Ter uma cobra de estimação pode parecer estranho para quem está acostumado com cães e gatos. Mas o mercado pet para esses répteis está em crescimento e, acredite, é mais barato e dá menos trabalho nos cuidados do dia a dia. Resumindo, o que os amantes desses animais dizem é: financeiramente, compensa ter esse “bichinho” em casa.
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Os animais ainda devem vir com um microchip, utilizado pelos órgãos de controle e fiscalização.
Recentemente, o país acompanhou os casos de prisão de um estudante que criava cobras clandestinamente na Zona Leste de São Paulo, e um estudante de medicina veterinária que foi picado por uma cobra naja, que também a criava ilegalmente, em Brasília.
Em ambos os casos não havia registros e autorizações para que eles tivessem as espécies em casa, o que os investigadores dizem ser de rede clandestina de tráfico de animais exóticos.
Em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o Jiboias Brasil é um criadouro legalizado que atende a criação doméstica e ornamental, conhecido também como segmento “Pet”.
É o maior da América Latina e o único de Minas Gerais. A criação de jiboias é permitida em criadouros também em Alagoas, Rio de Janeiro e Paraná – nos demais estados brasileiros é proibida.
Atualmente, o local tem uma cartela de vendas com 600 cobras disponíveis, sendo mais de 13 espécies de jiboias. Os valores variam de R$ 2 mil a R$ 7 mil.
Para o proprietário e criador do Jiboias Brasil, que também é biólogo, Tiago Lima, “a proposta não é convencer ninguém a ter cobra em casa. O objetivo é de que as pessoas que gostam tenham a opção de comprar de forma legalizada. A cobra pra ser criada em domicílio precisa nascer em um criatório legalizado”.
E, segundo Tiago, o custo para mantê-las em casa é bem reduzido. “Tem várias raças de cães que variam de R$ 4 a R$ 10 mil. Dentro do mercado pet, a criação de cobras é um setor que ano após ano cresce, não tem retração. A sociedade hoje está abrindo mão de ter filho para ter bicho. A demanda pelos répteis tem crescido justamente porque não necessitam de muito espaço. São animais pra quem tem pouco espaço em casa”, pontua o criador.
Segundo ele, uma jiboia adulta pode variar de 1,20m até 3m e viver 25 anos, mas há registros de algumas espécies que viveram mais de 40.
A criação é bem mais simples. Diferentemente do tutor de outros animais, quem cria cobra não tem a obrigação de manter um cartão de vacinas em dia, por exemplo.
“O mais importante é ter um bom recinto, um terrário que atenda às necessidades da espécie, com água limpa e um ponto de aquecimento. As cobras não transmitem zoonoses. Não há relatos de doenças transmitidas por cobras, então não precisa nem vacinar”, diz Tiago, que ressalta, também, os custos baixos.
“Para uma jiboia adulta em casa você pode dar um coelho a cada dois meses. O custo sai entre R$ 20 e R$ 30 por mês com alimentação. Os filhotes necessitam comer com maior frequência, uma vez a cada 7 a 10 dias; uma espécie jovem, a cada 15 dias; e o animal adulto, com intervalos acima de 20 dias”. A refeição pode ser ratos, camundongos ou coelhos.
Tiago é um amante de cobras e a paixão começou aos 9 anos, quando, ao capturar uma espécie não venenosa na residência da família, não deixou que a matassem. Especializou-se e, hoje, toda a família convive confortavelmente entre as serpentes. Até mesmo os filhos pequenos, de 5 e 9 anos, são vistos brincando com as jiboias dos mais variados tamanhos.
Para Tiago, há o conceito de “abolicionismo” no mundo de criação de animais. “Há um segmento hoje de pessoas que entendem que animais não devem ser criados em cativeiro, independentemente da espécie. É uma visão extremista. Eles não querem que tenham criação, principalmente a comercial. O argumento é de que é exploração, mas não podemos generalizar. Existem dois tipos de convenções internacionais, a Science e a da Biodiversidade. As duas têm como foco a conservação da biodiversidade no mundo e ambas recomendam a criação comercial como a melhor forma de combate ao tráfico”.
Ele ressalta, ainda, que criatório não pega bicho da natureza. “Nossas primeiras matrizes vieram de órgãos ambientais que fizeram apreensões de traficantes. Foram animais que não poderiam voltar à natureza. O que nascer dessa espécie, nessa situação, pode ser vendida. O importante é ter a posse responsável e isso nós orientamos. Tanto que se a pessoa adquiriu e não se adaptou, nós recebemos o animal de volta”.
Criação animais silvestres legalizados no Brasil
Em 2019 um diagnóstico da criação comercial de animais silvestres no Brasil foi feito Ibama. O estudo traz a quantidade de nascimentos declarados no Brasil no período de janeiro de 2017 a junho de 2018.
A criação amadora representa 97,49% dos nascimentos, seguido por 2,31% da criação comercial e 0,20% da categoria científica.
A criação amadora representa 97,49% dos nascimentos, seguido por 2,31% da criação comercial e 0,20% da categoria científica.
Segundo o estudo, há 523 empreendimentos comerciais de fauna registrados no Brasil, sendo 438 criadouros comerciais de animais silvestres e 85 estabelecimentos comerciais.
Dados do sistema informatizado do Ibama disponível em rede, o Sistema Nacional de Gestão de Fauna (SisFauna), apontam o número de animais silvestres registrados: há 482.630 animais em criadouros e 6.225 em lojas.
O documento relata, ainda, que a criação de fauna silvestre é gerenciada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (Oemas) e por meio do sistema informatizado SisFauna.
“O controle é necessário para evitar que animais oriundos do tráfico sejam comercializados como animais regularizados, ou seja, nascidos em cativeiro”, diz o documento.