Seis suspeitos de integrar um grupo criminoso voltado para o tráfico de drogas no Bairro Novo das Indústrias, em Belo Horizonte, e de participação em um homicídio, nas idades entre 19 e 37 anos, foram presos nesta quinta-feira (30/9) por policiais do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), dentro da Operação 'Quinto Mandamento'. Ao todo, 10 pessoas já estão presas.
Esta foi a quarta etapa da operação e, segundo o delegado Alexandre Fonseca, que comanda as investigações, os seis presos são suspeitos de envolvimento no homicídio ocorrido em 25 de maio de 2021, no Beco da Paz, Via do Minério. Entre eles, está o irmão do principal líder da organização criminosa.
O crime consistiu no assassinato, a tiros, facadas, socos e pontapés, de um homem de 34 anos. O delegado conta que o líder do grupo criminoso foi preso há cinco meses, em Buritizeiro, no Norte de Minas.
Segundo as investigações, ele teria ordenado a morte da vítima por causa de um desentendimento na venda de drogas no Bairro Novo das Indústrias. “É um indivíduo extremamente perigoso. Mesmo preso, ele ainda é temido na comunidade. Ele é autor de homicídios no aglomerado desde 2003, quando era menor de idade. Pela minha delegacia, esse vai ser o 10º indiciamento dele por homicídio. É um indivíduo com somatória de penas que ultrapassa 100 anos”.
Durante essa quarta fase da 'Quinto Mandamento', foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão na casa de um dos integrantes do grupo. No local foi encontrado um tablete de crack, além de vários outros pedaços. O delegado afirma ainda que o material apreendido corrobora com a motivação do crime e reafirma também o crime de extorsão.
Durante a investida a uma residência, os policiais encontraram uma carta que o suspeito teria escrito para sua mãe. Nela, existem informações de que ele pretendia largar o crime, e pedia desculpas à mãe. A polícia suspeita de que a vítima pretendia arrendar a boca de fumo.
O assassinato
A vítima exercia a função que no mundo das drogas é conhecida como “gerente de pista”, ou seja, era o responsável por recolher o dinheiro da venda de drogas e fazer a contabilidade.
Em outubro de 2020, a Polícia Militar apreendeu grande quantidade de drogas na casa da vítima. Por este motivo, foi cobrado pelo chefe da quadrilha o pagamento dessa dívida, estimada em R$ 4 mil. Como garantia, integrantes da organização criminosa tomaram-lhe a moto.
Para pagar a dívida, a vítima adquiriu drogas em nome do chefe do tráfico e em quantidade superior à usualmente operada por ele, mas não conseguiu pagar o débito. O fornecedor cobrou a dívida do chefe do grupo e de seu irmão. Foi quando decidiu-se pela morte do “gerente de pista”.
Os policiais descobriram, também, que a vítima tinha desavenças com outros integrantes da quadrilha, e estes foram incumbidos da execução do crime. A vítima foi atraída para uma emboscada, no Beco da Paz, em frente à casa dos matadores.
Ele foi executado com um tiro, seguido de esfaqueamento e agressões físicas, cometidas por todos os envolvidos. Um dos suspeitos, irmão do chefe do tráfico, figurou como mandante intermediário da ação.
A seguir, um dos envolvidos passou a extorquir a mãe da vítima para que essa lhe pagasse a dívida contraída pelo filho, de R$ 20 mil. “Logo após a morte, foram encontradas na residência anotações, que serviram para esclarecer a motivação e até mesmo a autoria do crime. Essas anotações faziam referência ao chefe do tráfico e ao irmão deste”, diz o delegado, que afirma, ainda, que o assassinato foi cometido com crueldade.