Jornal Estado de Minas

CORRUPÇÃO

Cinco agentes penitenciários e mais nove pessoas são presas em operação

Quatorze pessoas, entre elas cinco agentes penitenciários, foram presas em uma operação da Polícia Civil nesta quarta-feira (25/08). A ação policial  desarticulou uma organização criminosa que atuava na Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá, no Norte de Minas.




 
De acordo com as investigações, o grupo criminoso atuava dentro da prisão, facilitando fugas e a entrada de telefones celulares e outros objetos ilícitos. Os celulares eram vendidos para os detentos por valores que variavam entre R$ 15 mil e 16 mil.


As investigações também apontam que havia um esquema de chegada dos aparelhos na penitenciária (distante 18 quilômetros da área urbana) pelo Sedex, com os agentes envolvidos facilitando a entrada dos equipamentos na unidade.
 
Além dos agentes penais (já afastados de suas funções), na "Operação Trojan" foram presos uma advogada, quatro parentes de detentos e um comerciante de Francisco Sá, que segundo a Polícia Civil, cuidada da lavagem de dinheiro do grupo criminoso. 





Foram cumpridos mandados de prisão contra três detentos, sendo que um deles estava no regime semiaberto e agora será trancafiado. As investigações foram iniciadas em setembro de 2019, logo depois de uma fuga de três detentos da prisão de segurança máxima, considerada em circunstância "anormal", o que levantou a suspeita de agentes penitenciários. 

Um dos coordenadores da operação, o delegado especial Alberto Tenório, de Montes Claros, afirmou que foram registradas na Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá 80 ocorrências, com a apreensão de 100 celulares com características de terem entrado no local a partir do envolvimento dos policiais penais. 

De acordo com o delegado, no trabalho de varredura foram identificadas 100.353 ligações feitas nos 100 aparelhos de 2018 a 2020, sendo mantidos contatos com 18 mil linhas telefônicas no mesmo período.





Conforme o delegado Alberto Tenório, dois presos do serviço de faxina da penitenciária faziam a articulação com os demais detentos (normalmente, os de maior poder aquisitivo), que adquiriam os telefones celulares.

A advogada envolvida no esquema cuidava da interlocução entre os presos e os agentes penitenciários também vinculados à organização criminosa. A advogada também fazia livrar de culpa os presos que eram flagrados com celular dentro da prisão pelo sistema de monitoramento de vídeo da unidade prisional.
 
Neste caso, ela tentava culpar outros presos pela entrada dos aparelhos na penitenciária, livrando os detentos flagrados com os telefones, aponta a investigação.

Sedex e contas bancárias 


Conforme o delegado Alberto Tenório, uma das formas de entrada dos telefones celulares na Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá era a entrega dos aparelhos por Sedex na própria unidade prisional.




 
"Os agentes penitenciários envolvidos davam um jeito para os aparelhos enviados pelo Sedex chegarem à penitenciária quando eles estavam de plantão. Nos procedimentos de vistoria das "encomendas" , eles faziam vista grossa", afirmou Tenório.

Também foi investigada a movimentação financeira da organização criminosa, que teve 16 contas bloqueadas. Em uma das contas, foi identificada a movimentação de R$ 102 mil em espécie.
 

O que diz a Sejusp 


Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Publica (Sejusp) destacou que "o    Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) não compactua com quaisquer desvios de conduta dos seus servidores". Informa também que os investigados terão direito á ampla defesa. 




 
Confira a nota Sejusp na íntegra:

"A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), participou da Operação Trojan, deflagrada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (25).
 
Policiais Penais participaram, juntamente com Policiais Civis, do cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão em Francisco Sá, no Norte de Minas. As investigações estão sendo capitaneadas pela Polícia Civil de Minas Gerais e a Polícia Penal contribui com as informações necessárias.

O Depen-MG ressalta que não compactua com quaisquer desvios de conduta dos seus servidores. Um dos focos da gestão da Sejusp é o enfrentamento e o combate à atuação de Organizações Criminosas e à corrupção. 





Operações como esta são fundamentais em todas as esferas para que o serviço público seja desempenhado com a eficácia e o comprometimento merecidos pela população mineira.
 
Respeitado o direito a ampla defesa e o contraditório, todos os servidores do Depen-MG investigados pela Polícia Civil responderão, quando couber, administrativa e criminalmente pelos seus atos. Os cinco policiais penais investigados, após o fim dos procedimentos, serão encaminhados para unidades prisionais, onde ficarão presos preventivamente aguardando os trâmites judiciais".

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