O cenário atual de sujeira, descaso e poluição contrasta com a “vida normal” no passado, onde havia uma fauna e disputa de esportes aquáticos. Aqueles que tem hoje mais de 70 anos certamente se lembram do tempo em que a Lagoa da Pampulha era limpa e era mais que um ponto turístico da capital.
A revitalização do local está em discussão, por meio de parceria entre as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem e a Copasa. Eles se reuniram para identificar medidas para uma solução definitiva para a limpeza do ponto turístico de Belo Horizonte.
O local corre o risco de perder o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Hoje, há pelo menos 9,8 mil imóveis sem interligação com a rede de esgoto – 79% deles ficam na cidade da Grande BH e outros 21% na capital - que despejam os desejos no local.
Nos anos 1950, quando a capital contava com pouco mais de 350 mil habitantes, era comum os jovens se reunir à tarde para praticar esportes náuticos, passeios de esquis, canoas, barcos a vela e barcos a remo, além de guiarem lanchas e iates. Nessa época, os moradores também aproveitavam para pescar e fazer piqueniques às margens da lagoa.
A lagoa já recebeu competições de torneios da cidade e internacionais, como o Festival Internacional de Remo e os Jogos Universitários Brasileiros.
Segundo publicações da época, a pesca era um hábito quase comum dos belo-horizontinos, que vinham dos bairros mais tradicionais para aproveitar o local, considerada uma roça. Muitos aproveitavam a água limpa para nadar.
Foi nessa época que se popularizou os clubes de lazer no local. “O Pampulha Esporte Clube funcionou até a década de 1950, tendo encerrado as suas atividades após o rompimento da barragem, em 1954. Os demais clubes logo encerraram também suas atividades de remo por falta de local para a prática. Após a recuperação da barragem e a reinauguração da Lagoa da Pampulha, em 31 de janeiro de 1958, a Federação Universitária Mineira de Esportes estabeleceu uma garagem de barcos na orla da lagoa. Alguns barcos dos antigos clubes foram transferidos para lá, possibilitando, assim, a continuidade da prática do esporte”, contou Augustus Ligório, presidente do Clube Regatas Afonso Ligório, ao jornal "Ouro Preto em Foco", em setembro de 2015.
Além dos esportes náuticos, a Lagoa da Pampulha sediou corridas de carros de 1940 a 1970. Em 1949, uma prova bem famosa foi organizada pelo Automóvel Clube do Brasil, com suporte e apoio da prefeitura.
O evento contou com grandes pilotos da época: Chico Landi, vencedor dessa prova e ganhador do GP de Bari; Manuel de Teffé, com sua Targa Florio; Carlo Pintacuda da Alfa-Romeo; e Alberto Ascari, campeão italiano com sua Maserati.
Em 1970, a lagoa abrigou também as 500 milhas da Pampulha, que reuniu cerca de 150 mil pessoas em uma cidade que tinha cerca de 1 milhão de habitantes.