A mesma equipe de cientistas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) que detectou a variante Delta do novo coronavírus em pacientes de Uberlândia, havia apontado a variante P1 em março deste ano no município. Nesta terça-feira (24/8), em entrevista coletiva, a equipe apontou que a nova variante foi encontrada nos exames de pelo menos dois pacientes.
Os pesquisadores coletaram, entre os dias 23 de julho e 20 de agosto, 28 amostras de secreção de nasofaringe em pacientes e as submeteram ao protocolo para detecção da variante Delta (RT-qPCRs multiplex).
O resultado apontou três amostras positivas, que foram coletadas nos dias 30 de julho, 2 e 18 de agosto. Duas amostras são de um mesmo paciente, que repetiu o exame, e uma amostra é de outro paciente.
De acordo com a chefe da Unidade de Vigilância em Saúde do Hospital de Clínicas - UFU, Cristiane Fernandes, os dois pacientes estão na faixa etária entre 20 e 50 anos e chegaram ao hospital com síndrome gripal.
O protocolo de atendimento, nesse caso, não registra se foram vacinados ou não. Ambos se recuperaram em casa e, no monitoramento, relataram que ainda registram apenas o sintoma de dor muscular.
A pesquisa que investiga a ocorrência de variantes em Uberlândia é liderada pela professora Ana Carolina Gomes Jardim, do Laboratório de Pesquisas em Antivirais do Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM/UFU), e pela doutoranda Giulia Ferreira, do Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas (PPIPA/UFU) e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Completam a equipe os professores Robinson Sabino-Silva e Luiz Ricardo Goulart, do ICBIM/UFU, e Thulio Marquez Cunha, da Faculdade de Medicina (Famed/UFU).
As análises são feitas no Laboratório de Nanobiotecnologia da UFU. “É possível fazer (o teste) na UFU de forma fácil, rápida e barata para toda a região", destacou Cunha. O teste também é capaz de detectar a variante Epsilon (B.1.429), mas ela não foi encontrada em Uberlândia até o momento.
Giulia Ferreira fez estágio técnico-científico com a professora Ester Cerdeira Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que é o centro de referência em vigilância genômica no rastreamento de variantes do SARS-CoV-2 no Brasil. “Nós transferimos esse conhecimento e essa tecnologia para a UFU, então, hoje, nós desenvolvemos toda essa análise na UFU”, destacou Ana Carolina Jardim.
Variantes de Manaus e britânica
No início de março, amostras de pacientes foram analisadas pelo Laboratório de Virologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM) da UFU e pelo Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) e o resultado apontou 25 delas com a variante P.1 (manauara) e uma com a variante B.1.1.1.7 (britânica).
Delta
O primeiro caso da variante Delta do vírus SARS-CoV-2 foi detectado, em outubro do ano passado, na Índia. No Brasil, segundo o balanço mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde, no Boletim Epidemiológico Especial 76, foram encontrados 1.050 casos da variante Delta até 14 de agosto.
O primeiro caso da variante Delta do vírus SARS-CoV-2 foi detectado, em outubro do ano passado, na Índia. No Brasil, segundo o balanço mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde, no Boletim Epidemiológico Especial 76, foram encontrados 1.050 casos da variante Delta até 14 de agosto.