Jornal Estado de Minas

TRADIÇÃO

Região mineira pode ser reconhecida como produtora de queijo artesanal

Considerada uma iguaria, o Queijo Minas Artesanal é uma das marcas registradas do estado. Reconhecido nacionalmente, este tipo de queijo é amplamente procurado pela população, seja ela mineira ou do restante do país. 





Para a usar a nomenclatura na embalagem, o queijo deve ser produzido por uma das regiões reconhecidas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). 

Atualmente, em Minas Gerais, oito regiões possuem o selo do produto. As cidades de Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serras da Ibitipoca, Serro e Triângulo Mineiro são produtoras de Queijo Minas. 

Agora, o estado pode ganhar mais uma região com o reconhecimento. Um levantamento, já em fase avançada da Emater, pode caracterizar a área de Entre Serras da Piedade, na Região Central mineira, como a nona produtora do queijo no estado. 





A região contempla os municípios de Catas Altas, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Rio Piracicaba, Bom Jesus do Amparo e Caeté. 

Como uma região é reconhecida como produtora de Queijo Minas? 


Reconhecido pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, em 2008, o Queijo Minas Tradicional passa por um processo delicado de fabricação. 

Feito a partir do leite integral de vaca fresco e cru, retirado e beneficiado na propriedade de origem, o queijo deve apresentar consistência firme, cor e sabor próprios, massa uniforme, isenta de corantes e conservantes.

Na produção, além do sal e do coalho, é utilizado o pingo: um fermento natural extraído do soro da produção de queijo do dia anterior. A estimativa é de que o Queijo Minas Artesanal seja produzido por 9 mil pequenos produtores do estado.





A caracterização de uma região produtora de Queijo Minas Artesanal, por sua vez, é o primeiro passo para o reconhecimento oficial. Após esta fase, respaldado por estudos do processo de fabricação, um estudo realizado pela Emater, reconhece oficialmente o processo de fabricação. 

No levantamento, considera-se a história, economia, cultura, clima e outros itens da identidade regional. Além disso, a população participa ativamente do processo.

“Na região de Entre Serras da Piedade ao Caraça, já foi aplicado um questionário para levantamento de dados e conhecimento da realidade dos produtores”, explica a coordenadora estadual de Queijo Minas Artesanal da Emater-MG, Maria Edinice Rodrigues.

No local, já são produzidos mensalmente cerca de 1,4 mil queijos que, sem o reconhecimento, não são autorizados a utilizar o selo. 

Segundo a coordenadora regional de Bem-Estar Social da Emater, Sheilla Forza, a realidade dos produtores deve melhorar com a consolidação do processo. 





Ela ressalta vários benefícios que a caracterização poderá trazer para os produtores. “Agregação de valor ao produto, melhoria da qualidade dos queijos na região, diversidade gastronômica, segurança alimentar, aumento da renda familiar e ocupação da mão de obra, entre outros”, afirma.

O trabalho de caracterização da região de Entre Serras da Piedade ao Caraça é uma parceria da Emater-MG com prefeituras municipais, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Senac, Santuário do Caraça e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

Oficina com produtores 


Na próxima terça-feira (28/9) será realizada uma oficina para os produtores, Barão dos Cocais. Promovida pela Emater-MG, o evento é uma das etapas do trabalho de caracterização da região de Entre Serras da Piedade ao Caraça. 





A expectativa é que 16 produtores de Queijo Minas Artesanal participem das atividades. “Nesta oficina, vamos definir as características sensoriais do queijo da região, como a textura, consistência, tamanho, peso, sabor e odor”, explica Maria Edinice.

Após a conclusão dos estudos de caracterização, somados a oficina, o relatório segue para análise da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Caso aprovado, o reconhecimento é oficializado com a publicação de uma portaria no Diário Oficial do Estado.
 
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.