A partida entre Atlético e River Plate pela Libertadores nessa quarta-feira (18/8) marcou a volta dos torcedores no estádio, impedidos de acompanharem os clubes devido à pandemia de COVID-19. No entanto, apesar do Galo ter dado um show dentro de campo e saído com a vitória, do lado de fora do Mineirão, a torcida deixou a desejar, provocando grande aglomeração no entorno.
Cerca de 18 mil pessoas foram ao Mineirão para o jogo de volta das quartas de final da Libertadores. Apenas 30% da capacidade máxima, com torcida única do mandante, foi liberada em virtude da pandemia de COVID-19.
Segundo os protocolos fixados pela Prefeitura, os pagantes precisam fazer teste de PCR para COVID ou teste rápido com antecedência máxima de 72 horas. O transporte público foi vetado para evitar aglomerações. Outra exigência é que o nome e o telefone de todos os presentes devem ser informados à PBH para rastreamento de possíveis casos positivos.
Porém, muita gente sem bilhete foi ao local para participar dos "festejos" na Avenida das Palmeiras. Tudo isso no dia em que a taxa de transmissão da doença (Rt) chegou a 1,01 em Belo Horizonte, número acima do ideal.
Gustavo Campos Melo, de 46 anos, saiu na rua hoje com a camisa do Galo estampada no peito e uma máscara do Hulk, para homenagear o jogador. Ele esteve no jogo, mas ressalta que é preciso melhorar os protocolos para as próximas partidas. “Começou fluindo bem, para quem chegou mais cedo ainda estavam conferindo os exames. A partir de 20h30 não pediam os testes, era só o ingresso mesmo. Entregava o papel do exame, mas não olhavam. Dá pra fazer melhor, o torcedor também tem que ajudar. O torcedor tem que se conscientizar porque estamos em uma pandemia que morreram milhares de pessoas. A vida tem que continuar, mas a gente tem que saber que as coisas mudaram”, observa.
Outro torcedor que estava no estádio é Luciano Gomes da Silva, de 46 anos. Ele saiu de Teófilo Otoni, na Região do Vale do Jequitinhonha, e veio para Belo Horizonte assistir ao jogo. Dentro do estádio, ele garantiu que todos os protocolos foram seguidos. “Lá dentro estava tranquilo, pessoal de máscara e todo mundo com teste e vacinado. Foi tudo bem organizado, as pessoas que estavam lá dentro tinham consciência”, disse.
Teve atleticano que veio de também de Brasília para ver o time de perto. Iago de Sá, de 19 anos, desfilou por BH com a máscara do Hulk e disse que deu para matar a saudade. “Foi a segunda vez no Mineirão, vim só para ver o Galo para matar a saudade”, disse. Ele também observou que dentro do estádio, várias pessoas estavam sem máscara. “Dentro do estádio, pelo menos onde eu estava, o pessoal estava mantendo o distanciamento. Mas, apesar disso, tinha muita gente sem máscara.”
Fora do estádio, as cenas foram chocantes. Júlia Azevedo Lemos Salomão, de 21 anos, torcedora do Atlético, lamenta que mesmo com o esforço da Galocura, a torcida organizada do time, os torcedores prestaram um papel lamentável.
“Agora, mais do que nunca, temos que tomar cuidado. Vi que a Galocura optou por não fazer aglomeração, mas os próprios torcedores fizeram inclusive sem máscara, sem distanciamento. Mesmo nesse estado bom do time, a gente não pode deixar isso piorar, principalmente com a variante delta. Acho que a gente tem que tomar mais cuidado nos próximos jogos porque se não a gente pode perder o direito novamente”, ressalta.
A estudante sugere que deva ser repensado todo o controle para as próximas partidas. “Eu acho que só poderia aumentar a fiscalização dentro e fora dos estádios”, afirma.
Wendel Yuri de Pinho Soares, de 22 anos, é mais positivo em relação aos próximos jogos. “É questão de tempo, o pessoal vai se acostumando. Vai pegando experiência e melhorando. O importante é a vitória do 'galão', o time tá excelente com várias vitórias consecutivas. A massa já volta com uma pressão danada, todo mundo cantando, junto, unido na mesma sintonia. Aquele trem é bom demais, ‘cê ta doido’”, comemora em 'mineirês'.
A melhoria dos protocolos vai ser estudada pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), que convocou Atlético, Cruzeiro e Mineirão para uma reunião. Kalil disse que ficou 'desesperado' ao ver a torcida desrespeitando as medidas de prevenção ao coronavírus.
"Do jeito que está não vai ter, não. Isso foi um acerto entre o Mineirão e o Atlético. Primeiro, foi bom o resultado, todo mundo sabe, nunca escondi meu coração atleticano para ninguém. Mas, quando vi aquela cena no Mineirão, eu desesperei. Ontem mesmo entrei em contato com o secretário de Saúde (Jackson Machado)", afirmou em entrevista ao Bom dia Minas, da TV Globo.
"A população tem que entender, a gente quer melhorar, quer ajudar, fazer tudo para melhorar para compensar tudo o que todo mundo passou, mas quem pode colaborar não colabora. Não foi isso que foi combinado. Eu vi torcida organizada lá que pelo preço do ingresso não poderia estar lá, e eu não tenho o menor receio de voltar tudo para trás. Estão enganados quem acha que 'é o Atlético, ele não vai fazer'. Não vai fazer, uma ova. Fizeram um desaforo e um desrespeito ao prefeito de Belo Horizonte", complementou o chefe do executivo.
Ainda não há previsão de quando será feita a reunião com os clubes.