Dia de comemoração nos quatro restaurantes populares de Belo Horizonte, com a reabertura de seus salões ao público, a partir desta quarta-feira (8/9). No cardápio do almoço, oferecido em todas as unidades, arroz, feijão, pernil em cubos, ovos mexidos com tomate ou canjiquinha (opcional), salada de cenoura ralada e mexerica de sobremesa.
Mesmo com os preços dos alimentos nas alturas, a prefeitura optou por manter os valores de antes da pandemia. As refeições servidas para as pessoas em situação de rua são 100% subsidiadas. Os beneficiários do Programa Bolsa Família pagam metade do preço cobrado nos restaurantes. O valor pago pela população em geral é de R$ 3 para o almoço, R$ 1,50 para o jantar e R$ 0,75 para o café da manhã. Os valores são os mesmos desde 2015.
Darklane Rodrigues Dias, subsecretária de segurança alimentar e nutricional da PBH, disse que os preços praticados são os mesmos desde 2015, quando houve o último reajuste. "O aumento de preço dos alimentos durante a pandemia impactam fortemente nas famílias e pessoas mais vulneráveis e optamos pela reformulação dos cardápios, ampliando o quantitativo de gêneros alimentícios e a retirada de alimentos ultraprocessados, carnes embutidas, mantendo a qualidade e a diversidade nutricional dos cardápios."
O atendimento presencial, restrito, passou a funcionar nas quatro unidades. São duas na região central, o Hebert de Souza, próximo à rodoviária, e o Josué de Castro na região hospitalar, que oferecem três refeições: café da manhã, almoço e jantar. Os demais, Maria Regina Nabuco, na estação BH Bus de Venda Nova, e Dom Mauro Bastos, no Barreiro, somente almoço. O refeitório Popular João Bosco Murta Lages, na Câmara Muncipal de BH, no Santa Efigênia, permanece temporariamente fechado.
As bandejas continuam fora de circulação. Nessa primeira fase de reabertura ao público, os marmitex serão retirados na portaria e os clientes podem entrar para alimentação na parte interna dos prédios.
No Restaurante Popular Dom Mauro Bastos, no Barreiro, um espaço ao lado da cozinha foi reservado e cercado para que os funcionários acondicionassem a comida nas marmitas. Elas são conduzidas por elevador até o andar térreo e entregues aos usuários, que podem optar por levar para casa ou comer no salão do segundo piso.
Darklane Dias disse que marmitex continuarão a ser servidos para consumo nos restaurantes, mas os funcionários orientarão os usuários que moram ou trabalham próximo às unidades que priorizem levar a comida para seus espaços próprios.
Para os que optarem por almoçar no local, a secretária disse que todos os protocolos orientados pela Secretaria Municipal de Saúde serão obedecidos, inclusive há pias com sabão para lavagem das mãos. Os funcionários foram devidamente orientados e todos receberam as duas doses da vacina.
As mesas foram todas marcadas com X em cor vermelha, demarcando o distanciamento. Álcool em gel foi disponbilizado, os bebedouros funcionam apenas para a retirada da água. Funcionários reforçam a necessidade de uso de máscaras e do distanciamento tanto nas filas quanto na hora do consumo.
Sobre retorno das bandejas ainda não há previsão. "Vamos monitorar essa primeira fase para avaliar futuramente a retomada total do uso das bandeijas. Elas exigem maior tempo do usuário no interior do restaurante."
Darklane informou que tanto os cardápios quanto as embalagens foram elaborados, testados, inovados e organizados por equipe de nutricionistas. "Mantivemos os mesmos cardápios e a equipe técnica, durante a pandemia, fez muitas inovações, com testes de receitas, até porque para atuar com marmitex há preocupação nutricional, tanto no que diz respeito a receitas, quanto ao tempo correto de uso das embalagens em temperatura ideal."
Faltou informação no Barreiro sobre a disponibilidade dos salões de refeições. Várias pessoas comiam nas calçadas ao redor do restaurante. Alguns se mostraram surpresos com a notícia da reabertura.
O corretor de imóveis Luciano Cezar, 27 anos, se preparava para abrir sua marmita, sentado em uma murada sob a sombra de uma árvore, quando foi abordado pela reportagem do Estado de Minas. "Não vi nenhum aviso e ninguém me informou que estava aberto. Agora que estou aqui, vou comer aqui mesmo."
Luciano disse que sempre almoçou no restaurante popular do Barreiro por estar próximo do trabalho, mas também apontou a qualidade e o valor cobrado como referências. "A comida é excelente e gasto aqui R$ 15 por semana, isso é o preço de um PF em qualquer outro restaurante da redondeza."
O corretor gostou da ideia do marmitex. "Antes da pandemia tinha até parado de almoçar aqui porque as filas eram gigantescas. Quando passaram a servir marmitex agilizou muito e voltei a consumir meu almoço aqui."
O corretor gostou da ideia do marmitex. "Antes da pandemia tinha até parado de almoçar aqui porque as filas eram gigantescas. Quando passaram a servir marmitex agilizou muito e voltei a consumir meu almoço aqui."
O restaurante no Barreiro atende principalmente trabalhadores, estudantes e moradores do entorno. Uma média de 1.900 a 2.300 refeições/dia. Foram disponibilizadas 200 cadeiras aos usuários dentro do salão.
Fernando de Paula e Rezende, de 42, analista de transporte e trânsito, optou por fazer sua refeição no horário de almoço no restaurante popular. "Como aqui há mais de três anos. A comida é bem feita, sai na hora, há segurança alimentar através de um processo muito bem controlado pelas nutricionistas, apesar de não ser da área nutricional, só acho que a quantidade de caboidrato pode ser reduzida."
Ilma Maria das Graças, 71 anos, do lar e Andreia Gonçalves Milani, 46 anos, desempregada, mãe e filha, souberam da reabertura pela imprensa "e resolvemos vir no primeiro dia." Moradoras do Vale do Jatobá, na mesma região, classificam as refeições como "deliciosas". Andreia disse que observou que os protocolos de segurança quanto à pandemia estão sendo respeitados. "Isso nos dá mais tranquilidade para continuar frequentando."
O aposentado José Marcos Leão, 68 anos, diz que sempre almoçou no bandejão porque o preço é muito bom, "três reais dá para comprar mais de uma marmita, mas acho que poderiam colocar mais feijão e tem pouca verdura de folha", sugere.
De acordo com a PBH, entre 18 de março de 2020 a 22 de agosto de 2021, foram servidas mais de 2,4 milhões de refeições, entre café da manhã, almoço e jantar, nas unidades na capital. Deste total, aproximadamente 890 mil refeições foram ofertadas de forma gratuita para a população em situação de rua.
Veja os cardápios para os quatro restaurantes populares de BH
Quarta-feira (8/9)
Arroz, feijão, pernil em cubos ao molho. Opção: ovo mexido com tomante. Canjiquinha, salada de cenoura ralaa. Sobremesa: banana ou mexerica
Quinta-feira (9/9)
Arroz, feijão, frango em cubos ao molho. Opção: ovo cozido. Couve ao alho e óleo, salada de beterraba cozida. Sobremesa: banana
Sexta-feira (10/9)
Arroz, feijão, lagarto ao molho. Opção: omelete com cenoura. Abobrinha ao sugo, salada de almeirão. Sobremesa: banana.
Endereço dos restaurantes populares e horário de funcionamento:
Restaurante Popular I - Herbert de Souza
Endereço: Avenida do Contorno, 11.484 - Centro
Funcionamento
7h às 8h - café da manhã
11h às 13h30 - almoço
17h às 18h30 - jantar
Restaurante Popular II - Josué de Castro
Rua Ceará, 490 - Santa Efigênia (região hospitalar)
Funcionamento
7h às 8h - café da manhã
11h às 13h30 - almoço
17h às 18h30 - jantar
Restaurante Popular III - Maria Regina Nabuco
Rua Padre Pedro Pinto, 2.277 - Estação BHBus - Venda Nova
Funcionamento: 11h às 13h30 - almoço
Restaurante Popular IV - Dom Mauro Bastos
Rua Afonso Vaz de Melo, 1.001 - Barreiro
Funcionamento: 11h às 13h30 - almoço
Refeitório Popular João Bosco Murta Lages
Avenida dos Andradas, 3100 - Santa Efigênia
Fechado temporariamente.