Jornal Estado de Minas

VELHO CHICO POUPADO

Nascente do São Francisco dribla seca intensa e apresenta volume razoável

Com a intensa seca que atinge Brasil e Minas, logo surge uma preocupação: e a nascente do Rio São Francisco, que secou, pela primeira vez na história, em 2014? Diferentemente daquele ano, o que se vê é a água brotando do solo em volume razoável. É o que informa a direção do Parque Nacional da Serra da Canastra, que abrange, entre outros municípios, São Roque de Minas, no Centro-Oeste mineiro.





O motivo para o Velho Chico não ter sido afetado por enquanto são as ações adotadas no combate ao fogo, segundo afirma o chefe do parque, Carlos Henrique Bernardes. “Duas ações em especial têm trazido resultados. Uma é a nova metodologia de manejo e controle do fogo, que nós temos adotado na Serra da Canastra e que o ICMBio tem executado também em outras unidades de conservação do bioma Cerrado, que é o  MIF (Manejo Integrado do Fogo)”, afirma.

O diretor explica que antes existia uma orientação de “Fogo Zero”, que acabou se mostrando pouca efetiva na prevenção de incêndios no cerrado, visto que deixava muito capim seco acumulado durante anos favorecendo a propagação do fogo. Com isso, quando o fogo atingia esses locais de grande acúmulo de “combustível”, isto é, capim seco, as chamas eram muito intensas. Com isso, não raro, incêndios de grandes proporções na Serra da Canastra eram formados, às vezes queimando até metade da área do parque.

Aprendizado com a população tradicional


Outra medida foi se aproximar e aprender com a comunidade no entorno do parque. Além de ampliar o conhecimento sobre o parque nacional, a direção melhorou os mecanismos de requerimento para a queima controlada de povos tradicionais.




 
Vazão do Velho Chico está boa graças a atuação firme de uma equipe treinada (foto: ICMBio/Divulgação)
 

Dessa forma, a prática usada para renovar os campos nativos passou a ser facilitada e, assim, aumentar o controle para evitar que se torne um incêndio que possa prejudicar o Parque Nacional da Serra da Canastra.

Sem incêndios significativos


Carlos Henrique Bernardes informa também que neste ano ainda não foram registrados incêndios, apenas focos de fogo, comuns nesta época. Além das medidas citadas, o apoio em caráter preventivo de oito brigadistas de Brasília e de um avião air tractor foram fundamentais para detectar focos de fogo e auxiliar no combate a essas chamas.

Na área da fiscalização, são realizadas investigações e ações contra pessoas suspeitas de provocar incêndios no parque. Em agosto de 2021, houve uma operação em conjunto com a Polícia Federal através da qual foram autuadas, pelo ICMBio, três pessoas. Segundo o trabalho investigativo, elas introduziram bovinos e equinos no parque e, muito provavelmente, atearam fogo para renovar os campos nativos de forma ilegal.





Essas pessoas também vão responder a inquérito da Polícia Federal que investiga o envolvimento delas com um grande incêndio no Parque da Serra da Canastra ocorrido em 2020.

Multiplicadores


Com foco nas ações futuras, a equipe do parque tem promovido um curso de capacitação de professores de escolas de todo entorno da região da Canastra, uma parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). 

“Estamos capacitando esses professores sobre o Parque da Canastra, abordando a biodiversidade, a geografia, história, o manejo do fogo que ocorre dentro do parque, uma série de outras questões", explica o chefe do parque, Carlos Henrique Bernardes. 

"Depois disso, a ideia é que sejam criados projetos para que possamos trabalhar com eles e os alunos dentro do Parque, aumentando a conscientização de todos sobre a importância desse patrimônio natural que é de todos nós brasileiros e reconhecido mundialmente”, finaliza.

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