Natália Araújo Silva, de 30 anos, tem síndrome de down e está muito feliz no primeiro emprego com carteira assinada. Ela integrou a equipe do Cartório de Registro de Imóveis de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), no início de agosto e, de lá para cá, tem se mostrado empolgada com a função e convivência com os colegas.
Ela é um dos exemplos do programa que a prefeitura de Betim criou para dar qualificação a pessoas com deficiência (PCDs) com o objetivo de aumentar as chances de empregabilidade. A proposta é auxiliar as empresas contratantes na identificação e superação das limitações estruturais - ou de ações - que impedem a contratação.
A iniciativa é de responsabilidade da Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência (CAAPD), vinculada à secretaria municipal de Assistência Social (Semas).
O programa já está em implantação no formato piloto em Betim. A equipe do Cartório de Registro de Imóveis da cidade, que possui 34 funcionários, participou da capacitação para receber a nova colega de trabalho.
Natália trabalha meio período e sua função no cartório é receber os clientes e entregar as senhas de atendimento. “Estou muito feliz e fiz muitas amizades, todo mundo gente boa. Estou aprendendo muita coisa”, conta Nat, como é carinhosamente chamada pelos colegas de trabalho.
O oficial substituto do cartório, João Paulo da Fonseca Machado, conta que a energia da nova funcionária é contagiante. “Percebemos a vontade que ela tem de se integrar ao emprego e à sociedade. A dedicação e o amor dela pelo trabalho é o que mais contagia a gente", inicia.
"Ás vezes nossos funcionários têm resistência com o uniforme, mas ela não, ela gosta. A mãe dela nos contou que ela ficou acariciando o uniforme, ansiosa para usá-lo no primeiro dia. Isso mostra o quanto o trabalho é importante para ela”, diz João que ponta, ainda, que mais empresas deveriam se abrir a essa experiência.
“É necessário dar espaço a pessoas com deficiência e é uma oportunidade da empresa conhecer algo novo, da inclusão social, e o que a gente aprende é que essas pessoas têm capacidade de desenvolver funções muito bem. A Natália é um exemplo, ela faz com muita propriedade e competência o que é passado a ela”.
Necessidade de inclusão
A coordenadora da CAAPD, Patrícia Gil, aponta para a necessidade do debate sobre a inclusão da pessoa com deficiência no quadro de profissionais das empresas. Para ela, é importante reforçar que a contratação das PCDs vai além do cumprimento de cotas.
“É preciso desconstruir a imagem de que a pessoa com deficiência é incapaz. São profissionais perfeitamente aptos a contribuir para o melhoramento e desenvolvimento de toda a equipe no ambiente de trabalho”, revela.
Para garantir que ocorra a contratação, antes, é preciso promover a sensibilização e uma análise do ambiente de trabalho. A equipe da CAAPD auxilia na identificação das limitações culturais e arquitetônicas que impedem a adaptação e acessibilidade do funcionário no trabalho.
“Oferecemos uma assessoria criteriosa para o mapeamento dos processos de trabalho e identificação dos apoios necessários. Também propomos atividades formativas para que a equipe de colaboradores saiba como acolher os novos colegas”, ressalta Gil.
Segundo a vice-prefeita de Betim e secretária municipal de Assistência Social, Cleusa Lara, a deficiência não pode ser fator de exclusão, restrição ou empecilho.
"O programa nasce com o objetivo de estimular a contratação de pessoas com deficiência sem deixar de acompanhar a sua jornada no novo emprego. Além de auxiliar na adaptação no novo trabalho, nosso projeto também garante o acompanhamento periódico e suporte com instrumentos específicos para a avaliação e adaptação do novo contratado", afirma.
"É um trabalho necessário e que ampliará o acesso das PCDs ao mercado”, finaliza.
Mais informações sobre o programa de qualificação de PCDs:
CAAPD Betim: rua Pará de Minas, 640, bairro Brasileia, Betim.
Telefone: (31) 3594-2350