A campanha de vacinação avança, mas ainda há quem rejeite seu lugar na fila dos que têm direito a doses de proteção contra a COVID-19. Para evitar esse tipo de atitude e tentar garantir a segurança de todos, empresas mineiras adotaram estratégias para incentivar seus funcionários a não perder a imunização. Na produtora de cosméticos e materiais hospitalares Farmax, em Divinópolis, Centro-Oeste mineiro, um vacinômetro acompanha a aplicação entre os colaboradores, e um espaço foi criado para que as pessoas compartilhem o momento quase mágico da injeção tão aguardada pela maioria.
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De acordo com ele, a empresa alterou seu processo de produção durante a pandemia: em vez de cosméticos, a prioridade se tornou o álcool em gel. Essa mudança também ajudou a criar um ambiente contra o novo coronavírus. “Fizemos isso justamente para abastecer a sociedade. Gerou um sentimento de pertencimento muito forte no nosso time, mais até que o esperado”, diz Ribeiro. Dos cerca de 800 funcionários da Farmax, 237 já haviam se vacinado até quarta-feira, quando o Estado de Minas conversou com o CEO, segundo a contagem da empresa.
Em Cláudio, na mesma regional do estado, na Amapá, fabricante de instalações e armazenagem, com 600 funcionários, também foi estabelecida uma rede para incentivar a imunização contra a COVID-19. “Foi criada uma programação na empresa, a partir de um canal de comunicação interna e nas reuniões com gestores. Quando a prefeitura criou um aplicativo para agendamento da vacinação, a gente o divulgou internamente e disponibilizou internet e uma equipe para dar assistência aos funcionários”, conta Ronaldo Tobias, engenheiro de segurança do trabalho da empresa.
De acordo com Ronaldo, a Amapá também deslocou uma van para levar os funcionários até um posto de saúde para garantir a imunização. Em todos os casos de vacinação, a empresa abona as horas dos colaboradores, portanto o tempo levado é contado com carga horária cumprida.
Apesar disso, Ronaldo confessa que ainda houve resistência de alguns funcionários. Porém, o planejamento conseguiu ganhar a queda de braço. “É um diálogo de segurança para preparar a população. Querendo ou não, tem aquele discurso antivacina, então se cria uma resistência. Então, lá atrás, antes de começar (a campanha), a gente já preparou a turma para entender a importância de se vacinar contra a COVID-19”, diz o engenheiro.
Gerente de marketing da Amapá, Gabriel Dias Faria afirma que a empresa chegou a interromper suas atividades durante a pandemia. "Estamos entre as cinco maiores empregadoras da cidade, então isso refletiu na sociedade. Optamos por parar em abril deste ano porque a taxa de contaminação estava muito alta. As pessoas cobravam o mesmo posicionamento de outras empresas", afirma.
Na visão do infectologista Geraldo Cunha Cury, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as empresas acertam em cheio na estratégia. “É uma atitude positiva e sensata, porque, na verdade, a vacina é o melhor mecanismo para prevenir formas graves da doença. Então, estimular as pessoas é muito importante. Têm até alguns lugares do mundo onde os funcionários públicos são obrigados a se vacinar. Isso é positivo”, aponta o especialista.
Geraldo lembra do caso de outros países, como os Estados Unidos, onde cidadãos chegaram a receber uma determinada quantia em dinheiro do governo para se imunizar. No Brasil não se chegou a tanto, mas algumas prefeituras criaram mecanismos para atrair quem não pretendia se vacinar ou coibir práticas como aguardar uma determinada fórmula para se imunizar. Em Betim, na Grande BH, o Executivo municipal publicou decreto que autoriza a abertura de processo administrativo, com risco de exoneração, contra servidores que correrem da agulha.
Em 28 de julho, o CEO do Google, Sundar Pichai, enviou um e-mail interno para os mais de 140 mil funcionários globais da empresa para exigir a vacinação para aqueles que voltaram ao trabalho presencial. “Se vacinar é uma das maneiras mais importantes de manter a nós mesmos e nossas comunidades saudáveis nos próximos meses”, escreveu na mensagem. A exceção fica para queles que não podem receber a injeção por motivos médicos.