No período em que as consequências da seca se agravam, o Exército Brasileiro vai suspender o fornecimento de água potável por caminhões-pipas às comunidades atingidas no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha. O Exército será substituído pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec-MG) na segunda quinzena de setembro.
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O Exército realiza a entrega de água para os moradores da zona rural em cinco municípios mineiros, todos em estado de emergência por causa da estiagem prolongada: Espinosa, Francisco Sá, Jaíba e Manga (Norte de Minas) e Itaobim (Vale do Jequitinhonha).
Os prefeitos foram informados da suspensão da ação emergencial pelo Exército em 12 de agosto.
Minas Gerais conta com 127 municípios no Norte de Mina e nos Vales do Jequitinhonha do Mucuri em estado de emergência por conta da seca.
Minas Gerais conta com 127 municípios no Norte de Mina e nos Vales do Jequitinhonha do Mucuri em estado de emergência por conta da seca.
Além dos veículos do Exército, os milhares de flagelados da estiagem prolongada são abastecidos com a água que chega em caminhões-pipas das próprias prefeituras e da Defesa Civil Estadual.
De acordo com o presidente da Amams, o secretário nacional de Defesa Civil informou que, a partir de 28 de setembro, o Exércio deixará de fazer a distribuição de água, mas que o órgão assumirá a função imediatamente.
"Ele (Alexandre Lucas) tranqüilizou que nenhum morador será prejudicado, desde que o município cumpra o protocolo, de decretar situação de emergência ou calamidade publica por causa da seca", explicou Nilson de Sá, prefeito do município de Padre Carvalho.
O presidente da Amams destacou que a associação "está satisfeita com os esclarecimentos, pois independentemente de quem fará a distribuição da água, o importante é atender às famílias afetadas".
Além disso, lembrou, "a direção da Cedec-MG fica em Belo Horizonte. Com isso, fica mais fácil o acesso para cobrar providencias. Ainda mais que os recursos a serem aplicados na ação também vêm do overno federal".
O governo de Minas , por meio de nota, informou que tomou a iniciativa de apoiar os municípios ao tomar conhecimento da suspensão da "Operação-Pipa" em Minas pelo Exército.
"Neste mês, o Gabinete Militar do Governador (GMG), por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), sabendo do possível término da operação realizada pelo Exército, visitou os respectivos municípios e se colocou à disposição para apoiá-los", informou a Cedec-MG.
A Defesa Civil Estadual anunciou que terá condições de atender os cinco municípios a partir de 20 de setembro. "Entretanto, para que isso ocorra, é necessário que eles (os municípios) preencham o Plano Municipal de Distribuição de Água (PMDA)", pondera o órgão estadual.
De acordo com a Cedec-MG, as prefeituras de Manga, Espinosa e Itaobim já iniciaram o procedimento. As administrações de Francisco Sá e Jaíba ainda não deram início ao preenchimento da documentação.
A Defesa Civil Estadual informou ainda que, a princípio, serão contratados 10 caminhões-pipa para o atendimento às famílias atingidas pela falta d água nas cinco cidades. "É preciso salientar que, mais importante que o número de caminhões, é o volume de água que cada um consegue transportar", ressalta o órgão estadual.
RISCOS DA BUROCRACIA
Um dos municípios mais castigados pela estiagem prolongada no Norte do estado, Francisco Sá (26,36 mil habitantes) conta com cinco caminhões-pipas fornecidos pelo Exército, que estão levando água para cerca de 4 mil moradores da zona rural. Os dados são da prefeitura da cidade.
"Espero que a burocracia não venha provocar atrasos e que a população não seja prejudicada neste momento de muita dificuldade", afirma o prefeito de Francisco Sá, Mário Osvaldo Casasanta (Avante), ao comentar a transferência da ação emergencial do Exército para a Defesa Civil Estadual.
O programa de distribuição de água potável do Exército foi criado há mais de 20 anos e atende o semiárido mineiro e oito estados nordestinos: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
"FALTA DE DINHEIRO"
Segundo reportagem da Folha, no comunicado encaminhado aos prefeitos dos municípios mineiros, o Exército alega falta de dinheiro como justificativa para o cancelamento do serviço da "Operação-Pipa".
A reportagem encaminhou questionamentos para os Ministérios da Defesa e da Integração Regional e para o Exército, mas não obteve retorno afé o fechamento desta matéria.