Jornal Estado de Minas

CONTRIBUIÇÃO MINEIRA

Guaxupé vai participar do estudo de fase da ButanVac, 1ª vacina brasileira

Guaxupé, cidade com 50 mil habitantes no Sul de Minas, terá um papel no desenvolvimento da ButanVac, a primeira vacina 100% brasileira, desenvolvida pelo Butantan. O município vai participar do estudo da Fase A o imunizante contra a COVID-19, segundo informou nesta segunda-feira (23/8) o presidente do instituto, Dimas Covas.




"Neste fim de semana será o primeiro inquérito epidemiológico em Guaxupé. Nossa equipe vai visitar as residências e convidamos pessoas para participar. Serão coletadas amostras de swab nasal e antígeno. Com os casos positivos e PCR vamos saber as variantes que circulam na cidade", explicou Covas durante o anúncio, em visita à cidade mineira.
 
Serão visitados, ao todo, 616 domicílios da zona urbana nos 12 distritos de saúde da cidade - o que representa até 1,6 mil habitantes de Guaxupé. Todos os moradores da residência visitada poderão ser testados, se assim desejarem. O anúncio foi feito hoje no Teatro Municipal Alerte Souza Mendes, com a presença do prefeito de Guaxupé, Dr Heber Quintella (PSDB). 
 
Segundo o presidente do Butantan, a população de Guaxupé que não foi contaminada pela COVID-19 e os menores de 30 anos que ainda não foram imunizados poderão participar do estudo. 
 

'Avanço' 

 
“A vinda do presidente do Butantan a Guaxupé trará a viabilização de estudos muito sérios e novos, o que é um avanço no controle do coronavírus na cidade e em todo o país. Esse estudo nos dará mais clareza e detalhamento da situação da pandemia, do vírus e suas variantes em Guaxupé’’, explicou a secretária municipal de saúde, Daniela Bettelli, que também participou do anúncio.




 
Prefeitura de Guaxupé comemorou em ter sido escolhido para participar do desenvolvimento da vacina (foto: Acervo/Feomg)
 
 
A parceria do município com o instituto proporcionará, além do inquérito, um sequenciamento genético para detectar variantes do coronavírus na cidade. “A ciência vem avançando cada dia mais no combate a este vírus tão mortal. Estamos honrados em receber o presidente do Butantan, Dimas Covas em nossa cidade e poder desenvolver esses estudos aqui. A ciência é o caminho para vencermos o coronavírus’’, pontuou o prefeito de Guaxupé, Dr. Heber Quintella.
 

ButanVac

 
A ButanVac é a primeira vacina desenvolvida contra a COVID-19 com produção integral no Brasil, sem a importação de matéria-prima, e já foi testada em animais, além de receber orientação para a realização dos testes em humanos.
 
As fases 1 e 2 dos ensaios clínicos da ButanVac serão divididas nas etapas A, B e C. Na etapa A, realizada na Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, participarão 418 voluntários que vão receber vacina ou placebo, com objetivo de verificar a segurança do imunizante. Já as etapas B e C terão como objetivo avaliar a resposta imune e envolverão mais de 5 mil voluntários.




 
Os voluntários de Guaxupé entrariam na Fase A dos testes.
 

Resposta contra variantes 

 
Já começaram em Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo, os ensaios clínicos da ButanVac, a candidata a vacina contra Covid-19 que o Instituto Butantan deve produzir no Brasil com insumos nacionais. Fruto de uma parceria com a organização filantrópica norte-americana PATH Center for Vaccine Innovation and Access, utilizando tecnologias desenvolvidas em centros de pesquisa dos Estados Unidos, a ButanVac tem o diferencial de ser uma vacina de baixo custo, produzida a partir de ovos embrionados, e que pode mudar a forma como os países em desenvolvimento combatem o vírus SARS-CoV-2.
 
"Essa é uma vacina aperfeiçoada, que incorporou os conhecimentos que adquirimos com a primeira geração de imunizantes. Ela tem um potencial enorme de melhorar a resposta imunológica das pessoas e combater as variantes", explica o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas. “É uma vacina feita por meio de uma parceria com instituições internacionais, como é absolutamente normal no mundo da ciência, e integralmente produzida no Butantan.”
 
A ButanVac, chamada internacionalmente de NDV-HXP-S, é desenvolvida a partir da inoculação de um vírus modificado da doença de Newcastle que contém a proteína Spike do SARS-CoV-2 estabilizada. Como este vírus infecta aves e é inofensivo para humanos, ele se replica muito bem em ovos embrionados de galinhas – mesma tecnologia usada na vacina contra a influenza (gripe), a mais difundida do mundo. É uma estratégia bem diferente de imunobiológicos que só podem ser elaborados em fábricas especializadas ou que dependem da importação de insumos. Se for provada segura e efetiva nos testes com voluntários, a ButanVac tem potencial de elevar em mais de 1 bilhão por ano a atual oferta de vacinas contra a Covid-19, especialmente nos países em desenvolvimento. 
 
Com Instituto Butantan 




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