O advogado da família da psicóloga Marilda Matias, que foi encontrada morta dentro do porta-malas do próprio carro em Pouso Alegre, no Sul de Minas, diz não acreditar que ela tenha sido vítima de homicídio. Após ter acesso ao inquérito policial na quinta-feira (23/9), Fábio Costa afirmou que a suspeita é que a psicóloga tenha tirado a própria vida.
O corpo de Marilda foi encontrado pelo marido no porta-malas do carro da vítima, que estava estacionado na garagem de casa. De acordo com a Polícia Civil, a psicóloga estava como os pés e as mãos amarradas. Porém, o inquérito aponta que a vítima pode ter sido amarrada sozinha.
“No laudo preliminar consta algumas escoriações no pulso e no tornozelo, mas isso é em virtude das amarras. Mas o corpo não tinha sinais de violência. Não tem nada que indica que esse corpo tenha sido manipulado. Não são amarras que ela mesma não pudesse ter feito sozinha”, afirma o advogado da família.
Ainda segundo Fábio Costa, o inquérito traz documentações de internações anteriores da Marilda, o que revela que ela tinha um histórico depressivo. “São documentações que foram juntadas, que o marido deve ter fornecido para a polícia, pra comprovar todo esse histórico depressivo que ela tinha. Pela linha de investigação que está sendo adotada no inquérito policial, há sim uma grande chance de ser dito como um suicídio mesmo”, afirma.
Além disso, o advogado contou que ela fez uso de medicamentos, tomou bebida alcoólica, e que isso pode ter potencializado os medicamentos.
Não há indícios de homicídio
Um dos suspeitos pela morte de Marilda, de acordo com a opinião pública, era o marido da vítima. Porém, a Polícia Civil informou que tudo o que ele disse no depoimento foi checado e confirmado. Além disso, segundo o advogado da família, no inquérito não há indícios de que Marilda tenha sido agredida, e por isso não há evidências que ela tenha sido vítima de homicídio.
“É normal em crimes dessa natureza a suspeita recair sobre marido. Mas o depoimento dele é bem extenso, bem detalhado. Ele disse onde estava, nos horários em que estava. Isso tudo, posteriormente, foi confirmado pela polícia. Ele foi atrás, em um hotel, de umas câmaras. Tudo isso para colaborar. Então, pela experiência que nós temos, quem comete esse tipo de crime não vai ser tão solicito assim, como foi”, explica Fábio Costa.
Nessa semana, o caso completou um mês, e segue sem repostas. A causa da morte ainda é desconhecida. A Polícia Civil informou que aguarda o resultado de exames toxicológicos, feitos no IML em Belo Horizonte. Contudo, ainda não há previsão de quando o resultado ficará pronto.
Relembre o caso
A psicóloga Marilda Matias Ferreira dos Santos, de 37 anos, foi encontrada morta dentro do porta-malas do próprio carro no dia 22 de agosto, em Pouso Alegre. O veículo estava estacionado na garagem da casa Quem encontrou o corpo e chamou a polícia foi o marido da vítima, um médico veterinário de 62 anos.
De acordo com a Polícia Civil, Marilda estava como os pés e as mãos amarradas, com roupa e capacete de ciclismo, e sem sinais de violência. Na casa onde ela morava também não havia indícios de arrombamento.
O corpo da psicóloga foi enterrado em Bauru (SP), cidade natal da vítima e onde mora a família.
Depoimento do marido
Em depoimento prestado à polícia, o marido da vítima disse que estava trabalhando no dia 21 de agosto, em uma fazenda em Careaçu, quando recebeu uma mensagem da esposa dizendo que iria pegar uma bike speed emprestada com um amigo para pedalar até Borda da Mata.
Mais tarde, quando chegou em casa, ele não encontrou a esposa e achou que ela ainda não teria chegado do passeio. Pouco tempo depois, como a esposa não apareceu, ele começou a procurá-la em hospitais e delegacia, mas não teve notícias.
O homem ainda relatou que ficou a noite preocupado, já que os pertences da vítima estavam em casa, como celular, bolsa e outros objetos. Na manhã do dia seguinte, o marido resolveu abrir o carro da esposa, que estava na garagem de casa, e encontrou Marilda sem vida no porta-malas.
No dia 29 de agosto, o delegado regional, Renato Gavião afirmou que nenhuma hipótese foi descartada. “A vítima foi localizada sem nenhum sinal de violência, nenhum sinal de arranhão, nenhum sinal de injeção ou qualquer coisa do tipo. Então, hoje a Polícia Civil trabalha com todas as hipóteses. Não podemos falar em crime de homicídio, não podemos falar em suicídio até a conclusão da investigação,” disse o delegado.
Família não acredita em suicídio
A mãe da psicóloga Marilda, Luzia Matias, disse que não acredita que a filha tenha tirado a própria vida. A mãe relatou que Marilda era cheia de vida e muito querida por todos.
No entanto, Luzia também confirmou que a filha não estava feliz no Sul de Minas e queria voltar a morar com ela em Bauru, no interior de São Paulo.
“A família tinha ciência que ela [Marilda] estava passando por problemas, mas ainda não acredita que ela tenha tirado a própria vida. A mãe está muito mal”, afirma o advogado Fábio Costa.
(Gabriella Starneck / Especial para o EM)