A blogueira mineira presa por tráfico internacional de drogas afirmou às autoridades que ganhava R$ 15 mil mensais e que veio ao Brasil para o aniversário de uma afilhada e inaugurar uma empresa de estética. Natural de Montes Claros, no Norte de Minas, Laís Crisóstomo Aguiar tenta a liberdade provisória com um segundo pedido de habeas corpus.
A Justiça Federal já negou um primeiro habeas corpus impetrado pela defesa de Laís. A blogueira continua recolhida preventivamente na Penitenciária Feminina da Capital, no Bairro Carandiru, em São Paulo.
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O Estado de Minas teve acesso aos depoimentos prestados pela dupla, após o auto de flagrante, efetivado pelo delegado Giovani Celso Agnoletto, da Delegacia Especializada da PF no Aeroporto de Guarulhos.
Às autoridades, Lais Crisóstomo informou que é sócia de uma empresa do ramo de estética feminina em Montes Claros, e que tem um salário médio de R$ 15 mil por mês. Ela argumentou que mora em Dubai desde 2020, com o noivo Henrique Catoriello, que tem uma empresa de "câmbio" na capital dos Emirados Árabes.
A blogueira possuía mais de 400 mil seguidores na conta do Instagram, da qual foram apagadas todas as fotos na manhã deste sábado (14/8). Pela rede social, ela ostentava uma vida de luxo, com viagens para lugares paradisíacos como as ilhas Maldivas (Ásia) e o Principado de Mônaco (Europa).
Ela também exibia fotos mostrando o uso de acessórios caros, como bolsas das grifes Chanel, Saint Laurent e Dior. Uma delas, a Dior Book, é vendida por US$ 3.250 (cerca de R$ 17 mil na cotação atual).
Além de afirmar durante depoimento que passou por cirurgias plásticas recentemente, Lais contou que voltou ao Brasil no dia 23 de julho para o aniversário de uma afilhada e, também, para inaugurar uma empresa de estética em Montes Claros. Ela deixou a cidade do Norte mineiro na tarde do dia 4 deste mês, véspera da prisão em flagrante no Aeroporto de São Paulo.
Versões diferentes
Lais sustentou aos policiais que não tinha conhecimento algum da droga apreendida na mala e que não é usuária. O homem com quem ela estava, no entanto, contou versão diferente.
Peterson Fontes afirmou que a droga é dele, mas disse que a blogueira e o noivo dela são usuários. "Todo mundo usa", afirmou no depoimento. Ele disse que encontrou com Lais no Aeroporto de Garulhos e recebeu a cocaína na cidade de Promissão, no interior de São Paulo, para uso próprio.
" afirma que pediu para Peterson levar alguns pertences pessoais na mala dele, pois estaria viajando com uma mala de mão pequena; que afirma que não sabia que haveria droga na mala de Peterson", diz o termo de depoimento.
Lavador de carro
Peterson declarou às autoridades que tem como profissão "lavador de carros" em Promissão, com um salário médio de R$ 3 mil. Ele está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória (CDP 2) Paulo Gilberto de Araújo, no Bairro Belém, em São Paulo.
De acordo com o relatório da Polícia Federal, os agentes selecionaram "aleatoriamente" três malas - duas pertencentes a Peterson e uma de Lais, para a inspeção por meio de raio-x.
Em uma das malas despachadas em nome de Peterson, mas com pertencentes a blogueira e advogada, foram encontradas as cápsulas com cocaína, escondidas em meios a potes de "suplementos".
'Ótimos antecedentes'
Os defensores de Lais Crisóstomo alegam que ela é "primária e portadora de ótimos antecedentes", exercendo a "ocupação lítica de sócia da empresa de estética em Montes Claros".
Um pedido inicial de habeas corpus foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por meio do desembargador Valdeci dos Santos. O magistrado não aceitou o argumento da defesa de que não elementos para ligar a droga à Lais, ao destacar que Peterson assumiu a responsabilidade pela droga.
"A versão apresentada pela Laís Crisóstomo Aguiar no sentido de que desconhecia o conteúdo da mala não se apresenta verossímil (coerente), tendo em vista que a cocaína apreendida estava escondida numa mala com os objetos pessoais da paciente", observou o desembargador Valdeci dos Santos.
O desembargador também negou a liminar ao dizer há riscos da influenciadora fugir do país, "caso seja colocada em liberdade, inviabilizando a prática dos necessários atos de instrução processual e, ao final, a aplicação da lei penal".
No novo pedido de habeas corpus encaminhado ao Tribunal Regional Federal da Terceira Região, os advogados Rafael Serra Oliveira e Antonio Joao Costa, que representam Lais Crisóstomo, sustentam que a blogueira não pode fugir do país porque teve o passaporte apreendido pela Polícia Federal.
Os defensores pedem que a prisão preventiva seja substituída por medidas cautelares alternativas (entre elas, estaria a prisão domiciliar) ao reforçar a tese de que a blogueira não tem vínculo com o crime.
"(Há) ainda mais a considerar que, por ter chegado ao Aeroporto de Guarulhos por via aérea, a bagagem da paciente (Lais) já tinha passado pelos devidos controles e, como já comprovado, Lais nunca deixou o aeroporto após ter pousado no voo vindo de Montes Claros-MG", afirmam os advogados da blogueira.
O segundo - e mais novo - pedido de habeas corpus ainda não foi apreciado.