 22:03 - atualizado 13/08/2021 22:41

Onça parda é capturada nas armadilhas fotográficas colocadas no Parque Nacional do Itatiaia(foto: Clarissa Rosa e Antônio Queiroz)
Onça parda é capturada nas armadilhas fotográficas colocadas no Parque Nacional do Itatiaia (foto: Clarissa Rosa e Antônio Queiroz)
“Como a produtividade das plantas e o clima afetam as espécies de mamíferos e invertebrados?” Chaim Lasmar – pesquisador de pós-doutorado da Universidade Federal de Lavras (UFLA) – apoiou-se nessa indagação ao liderar a elaboração de um artigo que ganhou as páginas da revista "Oecologia", na Alemanha, na quarta-feira (11/8).
 
O trabalho – que foi lançado na versão on-line da publicação alemã, referência internacional em ecologia – recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).
 
 
O estudo analisou a resposta de diferentes animais que produzem ou não o próprio calor – classificados como endotérmicos e ectotérmicos, respectivamente – à variação da temperatura e de produtividade (das plantas) ao longo de um gradiente altitudinal, que variou de 600 a 2.500 metros de altitude no Parque Nacional do Itatiaia, localizado na Serra da Mantiqueira.
 
Intitulado Temperature and productivity distinctly affect the species richness of ectothermic and endothermic multitrophic guilds along a tropical elevational gradient, o artigo analisou 307 espécies, sendo 286 de invertebrados ectotérmicos e outras 21 de grandes mamíferos endotérmicos.
 
O pesquisador Chaim Lasmar explica que foram usadas 400 armadilhas para capturar os invertebrados ectotérmicos. “As armadilhas ficaram em campo por 48 horas. Nós voltamos em todos os pontos e recolhemos todo o material. No laboratório, a gente identificou e separou as formigas, os besouros, os opiliões e as aranhas e depois mandamos para os taxonomistas, coautores do trabalho”, explica.
 
O pesquisador Chaim Lasmar na parte alta do Parque Nacional do Itatiaia, em 2015(foto: Arquivo pessoal)
O pesquisador Chaim Lasmar na parte alta do Parque Nacional do Itatiaia, em 2015 (foto: Arquivo pessoal)
 
Em relação aos mamíferos, Chaim conta que foram instaladas 14 câmeras ao longo da montanha com o objetivo de fotografá-los e, posteriormente, catalogá-los. Mais de 20 pessoas – entre pesquisadores e professores da UFLA e contratados do parque – auxiliaram neste trabalho de campo realizado entre 2014 e 2015.
 
Os dados de temperatura e produtividade das plantas foram coletados com o auxílio de satélites da Nasa.
 
Resultados da pesquisa publicados no artigo
 
O estudo apontou que os animais ectotérmicos e endotérmicos, de diferentes níveis tróficos, responderam de forma diferente à variação de temperatura e produtividade. Esta última, para efeitos ecológicos, refere-se ao quanto de energia as plantas produzem para os animais consumirem.
 
Numa cadeia alimentar trófica há os produtores (geralmente plantas), os herbívoros e onívoros (nível trófico intermediário que pode assumir dietas herbívoras e de predadores) e os predadores.
 
“Para ectotérmicos, quanto maior o nível trófico dentro da cadeia alimentar, como os predadores que estão no topo, maior é a dificuldade para conseguir consumir a energia liberada pelas plantas no ecossistema”, aponta Chaim Lasmar durante entrevista ao Estado de Minas.
 
“Logo, o número de espécies de predadores ectotérmicos foi melhor explicado pela produtividade das plantas do que pelas mudanças na temperatura”, conclui. 
 
Já para os endotérmicos, o estudo revela que apesar da produtividade ter influenciado positivamente o número de espécies de herbívoros, tal influência não se acumulou nos níveis tróficos maiores, como onívoros e predadores, assim como aconteceu com os animais ectotérmicos.
 
“Ao contrário do esperado, a temperatura influenciou mais o número de espécies de endotérmicos herbívoros e onívoros do que mudanças na produtividade. Nenhum dos fatores ecológicos em questão influenciou o número de espécies de predadores endotérmicos”, complementa.
 
“Isso pode ter acontecido devido ao fato de que mamíferos herbívoros e onívoros encontram sua alimentação nas plantas (folhas e frutos) e em insetos e todos são fortemente afetados pela temperatura”, pondera Chaim.
 
Como conclusão, o trabalho demonstrou que as diferenças do papel da temperatura e produtividade ao influenciar o número de espécies também se aplicam quando são comparados invertebrados ectotérmicos e vertebrados endotérmicos.
 
“Por fim, baseando-se nesses resultados, alertamos que a mudança da temperatura global, além de afetar fortemente os animais ectotérmicos, também impactará os animais endotérmicos, já que muitas das suas interações são com animais e plantas sensíveis à temperatura”, finaliza.
 
Coautores do artigo
 
Além do pesquisador Chaim Lasmar, que conduziu os trabalhos, a pesquisa também contou com a participação dos docentes da UFLA Carla Ribas, Júlio Louzada e Marcelo Passamani, professores no Departamento de Ecologia, e Letícia Vieira, do Departamento de Ciências Florestais.
 
Além disso, o trabalho contou com parcerias de pesquisadores e professores de outras instituições. Nesse sentido, também são coautores do trabalho Clarissa Rosa, pesquisadora no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Rodrigo Feitosa, professor na Universidade Federal do Paraná, e Antônio Brescovit, pesquisador no Instituto Butantan.


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