Sonhos podem ser alcançados mesmo depois de um drama que vai mudar para sempre a vida de uma pessoa. Para o adolescente Gabriel Lucas Alves do Nascimento, ou simplesmente Gabriel Feijão, de 17 anos, o recomeço já teria o sabor de uma vitória épica, mas o êxito vai muito além. Sonhador, o jovem mineiro franzino foi um dos convocados da Seleção Brasileira de futebol de amputados para a disputa das Eliminatórias para a Copa do Mundo da categoria, no ano que vem, na Turquia.
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Gabriel 'Feijão', vítima de linha chilena, começa a caminhar com prótese; veja vídeoCampanha em Minas alerta para os riscos do cerol e linha chilenaJá em casa, Gabriel revela que tentava evitar acidente com linha chilena quando se cortouEste tipo de linha tem poder cortante quatro vezes maior do que o do cerol (com vidro moído). A Lei Estadual 14349 proíbe o uso de linhas cortantes em Minas Gerais, com multa que pode chegar a R$ 1,5 mil. Em Betim, também há uma lei de 2017 impedindo a utilização desse tipo de item.
Gabriel queria ser jogador profissional, mas teve de abandonar o sonho para se dedicar à recuperação. Foram necessárias várias sessões de fisioterapia até a colocação de uma prótese. Logo, o adolescente disse aos familiares que queria ser atleta paralímpico.
“É uma felicidade muito grande. Meu sonho era me tornar um jogador profissional, mas por tudo o que aconteceu, foi preciso mudar esse sonho. Eu fiquei muito emocionado com a notícia (da convocação para a Seleção), sabendo que tudo está ocorrendo do jeito que eu queria, mas numa modalidade diferente. É algo inexplicável”, afirma Gabriel Feijão, que se apresenta à Seleção ema 26 de setembro, em São Paulo, para um período de preparação e treinos.
No momento da convocação, ele estava em casa descansando, depois de ir à aula (cursa o 1º ano do Ensino Médio). O jovem não conteve a emoção quando viu o técnico Rodrigo Oliveira ler seu nome. “O treinador começou a ler os nomes e, no momento em que falou dos atacantes, o primeiro nome foi o meu. Aí, comecei a pular de alegria. Recebi muitas mensagens de incentivo, ligações... Sabia que não ia ser fácil. Mas disse que correria atrás do sonho e chegaria à Seleção”, afirmou o jogador.
Gabriel Feijão atua no projeto Associação Mineira de Desportos para Amputados (AMDA), no Bairro Lagoinha, Região Noroeste de BH, que também cedeu à Seleção Brasileira os meias Breno e Tadeu. Na modalidade, eles se livram momentaneamente das próteses e usam muletas. Cada time atua com sete jogadores num campo de futebol society, mais reduzido. O Comitê Internacional Paralímpico tem a intenção de testar o esporte nos Jogos de Paris, em 2024, e torná-lo definitivo a partir de 2028, em Los Angeles.
Disputar uma Paralimpíada passa a ser mais um sonho para o mineiro. Por enquanto, ele se dedica aos treinos em Belo Horizonte e faz trabalhos em academia para complementar a preparação física. “No começo, tudo é difícil. Até a gente se acostumar com a muleta, ter noção de jogo, é preciso muita dedicação. Mas com o tempo me adaptei”.
Emoção de pai
A conquista de Gabriel Feijão foi acompanhada pelo pai, Amilton do Nascimento, de 48 anos, que presenciou todo o drama do filho nos últimos dois anos. “Para um pai, tudo isso é uma vitória. Toda a história foi muito triste. Quando ele perdeu a perna, aos 15 anos, foi uma dor no coração muito grande. Mas ele é muito esforçado e conseguiu dar mais um passo, o que nos deixa muito felizes. Aprender o futebol de amputados não é algo fácil. Foi preciso muito esforço, já que, sem a dedicação, ele iria desistir facilmente”, ressaltou.
A conquista de Gabriel Feijão foi acompanhada pelo pai, Amilton do Nascimento, de 48 anos, que presenciou todo o drama do filho nos últimos dois anos. “Para um pai, tudo isso é uma vitória. Toda a história foi muito triste. Quando ele perdeu a perna, aos 15 anos, foi uma dor no coração muito grande. Mas ele é muito esforçado e conseguiu dar mais um passo, o que nos deixa muito felizes. Aprender o futebol de amputados não é algo fácil. Foi preciso muito esforço, já que, sem a dedicação, ele iria desistir facilmente”, ressaltou.
Para ele, ver o filho dando o primeiro passo é uma sensação indescritível: “O processo foi muito lento. Primeiro, ele não sabia se ia querer. Depois, começou a treinar e, aos poucos, foi se adaptando aos exercícios e tomou gosto. O caminho agora é esse. Queira ou não, ele realiza o sonho de jogar futebol, como sempre quis”.