O setor moveleiro de Passos não poderá mais depositar resíduos - como serragem e pedaços de madeira - no aterro sanitário da cidade a partir de setembro. A prefeitura do município do Sul de Minas apertou o cerco a fim de cumprir lei de 2010 que responsabiliza os geradores de resíduos pela destinação final.
O segmento é forte em Passos: 200 movelarias que geram cerca de 4 mil empregos diretos e indiretos. “A lei não estava sendo cumprida até então e nós estamos tomando essa atitude para cumprimento legal. O nosso aterro não tem condições de receber este tipo de resíduo, não é a destinação adequada", afirma a secretária municipal de Obras, Clélia Rosa.
De acordo com a Associação Comercial e Industrial de Móveis de Passos (Acimov), que tem 50 associados, o assunto tem sido tratado de maneira séria e já foi estabelecida uma parceria com a Associação e Reciclagem de Passos.
A partir de setembro, será instalado um projeto piloto para recebimento de resíduos de madeira e serragem. “Estamos fazendo uma parceria de Ação e Reciclagem para começar a fazer a coleta desse resíduo. Agora que começaremos a quantificar”, diz o presidente da Acimov, Douglas dos Reis Andrade.
Barracão
O professor Willian Paulo Graciano, biólogo com mestrado na área de Tecnologia Ambiental pela PUC, informa que o projeto terá o período de implantação de 12 meses e consiste na instalação de uma unidade de resíduos moveleiros.
Serão duas frentes de trabalho executadas de forma simultânea: a captação dos resíduos vindos do setor moveleiro e paralelamente a isso será realizado um estudo qualiquantitativo.
“O custo de implantação de todo o projeto será de R$ 90 mil a R$ 100 mil, a cargo da Acimov. A nossa expectativa é que, no prazo de 12 meses, ela se torne auto suficiente”, diz o biólogo.
A unidade cobraria um valor do setor moveleiro para receber esse material, que, trabalhado, pode ser comercializado. O barracão é ocupado pela Ação Reciclagem, formada por catadores de material reciclável, que ficarão responsáveis pela a separação dele e poderão lucrar. Eles continuarão a usar o barracão, que fica na região da Serra das Brisas.
No local será possível a entrega voluntária pelas fábricas. Por outro lado, parte das empresas tem destinado os resíduos diretamente a parceiros, ou seja, nem todas as fábricas necessitavam do aterro para o descarte.
Reaproveitamento
Em paralelo, após reunião com o prefeito Diego Oliveira, foi protocolado junto ao Poder Executivo o pedido de uma área para também receber esses resíduos. A ideia é fazer uma seleção no local e dar outro destino, uma vez que o material é passível de reaproveitamento (como adubo, combustão em usinas), gerando emprego e renda para o município.
O vereador Plínio Andrade, representante do setor na Câmara Municipal, busca emendas parlamentares para a compra dos equipamentos necessários para esta segunda etapa do projeto (empilhadeira, peneira rotativa e peneira vibratória).
Artesanato
Outra frente em andamento envolve a arquiteta Denise Silva Salgado Reis. O projeto aproveita os resíduos para a produção de artesanato e outros tipos de artes, inclusive esculturas, a partir de serragem. A arquiteta já elaborou o projeto e as primeiras peças foram produzidas. A ideia é treinar artesãs do município para montagem das peças, inclusive em escala.