Há muito que a Polícia Civil tenta desmantelar uma quadrilha que vem aplicando o chamado “Golpe do Motoboy”. Pois a expectativa de alcançar esse objetivo surge, agora, com a prisão, em flagrante, de um homem, de 26 anos, suspeito de integrar um grupo interestadual especializado especialista nesse tipo de ação. A prisão ocorreu no Bairro Santo Antônio, região Centro-Sul de Belo Horizonte, e abre a perspectiva de identificar e qualificar um suspeito do Rio de Janeiro e outro de São Paulo.
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A vítima relatou que uma pessoa se passou por um policial civil, entrando em contato com ele, afirmando ter uma ordem judicial para cumprir buscas em um imóvel que pertence à vítima.
“O advogado desse empresário achou estranho, e fez uma ocorrência, que chegou para a Polícia Civil. A partir do filtro que o Serviço de Inteligência da regional fez, começamos a verificar a situação”, afirma.
Nas primeiras investigações, os policiais detectaram que os envolvidos estavam vinculados a outras ocorrências, do chamado “golpe do motoboy”. Uma equipe foi, então, disponibilizada para o caso.
Por recomendação da polícia, foi feita uma combinação de encontro da vítima com os criminosos. Os policiais foram ao local indicado. O suspeito se encontraria, ali, com o empresário, para cumprir a falsa ordem judicial.
Tão logo o suspeito chegou ao local, os policiais lhe deram voz de prisão. Com o homem, foram apreendidos R$ 1 mil em espécie; dois celulares; uma máquina de cartão de crédito, três motocicletas e sete cartões de diferentes vítimas. Duas das motos apreendidas tinham sido utilizadas em golpes anteriores.
A partir dessa prisão, os policiais detectaram a participação de outras duas pessoas, um homem que reside no estado de São Paulo e outro no Rio de Janeiro. Este último seria um dos responsáveis por gerenciar a organização criminosa.
“Nesse caso específico, a gente já tem identificado um indivíduo de São Paulo, um do Rio de Janeiro e o outro de Contagem, que atuava aqui na região. Já estamos com esses três indivíduos qualificados e analisando a participação de um quarto indivíduo, que já se encontra preso no Rio de Janeiro”, conta o delegado.
O golpe e a recomendação
O golpe consiste em uma ligação feita para a vítima, que parte do golpista, que se passa por funcionário de estabelecimento bancário. Ele diz que o cartão da vítima foi clonado e que deve ser bloqueado. Esse falso funcionário solicita dados da vítima, inclusive a senha, e recomenda que o cartão seja cortado ao meio, preservando o chip. Em seguida, o golpista diz que enviará um motoboy até a casa da vítima, recolher o ship, às vezes, dependendo da combinação, o cartão, para que possam ser feitas análises de possíveis compras irregulares. Quando o cartão é cortado ao meio, o chip não é danificado. Assim, de posse da senha e com o chip disponível, os golpistas realizam compras em estabelecimentos diversos.
A recomendação da polícia, segundo o delegado Guilherme Santos, é para que a pessoa desligue o telefone e consulte seu gerente sobre alguma irregularidade. “Nenhum banco pede o cartão de volta ou oferece para buscá-lo em casa. Quando precisar destruir seu cartão, corte em várias partes e não deixe o chip inteiro.”
A operação foi conduzida pelos policiais da Delegacia Regional Sul, com participação da Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária (SIPJ).