Conhecida pelas igrejas históricas e pelo povo religioso, Itapecerica comprovou esses predicados na prática. O município do Centro-Oeste mineiro, com cerca de 20 mil habitantes, inaugurou uma capela em homenagem ao São Bom Jesus de Matozinhos. Detalhe: avistada de qualquer ponto da cidade, a estrutura foi erguida a partir de doações da população, no Morro do Cruzeiro.
“A importância é a fé”, resumiu o fazendeiro Severino José da Silva, de 82 anos. Ele foi uma das peças fundamentais para que o projeto se concretizasse. “É um local para o povo orar, agradecer, pedir... Por isso doei a estrada que facilita o acesso”, afirmou.
A mobilização para as doações foi feita pelo prefeito Wirley Reis (Podemos). Ainda em campanha eleitoral para o primeiro mandato, o atual gestor relatou um sonho em que, em meio a uma guerra, um bandeirante o recomendou que construísse a capela em homenagem ao santo.
“Aquele sonho ficou na minha cabeça e resolvi investigar mais a fundo a história de Itapecerica e conversar com pessoas ligadas à religião católica. Foi aí que descobri que São Bom Jesus de Matosinhos foi o primeiro padroeiro do município”, contou.
Devido à aparição de bichos peçonhentos, na época, decidiu-se substituí-lo por São Bento, por ser o santo protetor contra esses animais. A Matriz de São Bento é a principal igreja do município. A imponência dela soma-as a outras duas construções históricas: igreja de São Francisco de Assis e a de Nossa Senhora do Rosário.
Sem recursos públicos
A capela de São Bom Jesus de Matozinhos tem 8,5 metros por 6,5 metros. Com o caixa da prefeitura enxuto, a estrutura foi construída sem nenhum centavo de recurso público. A mobilização contou com a fé e devoção da população, que é 90% declarada católica, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).
“As doações e colaborações foram as mais diversas, como recursos financeiros, materiais de construção, horas de serviço, cessão de terreno”, citou Têko, como é conhecido o prefeito.
A Comissão de Planejamento e Financeira instaurada para acompanhar a construção não tem um valor fechado do custo das obras.
A mobilização popular também deverá impactar no potencial turístico da cidade. “A capela é, agora, mais um local de orações e peregrinação em nosso município, o que contribui para o fomento do turismo na cidade, tanto o turismo religioso quanto o turismo natural”, afirmou.
A capela deverá integrar a programação de eventos religiosos da cidade, ainda sem data para ocorrer. Enquanto isso, o Morro do Cruzeiro é disputado por devotos em busca de orações e de moradores que, até então, só o via de baixo pra cima, sem imaginar a beleza que guardava.
*Amanda Quintiliano especial para o EM