Jornal Estado de Minas

VACINA CONTRA A COVID-19

Remanejar doses em Minas esbarra em dificuldades e logística dos municípios

A devolução ao governo de Minas Gerais da sobra de doses de vacinas contra a COVID-19 para redistribuição àqueles municípios que não completaram a imunização de adultos com a primeira dose deverá enfrentar dificuldade e tropeçar na logística já estruturada pelos municípios.



Enquanto o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, afirma contar com as unidades remanescentes de CoronaVac para equalizar a cobertura vacinal em todo o estado, prefeituras da Grande Belo Horizonte ouvidas ontem pelo Estado de Minas, incluindo os três maiores municípios – BH, Contagem e Betim – informaram não ter como ceder, agora, seus estoques.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, que o estoque de Coronavac está abastecido com doses suficientes para atender aos grupos de morados já convocados para se imunizarem.  Ontem, foi aplicada a segunda dose em pessoas de 28 anos e hoje será a vez de quem tem 27 anos tomarem o imunizante. Ambos os grupos estão sendo imunizados com a CoronaVac.
 
“É importante destacar que os os quantitativos solicitados nas últimas remessas foram ajustados para a atender à demanda projetada pelo município, sem a necessidade de remanejamentos devido a existência de sobras”, destacou a secretaria em nota. Ao EM, a Prefeitura de Betim informou que até o início da tarde de ontem ainda não tinha feito o levantamento das doses restantes no município e sustentou não ter sido oficialmente notificada sobre a necessidade de repassar as possíveis doses restantes da CoronaVac.




 
A Secretaria de Saúde de Contagem informou que o estoque de CoronaVac está baixo, e o município tem utilizado esse estoque para aplicação da primeira e segunda doses da vacina. Com isso, não poderia enviar imunizantes a outros municípios. Em Pedro Leopoldo, houve sobra de algumas unidades de CoronaVac, que foram utilizadas ema repescagem ontem.  Portanto, a prefeitura ainda não poderia estimar sobra de doses. O EM buscou informações também nas prefeituras de Nova Lima, Confins, Matozinhos, Rio Manso e Igarapé, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
 
O remanejamento das doses é necessário, de acordo com o secretário de Saúde, Fábio Baccheretti, para atender cidades nas quais falta imunizante, enquanto haveria sobra em outros municípios. Com a decisão, o estado conta poder direcionar cerca de 650 mil vacinas produzidas pelo laboratório Pfizer, recebidas esta semana, para aplicação da dose de reforço em idosos acima de 70 anos que completaram o esquema vacinal há seis meses, em pessoas imunocomprometidos e em adolescentes.

(foto: Fábrio Marchetto/SES-MG)
 
Baccheretti explicou que a ideia é otimizar e melhorar a logística da campanha. Com essa dinâmica, o estado poupa as doses da Pfizer para o reforço de idosos e imunossuprimidos, bem como para a proteção dos adolescentes, já que o composto é o único aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para essas finalidades. Ao mesmo tempo, proporciona a conclusão mais rápida da vacinação de maiores de 18 anos.



“Essa medida é importante para que a gente não chegue lá na frente com doses de CoronaVac sobrando sem ter população para ser aplicada. Também evitamos perder a oportunidade de usar a Pfizer agora para vacinar adolescentes e aplicar o reforço”, esclareceu o secretário.

Doação

A devolução de doses de sobra ao governo estadual está prevista na Deliberação 3.508, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) do último dia 3. A pasta afirma que 404 cidades já oficializaram o término da vacinação de adultos. O Executivo, no entanto, acredita haver mais localis na mesma situação. O EM solicitou a lista de municípios mas não teve retorno até a publicação desta matéria. Na segunda-feira, o governo de Minas já tinha dito que  pelo menos oito cidades da Região Metropolitana de BH já haviam concluído a imunização em primeira dose. São elas:  Belo Horizonte, Confins, Contagem, Matozinhos, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Rio Manso e São Joaquim de Bicas.
 
A título de exemplo para a redistribuição de vacinas, a SES-MG destacou São Joaquim de Bicas, que devolveu  as doses remanescentes de CoronaVac à Superintendência Regional de Saúde da capital mineira. Procurado pela reportagem, a secretária de Saúde de Bicas, Talita Paiva, disse que a medida adotada pelo estado é extremamente importante para que outros municípios consigam finalizar o processo de vacinação.



‘‘A primeira doação, de 500 doses de Coronavac aconteceu no dia 3 de setembro.  A segunda doação, de 200 doses de CoronaVac  aconteceu no dia no último dia 9.  Ambas doações foram comunicadas ao governo do estado de MG e registradas no Sistema Estadual de gestão dos imunizantes. Por uma questão logística, as vacinas foram entregues diretamente ao município de Igarapé’’, informou.
 
Segundo Talita Paiva, a logística não atrapalha. ‘”Seguimos  na campanha de vacinação, já estamos com 99,5% de vacinados com a primeira dose, e 56,4% de segunda dose. É uma expectativa muito boa para o cenário”’, disse. Até ontem, foram aplicadas 19.149 doses, sendo 18.709 na população adulta (acima de 18 anos), 425 em adolescentes sem comorbidade, pessoas acima de 15 anos e 15 adolescentes com comorbidade, acima de 12 anos. A CoronaVac não pode ser aplicada como dose de reforço e nem na população menor de 18 anos. Está sendo utilizada a vacina da Pfizer para terceira dose. * Estagiária sob supervisão da subeditora Marta Vieira 

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