A interação e o respeito dos indígenas com a fauna e flora brasileira ecoam no tempo e passam de geração em geração. Preservação, para os povos originários, ultrapassa o dever cívico e passa a ser uma questão de sobrevivência cultural e perpetuação dos costumes, entrelaçados com a terra que, por vezes, arde em chamas.
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Em Minas Gerais, em 2010, foi criada pelo Ibama a Brigada Federal Indígena da etnia Xacriabá. Com o objetivo de preservar a fauna e a flora, dentro e fora das reservas indígenas, o time conta com a colaboração de 29 brigadistas remunerados.
O manejo integrado do fogo é algo complexo, baseado em aspectos sociais, culturais e ecológicos. Por isso, a equipe é formada a partir de cursos anuais e capacitações periódicas pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). Em tempos de pandemia, a formação é realizada por treinamentos internos e aplicação dos manuais de prevenção e combate ao fogo.
Parcerias com outras instituições, como o Instituto Estadual de Florestas (IEF), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) também contribuem com a formação dos brigadistas.
Elisandro Pimenta, conhecido como Nirim, na aldeia Barreiro Ouro Preto, onde vive, é um dos indígenas que compõem a brigada. Ele conta que o trabalho do grupo não se limita aos combates a incêndios. “A gente faz esse trabalho de conscientização para pessoas das comunidades indígenas e não indígenas”, comenta.
Nirim, com 34 anos, atua como brigadista desde 2018. Nascido e criado dentro da aldeia Xacriabá, enfatiza a importância da terra para a comunidade: “são raízes, né?”.
Emocionado, ele comenta sobre a relação que nutre entre a luta pela terra, seu passado e o trabalho pela preservação das florestas. “Me criei dentro da comunidade, meus avós paternos, maternos todos são daqui, desde antes da luta pela homologação da nossa terra”.
Somente neste ano, a Brigada Brigada Federal Indígena Xacriabá integrou o front de combate a incêndios nas regiões de Porto Seguro, na Terra Indígena Aldeia Velha, e na Chapada Diamantina, na Bahia.
O grupo, além das ações nas Terras Indígenas Xacriabá, trabalhou na Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu, em parceria com o ICMBio e o CBMMG.
Manutenção de aceiros
Nessa segunda-feira (6/9), um esquadrão composto por sete brigadistas iniciou uma nova jornada de trabalhos. O grupo está realizando a construção e manutenção de aceiros e limpeza de áreas do entorno do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) Lagoa Grande, em Nova Lima. A cidade faz parte da região metropolitana de Belo Horizonte.
Caracterizados por longas faixas onde a vegetação foi completamente eliminada da superfície do solo, os aceiros têm a finalidade de prevenir a passagem do fogo para área de vegetação, evitando queimadas ou incêndios.
As ações têm o objetivo de proteger as áreas do CRAS contra danos ocasionados por possíveis incêndios, que têm se intensificado na região nos últimos anos.
Além de preservar tanto os animais ali acondicionados, quanto a biodiversidade local, os brigadistas preveem a proteção do patrimônio móvel e imobiliário do Ibama e das pessoas que trabalham na área.
A previsão é de que as atividades do grupo prossigam até a próxima semana, até que todo o perímetro da área, com cerca de 1.500 metros de extensão, seja totalmente protegido.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.