O fato de Minas Gerais arder em chamas em setembro, historicamente, já é conhecido pela população e pelas autoridades. O problema é que, neste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) computa o mês com mais focos ativos no estado desde 2011: 4.919. Em média, o Inpe registra um foco ativo em Minas a cada seis minutos neste mês. Como ele ainda não terminou, portanto, pode ser superado o total contabilizado em 2011 (5.930), ou até mesmo o recorde de 7.489, registrado em 2003.
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Como sempre, grande parte desses episódios está ligada à ação humana. Segundo os bombeiros, a maior parcela dos incêndios de setembro se deu em perímetros urbanos, sobretudo na Grande BH. Outra situação comum, segundo Pedro Aihara, é na zona rural, onde agricultores colocam fogo em vegetação na tentativa de realizar a limpeza de determinadas áreas. A situação muitas vezes sai do controle.
De acordo com Aihara, a condição crítica já era esperada pela corporação no início do ano. Por volta de fevereiro, os bombeiros projetavam período de estiagem maior. Para isso, o CBMMG tentou se antecipar para evitar tragédias. “Desde o início de fevereiro, a gente está com a Operação Alerta Verde. O objetivo é mapear quais são os pontos mais críticos no estado, e o desenvolvimento de ações preventivas. Nos parques estaduais, por exemplo, fizemos aceiros, treinamento de brigadas e qualificação dos órgãos parceiros", detalha o tenente.
De acordo com Aihara, a condição crítica já era esperada pela corporação no início do ano. Por volta de fevereiro, os bombeiros projetavam período de estiagem maior. Para isso, o CBMMG tentou se antecipar para evitar tragédias. “Desde o início de fevereiro, a gente está com a Operação Alerta Verde. O objetivo é mapear quais são os pontos mais críticos no estado, e o desenvolvimento de ações preventivas. Nos parques estaduais, por exemplo, fizemos aceiros, treinamento de brigadas e qualificação dos órgãos parceiros", detalha o tenente.
Além disso, segundo ele, houve um trabalho dos bombeiros junto às prefeituras. "A ideia era monitorar aqueles lotes que não estão em condições adequadas de manutenção. Manter os lotes capinados é uma obrigação dos proprietários, conforme o Código de Posturas. Então, fazemos um monitoramento de perto de todas as grandes ocorrências”, diz o militar.
Esperança
Com a chegada da primavera ontem, as chuvas devem finalmente cair em Minas Gerais em breve. Com elas, a umidade relativa do ar sobe um pouco e diminui a seca, o que torna a vegetação ligeiramente menos vulnerável. Ainda assim, a pluviosidade deve ficar aquém do esperado nessas primeiras semanas do período chuvoso. “Existe uma previsão de chuvas, embora seja uma previsão tímida. Muito longe de resolver o problema. Mas, chovendo, pelo menos a gente consegue ter uma umidade maior. Uma vegetação um pouco menos seca”, avalia o militar.
Média acima de 57% nas áreas florestais
Responsável pelo combate de incêndios em unidades de conservação, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), ligado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), também contabiliza alto número de ocorrências neste ano. A média histórica entre 2013 e 2020 é de 428 registros. Em 2021, até a segunda-feira, foram 674 – uma diferença 57,4% superior.
Quanto à área atingida, os dados também assustam. A média histórica é de 8.793,59 hectares (ha) – 24ha por dia – consumidos nas partes internas das unidades de conservação. Até 15 de setembro, 2021 indica 6.330,62ha queimados (24,6ha/dia). Na mesma toada, no entorno dessas reservas florestais, a área destruída pelo fogo neste ano já superou a mediana: 8.242,4 hectares, contra 6.937,15ha.
No balanço mês a mês deste ano, setembro registra o recorde de ocorrências: 199 até o dia 20. Em área queimada, no entanto, julho tem a triste liderança: 5.445,32ha de reservas florestais que desapareceram queimados.
De pequenos registros a mata devorada
Num dos tantos episódios mais recentes, na terça-feira, os bombeiros combateram um incêndio no Bairro Cidade Jardim Taquaril, no Leste de Belo Horizonte. As chamas persistiram até por volta das 20h10. Até mesmo um helicóptero foi deslocado ao local. O fogo ficou concentrado na Avenida Country Clube de Belo Horizonte, nas proximidades dos bairros Castanheiras e Pirineus. As chamas se alastraram rapidamente pela vegetação e chegaram perto de quatro casas.
Cinco viaturas foram enviadas ao local. Moradores tiveram de deixar suas residências para evitar o risco de queimaduras. Como em outras situações, a corporação ficou em alerta para o risco de uma possível reativação dos focos.
Também houve registro de ocorrências em outras regiões de Minas Gerais. No Parque Estadual Pico do Itambé, entre as cidades de Serro e Santo Antônio do Itambé, na parte Central do estado, um incêndio persiste há três dias. Bombeiros e brigadistas estavam ainda ontem no local.
No Km 233 da BR-462, em Santa Juliana, no Alto Paranaíba, os bombeiros de Araxá apagaram um incêndio que consumiu cerca de 300 hectares de vegetação. O combate durou cerca de 3h30min e somou esforços de funcionários de uma fazenda, além do apoio de uma aeronave agrícola.
Já em Manhuaçu, na Zona da Mata, os militares apagaram diversos focos isolados durante toda a madrugada de ontem. Nenhuma casa foi danificada, mas os moradores foram orientados a acionar os bombeiros em caso de novos incêndios.