A morte do segurança Edson Carlos Ribeiro, de 42 anos, tem gerado comoção e indignação. Ele foi morto na noite de sábado (25/9) enquanto trabalhava em uma festa no parque de exposições de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, com um soco.
Seguranças protestaram na porta da delegacia regional na tarde desta segunda-feira (27/9) pedindo por Justiça. Ainda na noite de ontem, integrantes do Movimento Negro de Divinópolis (Mundi), o Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial também protestaram em frente à loja do suspeito, no bairro Bom Pastor.
A suspeita é que o empresário Pedro Lacerda, de 32 anos, tenha agredido a vítima com um soco-inglês. Após ter tentado entrar no camarote sem autorização, a vítima o teria advertido. Insatisfeito, o suspeito o atingiu com um soco.
A versão foi confirmada por testemunhas à Polícia Civil que tipificou o crime como lesão corporal seguida de morte. Lacerda está preso preventivamente no presídio Floramar e nega o crime.
Manifestação
Ao protestarem na porta da loja, com cartazes afixados nas grades, os manifestantes entoavam o lema "vidas negras importam".
“Estamos atentos à toda prática racista, ao racismo estrutural. Com o que aconteceu nós teríamos que ir para as ruas sinalizando que não vamos desistir enquanto a Justiça não acontecer. Foi mesmo um assassinato”, afirmou a ativista e membro do Conselho, Maria Catarina Vale.
“Vamos cobrar para que realmente seja feita Justiça. Ela não pode ser só para o branco. Se fosse um negro, com certeza não teria condições nem de pagar fiança. O negro sempre está sob o rigor da lei e o branco consegue se desvencilhar”, comentou o presidente do Mundi, Adjanir Silva.
Os movimentos, a partir de agora, vão se organizar para dar apoio assistencial e jurídico à família de Edson.
Na internet, uma vaquinha on-line arrecadou até às 17h de hoje R$12.935,47. A meta é R$30 mil. O dinheiro será destinado à família da vítima. Edson deixou a esposa e uma filha de 12 anos.
Lideranças políticas lamentam
O prefeito Gleidson Azevedo (PSC) lamentou o ocorrido. "O Executivo, que não é Judiciário para julgar, está de luto. Um pai de família no seu trabalho, independente da raça, foi morto pela ignorância humana. Que a população não leve mais um soco na cara e que o assassino pague pelo crime sem fiança. Meus sentimentos à todos os familiares", postou.
A vereadora Lohanna França (Cidadania) participou do protesto. Pelas redes sociais, ela tentou mobilizar a população. "O vida negras importam precisa sair da internet. Justiça por Edson".
O presidente da Câmara de Divinópolis, e também organizador de eventos, Eduardo Print Jr. (PSDB) publicou: "Minha indignação é pelo pai, pelo trabalhador, pela família do Edson. Antes de vereador, sou cidadão e produtor de eventos. Sei o quanto os seguranças se doam nos seus trabalhos. Saem de casa na incerteza de um dia tranquilo de trabalho. Desta vez, o Edson, de apenas 42 anos e com um legado na família, saiu para buscar o sustento e não voltou".
A morte do segurança também gerou indignação entre os internautas.
“A morte do Edson foi um crime incentivado por uma sociedade racista. Solidariedade a sua família que além da perda, tem sido obrigada a lidar com comentários ignorantes e igualmente criminosos em Divinópolis”, postou uma internauta.
Na contramão
Uma página em apoio ao suspeito foi criado no Instagram. Na bio, os administradores descrevem a página como “um perfil criado por amigos para desmistificar e esclarecer alguns fatos falsos que estão sendo divulgados”.
Na contramão do depoimento do empresário, que nega a agressão, o perfil fala em “atitude explosiva” que o suspeito teria tomado na noite do crime. Diz não querer “passar pano” e que o objetivo é desmentir as informações falsas com a intenção de agravar o caso.
*Amanda Quintiliano especial para o EM